Você Está À procura de trabalho? Gostaria de trabalhar menos? Deseja uma mudança de rumo na profissão, mas se sente amarrado? Precisa encontrar trabalho, mas vive numa região onde o desemprego e o subemprego imperam? Você precisa dividir seu tempo entre os filhos e o trabalho fora de casa? Será que você tem a impressão de que na vida deve haver algo mais do que meramente “trabalhar para sobreviver?”
De certa forma, somos às vezes levados a pensar que nossa carreira profissional define quem somos. Qual é o conceito que temos de nós mesmos, ou o que os outros pensam de nós, quando perdemos o emprego? Ou então, quando nosso trabalho nada tem a ver com nossos talentos e habilidades?
Cristo Jesus, a quem os cristãos chamam de Guia, certa vez assim definiu sua carreira: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” Mesmo quando era criança, Jesus já se ocupava dos assuntos de seu Pai. Essa perspectiva do trabalho, tão indissoluvelmente ligada a um propósito espiritual, é de fato importante para nossa carreira? Ou trata-se de um ponto de vista apropriado para uns poucos santos “espiritualizados”, e não para os milhões de indivíduos que vivem e trabalham neste final de século?
Recentemente, conversamos com vários Cientistas Cristãos que exercem as mais variadas atividades. Perguntamos a cada um se um ponto de vista espiritual sobre a atividade profissional aplica-se, também, às “pessoas comuns” que lutam para conciliar seus desejos e talentos com contas a pagar, desemprego, necessidades da família, economia instável. Todos responderam, em essência, que sim. A seguir verificaremos porquê.
“QUANDO RECEBI O AVISO DE DEMISSÃO”
Nada Havia Me preparado para o impacto de ficar desempregado. Como fizera com as demais decisões importantes que tomara na vida, eu havia orado por aquele emprego. Ao aceitá-lo havia percebido, de maneira intensa, o sentido prático do cuidado de Deus e o acerto de Sua provisão. Creio, no entanto, que, no decorrer dos vários anos na mesma organização, essa convicção tornara-se um tanto teórica, pois quando recebi o aviso de demissão, preocupações, que estavam até então latentes, emergiram.
Os meses que transcorreram entre um emprego e outro não foram de férias. Eu era Primeiro Leitor em nossa igreja filial e isso me serviu de lembrete constante de que trabalhar para Deus é, de fato, uma oportunidade ininterrupta. Tratei também de compreender melhor meus motivos com relação ao trabalho e de renovar minha confiança na orientação de Deus; também procurei discernir o que Deus, a Mente divina, tinha reservado para minha carreira. Percebi mais claramente que minha razão de ser é servir a Deus e que a capacidade de cumprir esse propósito não depende de nada que não proceda dEle.
Um dos trechos de Ciência e Saúde da Sra. Eddy, que, na época, me auxiliou muito, é o seguinte: “Deus não está separado da sabedoria que Ele confere. Precisamos desenvolver os talentos que Ele nos dá.” Até então eu trabalhara como redator e escritor. Ocorreu-me usar minha capacidade de escrever, trabalhando como autônomo. À medida que a idéia tomou corpo, lembrei-me de entrar em contato com uma amiga que publica uma revista e que, com freqüência, contrata escritores autônomos para escreverem artigos. Quando falei com ela, fiquei sabendo que necessitava urgentemente de um artigo sobre determinado assunto e a pessoa que ficara de escrevê-lo havia abandonado o projeto. A pesquisa e a redação do texto deveriam ser concluídas num prazo de tempo muito limitado, pois o artigo teria de ser publicado no número seguinte da revista. Compreendi que essa era uma oportunidade de ajudar. Quando ela me ofereceu o trabalho, aceitei-o de imediato e completei-o rapidamente.
No espaço de cinco meses em que orei e procurei emprego, fui entrevistado para uma única vaga. Na entrevista inicial, informaram-me de que aproximadamente quatrocentas pessoas haviam respondido ao anúncio do jornal. Eu era um dos seis selecionados para ser entrevistado. Tornou-se claro, durante a entrevista, que o artigo que eu escrevera para a revista de minha amiga fora o motivo principal de eu ser considerado apto para o emprego. Eu jamais poderia ter previsto ou planejado isso.
Quando fui chamado para uma nova entrevista, disseram-me que eu era um dos dois candidatos finalistas. O trabalho incluía a responsabilidade de editar uma revista e eu esperava, antes de voltar lá pela segunda vez, poder estudar cuidadosamente dois exemplares da revista e outro material sobre a empresa, que me haviam dado. Além do mais, precisava escolher os trechos para serem lidos na reunião de quarta-feira na igreja.
Quando minha esposa adoeceu e pediu-me para tratá-la por meio da oração, tive vontade de dizer-lhe que pedisse ajuda a outra pessoa. No entanto, logo compreendi que, se meu verdadeiro propósito era servir a Deus, eu não poderia permitir que nada se tornasse mais importante do que a cura pelo Cristo. Dediquei-me inteiramente a preparar a reunião de quarta-feira e a orar por minha esposa. Ela recuperou-se rapidamente e a reunião foi muito inspirativa.
