Imagine Um Amor incondicional de que se possa depender com toda confiança. Imagine ser querido imensuravelmente sem, no entanto, ficar sob domínio pessoal. É dessa forma que Deus ama o homem, Seu filho amado e espiritual que é o ser de cada um de nós. Na Bíblia, João coloca o amor nessa base mais elevada e diz: "E nós conhecemos e cremos o amor que Deus nos tem. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele."
Ora, esse Amor, que é Deus, não é apenas presença total, é poder total. É o Princípio divino de toda existência. Quando aceitamos em nosso pensamento esses conceitos espirituais e oramos com eles, somos capazes de rejeitar os conceitos limitados e adulterados de amor. Nossa vida adquire um pendor mais espiritual, torna-se mais útil e traz maior satisfação. Não resta dúvida de que deixar que o Amor dirija nossos pensamentos e ações leva à cura. Nosso pensamento muda, não mais tentando tirar vantagem do amor ("Como faço para que outros me amem mais?") em troca do empenho em expressar mais ativamente o amor de Deus. Isso acontece ao compreendermos que somos filhos de Deus, de todo espirituais e inseparáveis dEle.
De fato, o Amor está sempre presente, cuidando de nós e nos confortando. "Deus apenas aguarda que o homem dê provas de mérito, a fim de realçar os meios e os recursos de Sua graça," escreveu certa vez a Sra. Eddy numa carta a uma igreja da Ciência Cristã (ver Miscellaneous Writings). Não é que nós façamos uso do Amor, mas sim que cedemos à presença do Amor, que está sempre ao nosso alcance. De fato, somos a expressão da ternura do Amor.
Durante uma caminhada matinal, a poderosa presença do Amor se me tornou mais evidente. Sob o fardo de problemas não resolvidos e pesadas responsabilidades, pus-me a andar com um propósito em mente. Orei: "Pai, o que preciso compreender melhor a fim de sentir tua presença e teu governo?" Com toda a clareza e muita simplicidade, veio a resposta: "Deixe o Amor."
Deixe que o Amor faça o quê? indaguei. Contudo, examinei a fundo a resposta recebida. Primeiro: Deixe que o Amor entre, pensei. Você está tão ocupada controlando as coisas, que não está deixando o Amor divino manifestar-se em todo seu poder. Esse raciocínio levou-me a ver que o Amor está sempre a inspirar, purificar, governar e dirigir o homem. Não existe lugar na presença do Amor para o medo, o desânimo, a carência, a dúvida. O Amor ordena, desenvolve e dirige.
Lembrei-me da "Oração diária", no Manual d'A Igreja Mãe, de autoria da Sra. Eddy. É digno de nota a maneira como a idéia de deixar que o Amor se estabeleça está presente nessa oração. " 'Venha o Teu reino'; estabeleçase em mim o reino da Verdade, da Vida e do Amor divinos, eliminando de mim todo pecado; e que a Tua Palavra enriqueça as afeições de toda a humanidade, e a governe!"
Um significado da palavra deixar é desprender-se. Isso se aplicava bem à minha situação. Ao perceber esse ponto, dei-me conta de que o governo harmonioso do Amor já está estabelecido sobre tudo. A mim me competia dar testemunho do governo do Amor, da sabedoria divina. Eu precisava confiar no Amor, abandonar o sentido restritivo e amedrontado de responsabilidade pessoal, enfim, deixar que o Amor governasse.
Foi assim levantado o fardo que me pesava nos ombros. Eu estava livre. Sim, ainda era preciso tomar muitas decisões, enfrentar responsabilidades e havia uma montanha de trabalho a fazer, mas agora eu não estava mais tentando controlar a situação ou utilizar o poder de Deus para me ajudar. Eu estava cedendo à presença e ao poder totais do Amor divino. Surgiram soluções inteligentes para cada situação, no decorrer da semana seguinte, à medida que eu continuava a deixar que o Amor dirigisse meu pensamento, a deixar que o Amor se expressasse.
Deixar que o Amor atue dessa forma não significa passividade. Requer algo de nós. Torna-se necessário subjugar o ego humano, o pequeno "eu" que argumenta sem parar em prol de sua própria auto-importância egoísta e suas opiniões. Torna-se necessária a rendição voluntária do desejo ou da tendência de circunscrever ou limitar o amor. Quem somos nós para decidir quem merece e quem não merece receber amor? Desejamos ser donos dos afetos de outra pessoa? Ou, no outro extremo, pensamos que o amor seja tão difícil de controlar e tão indigno de confiança, a ponto de nada desejarmos ter com ele?
O amor que é a expressão do divino não manipula nem é manipulado. Cristo Jesus provou sem sombra de dúvida que cada homem, mulher e criança é sempre digno de receber amor. Cada pessoa é, em realidade, a idéia ou o descendente do Amor. O Amor divino é incondicional e desprendido. É natural ao homem amar e ser amado.
Ao desenvolvermos nossa compreensão da natureza autêntica do Amor, cultivamos a aptidão de deixar que o Amor se expresse em tudo o que fazemos. Mediante a oração que busca a orientação de Deus, estaremos no lugar certo, diremos a coisa certa e estaremos dispostos a ajudar outros seres humanos a sentir e saber que Deus é Amor.
Ninguém no universo de Deus, no universo do Amor, está fora de Seu amor. Diante de Deus, ninguém é indigno de ser amado.
Podemos conhecer esse Amor, dele depender e por ele ser abençoados. Deixemos que o Amor divino guie e governe nossa vida. Que alegria e liberdade, que estabilidade e realização resultam de uma melhor compreensão de Deus como sendo Amor e do homem como expressão do Amor!
