A Pessoa Disciplinada é aquela que faz o que precisa ser feito quando é preciso fazê-lo. A pessoa disciplinada é aquela que aproveita os momentos.... A pessoa disciplinada é uma pessoa livre.” Essas palavras chamaram minha atenção. São de Richard J. Foster e estão num livro chamado Reasons to Be Glad. Usado com autorização do editor, World Wide Publications.
Muitos de nós desejamos fazer mais coisas todos os dias, mas há tantas exigências ao nosso tempo, que às vezes até parece impossível fazer caber tudo nas vinte e quatro horas do dia. No entanto, todos conhecemos pessoas que conseguem cumprir seus deveres profissionais, ter tempo suficiente para a família e os amigos e até encontrar oportunidades para servir em suas respectivas igrejas e comunidades. Como conseguem fazer tudo isso?
Pode ser que seja uma questão de ordenar as prioridades corretamente e aproveitar “os momentos”, não deixando as coisas para o dia seguinte. A disciplina e a ordem estruturam o viver diário e dão lugar a uma harmoniosa interação na vida familiar e nos afazeres profissionais. Tal autodisciplina tem de começar no pensamento, evidenciandose depois nas minúcias do viver diário. Afeta a forma como arrumamos as crianças para irem à escola, nossa pontualidade no cumprimento de nossos compromissos e prazos, nossa prontidão em responder cartas e pagar contas.
Cristo Jesus não viveu numa época de computadores e prazos, mas as exigências ao seu tempo eram bem mais urgentes do que as feitas ao nosso. No entanto, sua vida foi o exemplo supremo de disciplina espiritual interior. Ele se dava, abnegada e inteiramente, a qualquer tarefa que se apresentasse. Como estava sempre consciente de sua união com Deus e do amor e da presença de Deus, foi capaz de atender, com compaixão e perfeição, a todas as exigências que lhe eram feitas.
Quer fosse solicitado a curar um homem paralítico, libertar alguém da cegueira, responder ao toque de uma mulher sofredora em meio à multidão e curá-la, ou ensinar e alimentar milhares de pessoas, Jesus sempre estava disposto e era capaz de atender a essas exigências. Ele ensinou seus discípulos, pregou nas sinagogas e ainda teve tempo para dedicar às crianças e amigos.
Os dias do Mestre eram, sem dúvida, cheios; muitas vezes iniciavam-se antes do nascer do sol e, no entanto, sua vida não era circunscrita pelo tique-taque do relógio. Era medida por seu amor aos outros. Qual era o segredo da capacidade inigualável de Jesus? Não seria que ele estava sempre consciente de nada fazer por si mesmo, mas de ser o representante de Deus, Seu amado filho? Jesus agia sempre em harmonia com seu Pai e de acordo com o Cristo, sua natureza divina.
O Evangelho de João registra o Mestre dizendo ao povo: “O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai ... porque o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz.” Jesus ensinou a seus discípulos que a obediência a Deus, o amoroso Pai de todos, lhes daria a mesma autoridade que ele possuía para curar os doentes e pecadores por meio do Cristo, a Verdade, da qual eles davam testemunho.
As palavras discípulo e disciplina estão intimamente relacionadas. Descrevem a pessoa que segue um modo de vida e adere a um conjunto de regras ou leis que desenvolvem o autocontrole, o caráter e a eficiência que lhe proporcionam domínio. Em outras palavras, a disciplina dá às pessoas mais liberdade de ação e expressão. Isso pode ser visto no desempenho de u’a mãe sozinha que trabalha fora de casa, de um astronauta ou de quem quer que deva cumprir um horário estrito.
Da mesma forma, se quisermos ser discípulos fiéis de Cristo, podemos aprender passo a passo a dar prioridade a Deus e Suas leis, pondo as coisas do Espírito em primeiro lugar. A ação de Deus, o Espírito, não se enquadra em fragmentos de tempo criados pelo homem. O homem espiritual, a imagem, ou reflexo, de Deus, vive em liberdade na eterna presença do amor de Deus. No sentido mais profundo, reflexo é obediência; a semelhança está sempre sujeita a seu original e age de acordo com ele. Por isso, o homem, como, reflexo de Deus, só obedece à Mente divina.
Na Ciência Cristã aprendemos que as exigências de Deus são sempre no sentido de uma expressão mais ampla do Princípio, Vida e Amor. Jamais são exigências criadoras de pressão, confusão e sobrecarga. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, lemos: “Tudo o que Deus dá, move-se de acordo com Ele, refletindo bondade e poder.” O reflexo não implica esforço. Deus empossa e impele apenas bondade e amor.
Se nos sentimos pressionados, talvez necessitemos fazer uma pausa e nos perguntar a quem estamos servindo. Estamos servindo a Deus, nosso Pai amoroso, ou estamos tentando agradar a outros ou alimentando ambições? É verdade que devemos fazer com prontidão e exatidão o trabalho que nos for designado, mas nossas capacidades serão grandemente desenvolvidas quando reconhecermos, como Jesus o fez, que nada fazemos por nós mesmos, isto é, sem Deus.
Sendo o reflexo de Deus, o homem possui a habilidade de expressar a inteligência, a sabedoria e o amor divinos. Identificando a nós mesmos e a todos os outros como amados filhos de Deus, descobriremos que podemos aproveitar os momentos e executar mais do que julgávamos possível.