A entrevista estava marcada para a manhã seguinte. Rapidamente analisei o material sobre a revista e a empresa, mas na verdade orei a maior parte do tempo em que estive acordado entre a reunião de testemunhos e a entrevista.
O que me deixou mais grato, quando se confirmou que eu havia sido escolhido para o emprego, foi aquilo que eu havia percebido da mão divina em ação na vida de cada um. Ao ser receptivo ao que a oração me indicava, vi o medo ser substituído pela evidência prática do cuidado de Deus. A oração que traz à luz essa providência divina não é privilégio de uns poucos escolhidos. Está ao alcance de todos.
NÃO SOMOS MEROS “MORTAIS SUJEITOS ÀS TENDÊNCIAS PREDOMINANTES DO MERCADO DE TRABALHO”
No Final Da adolescência, eu tinha dificuldade de conseguir emprego, a não ser trabalhos de meio expediente extremamente mal remunerados. Eu tinha um desejo muito grande de economizar dinheiro para poder estudar. Como as perspectivas em minha cidade eram desanimadoras, decidi mudar-me para uma cidade maior, pensando que lá seria mais fácil encontrar bons empregos.
Nas duas primeiras semanas, candidatei-me a todo tipo de emprego que conseguia imaginar, mas não obtive nada. Eu havia freqüentado a Escola Dominical da Ciência Cristã durante muitos anos e lembrei-me, então, de orar sobre a situação. Em vez de passar o dia inteiro procurando emprego, decidi passar a primeira parte do dia estudando numa Sala de Leitura da Ciência Cristã. Apesar de haver sido criado numa família de Cientistas Cristãos, de sentir um grande amor pela Ciência Cristã e de ser grato pelas curas que havia obtido por meio da confiança que minha família depositava na oração, essa era a primeira vez que eu estudava profunda e diariamente a Bíblia e o livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a chave das Escrituras.
Em poucos dias, já notei que estava mudando profundamente. Comecei a ver-me de um ponto de vista diferente, não mais como um mortal vulnerável às tendências predominantes da economia e do trabalho, tendo, ou não, determinadas aptidões. Tive um melhor vislumbre do que a Bíblia quer dizer quando descreve a Deus como Amor, como a própria Vida do homem, o provedor de todo o bem, aquele que nos outorga a dádiva de nosso sagrado propósito e utilidade.
Apercebi-me, também, de que estava perdendo o medo de não encontrar emprego. Logo depois disso, ofereceram-me trabalho. Se este tivesse aparecido algumas semanas antes, talvez o tivesse aceito com sofreguidão. O cargo, no entanto, me forçaria a trabalhar aos domingos pela manhã, o que significava não assistir à Escola Dominical. Orei da melhor maneira que sabia, para ser guiado a tomar a decisão correta. Compreendi que, se conseguisse deixar de lado o medo e a vontade humana, poderia confiar em que seria guiado pela Mente divina, Deus, a quem estava aprendendo a conhecer como a única Mente, a verdadeira inteligência. Decidi não aceitar o emprego.
Alguns dias mais tarde, quando estava novamente estudando na Sala de Leitura, ocorreu-me ir a uma instituição que tinha sido minha primeira escolha de trabalho. Quando pela primeira vez entrara em contato com a agência de empregos encarregada de recrutar pessoal para essa organização, fora informado de que seria inútil ir até lá porque não havia vagas e tampouco haveria num futuro próximo. Essa informação fora repetida quando os contatara novamente em duas ocasiões posteriores. Mesmo assim, tomei o ônibus até a instituição, que se localizava fora da cidade e juntei-me a um grupo que visitava o local. No decorrer da visita, comecei a falar com uma funcionária e disse-lhe que gostaria muito de trabalhar lá. Ainda me lembro de como ela se deteve por um momento, para a seguir dizer que eu era justamente o tipo de pessoa que eles gostariam de empregar. Disse-me que uma vaga, de caráter temporário, iria se abrir dentro de duas semanas e que, se eu me interessasse, eles nem iriam anunciá-la. Aceitei de imediato a oferta.
Foi muito agradável trabalhar lá. Comecei justamente quando o verão estava extraordinariamente quente e era muito bom poder sair do calor da cidade. Eu trabalhava pela manhã e depois tinha um longo intervalo de almoço, antes do turno da tarde. Até hoje, vinte anos depois, tenho agradáveis lembranças daqueles momentos tranqüilos de oração e estudo sob a sombra, num belo jardim. Quando o trabalho chegou ao fim, eu havia ganho o suficiente para sustentar-me e havia, também, economizado a quantia necessária para pagar meus estudos.
Daí por diante tive inúmeros empregos gratificantes. Minha compreensão do trabalho como um serviço prestado a Deus e ao homem, também se ampliou. Toda vez, porém, que penso sobre a praticidade da oração para revelar-nos o rumo que nossa carreira deve tomar, lembro-me das lições aprendidas naquele verão.
“O RESSENTIMENTO HAVIA DESAPARECIDO”
Antes Do nascimento de nosso primeiro filho, eu lecionava. A seguir, passei sete anos muito ativos em casa, cuidando de nossos dois filhos. Quando nosso filho menor estava se aproximando da idade de entrar no jardim da infância e nós estávamos pagando as prestações do financiamento de nossa casa, comecei a pensar em voltar a trabalhar, talvez algumas horas por dia.
Logo depois, mesmo antes de sair à procura de trabalho, a diretora da escola onde iria matricular meu filho perguntou-me se eu gostaria de trabalhar com eles, no ano escolar seguinte. Ela deu-me um mês para pensar.
O trabalho parecia agradável e, além do mais, eu gostava muito da professora com quem iria trabalhar. Aconteceu, porém, que comecei a passar grande parte do tempo pensando em como iria gastar esse dinheiro adicional. Além de decidir que parte do dinheiro serviria para ajudar nas despesas da casa, havia também decidido comprar novos móveis para a sala de jantar e passar as férias com a família num lugar bem agradável! O salário não era muito alto, mas as condições pareciam ideais: meu filho poderia ir à escola comigo, sua matrícula no jardim da infância seria gratuita e a escola estava localizada a apenas um quarteirão da escola de nosso filho mais velho. Assim, dentro de poucas semanas informei à diretora que aceitava o emprego.
Fiquei atônita quando ela me disse que decidira manter a vaga em aberto, pois fora informada de que uma ex-professora da escola talvez voltasse a morar na cidade. Fui cortês, mas o ressentimento que eu senti foi muito grande. A retirada da oferta de emprego me pareceu como o rompimento de um contrato não escrito. Meus planos sobre como eu gastaria o dinheiro se desfizeram e senti-me desiludida e lesada.
Para minha surpresa, a leitura dos trechos bíblicos na reunião de quarta-feira à noite em nossa igreja teve início com o seguinte versículo: “O Senhor é o meu Pastor: nada me faltará.” Foi uma terna admoestação a alertar-me de que eu não devia preocupar-me com um salário material ou com as coisas materiais que o salário talvez pudesse adquirir.
Apesar de desejar o arrependimento, eu ainda sentia uma grande dose de antagonismo, indignação e vontade humana.
Pouco tempo depois, percebi que seis verrugas haviam aparecido em minhas mãos. Quando as vi, compreendi que isso não era um mero acúmulo de matéria, mas tratava-se da evidência do ressentimento que estava fervilhando e vindo à tona para ser destruído. Não me atemorizei com a situação e decidi não pedir ajuda a um praticista da Ciência Cristã, mas sim fazer uso das ferramentas que tinha à mão, em especial, a Lição Bíblica delineada no Livrete Trimestral da Ciência Cristã. Do fundo do coração eu desejava libertar-me de desagradáveis traços de caráter e com humildade estava disposta a ouvir o caminho que Deus tinha para me mostrar.
À medida que orava, compreendia que toda a situação tinha de ser colocada nas mãos de Deus! O tema da Lição Bíblica daquela semana era “O homem” e dela fazia parte o versículo bíblico da Epístola aos Efésios que fala de despojar-se do velho homem e revestir-se do homem. Também fazia parte da lição o versículo que nos alerta para o fato de que “a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (o destaque foi acrescentado). Ainda havia um trecho de Salmos que diz: “Atentarei sabiamente ao caminho da perfeição.”
Comecei a desfazer-me do egotismo, do antagonismo e da vontade humana. As explicações que a Sra. Eddy dá sobre o homem, em Ciência e Saúde, asseguraram-me de que, como idéia do Amor, eu só podia incluir em minha consciência pensamentos amorosos e nunca pensamentos que fossem rudes. Parei de discutir mentalmente com a diretora da escola e tentar descobrir uma maneira de manipular a situação. O hino n° 134 do Hinário da Ciência Cristã serviu-me de lema:
As Tuas mãos em tudo estão,
E tudo em Tuas mãos.
Meus passos guias, ó Senhor.
Meu pranto torna-se em louvor.
Em menos de uma semana, as verrugas haviam desaparecido e minhas mãos estavam completamente lisas. Consegui, também, expressar genuína cordialidade, quando me encontrei com a diretora. O ressentimento havia desaparecido. À medida que continuei a cuidar de minha família, senti-me mais feliz com o trabalho doméstico e com o cuidado que dispensava a meus filhos. A tranqüilidade substituiu os pensamentos ansiosos que eu antes tinha a respeito de dinheiro.
O resultado dessa experiência foi que, no ano seguinte, trabalhei em outra escola, cumprindo horário de meio expediente. Esse emprego aproximou-se muito mais de meus interesses e de minha experiência anterior. Eu imprimi ao meu trabalho, naquele ano, uma compreensão muito mais segura do cuidado de Deus para com a carreira de cada um de Seus filhos.
