“ 'Não há nada que você possa dar a este homem,’ estava dizendo Arlene Englander, uma professora da Escola Pública n° 6.... Ela estava se referindo a Albert Tonner, que tem 75 anos e há seis trabalha como voluntário na escola, dando aulas de recuperação aos alunos que têm dificuldades nos estudos....
“No momento, ele atende crianças cinco dias por semana e chega a trabalhar cinco horas por dia. Ele traz livros para elas lerem, escreve tabuadas para elas estudarem. Deu canetas a todos os alunos excepcionais....
“Ele é um executivo aposentado. Quando falta um dia por motivo de doença, quer repor o tempo perdido.... [Certa vez, quando estava doente] os professores foram visitá-lo. 'Ele chorava,’ conta a Sra. Markowitz. 'Dizia: “Eu vou voltar!” Nós achávamos que ele não voltaria. Mas voltou! Faz dois anos, agora. E aceita mais alunos do que antes. Nunca encontrei alguém como o Sr. Tonner. A maioria das pessoas ... dá e pede. Esse homem nunca pede nada.’
“A Sra. Englander tem um aluno da terceira série, cujo pai morreu. Por muito tempo ele chorou todos os dias. 'Desde que o menino começou a tomar aulas com o Albert, parou de chorar’. ...
"O trabalho que ele faz não tem nada de mágico, muita repetição e muito esforço para que a criança crie mais autoconfiança. Estava ensinando a multiplicação a um menino chamado Paul.... Comprara um livro especial para ele e liam juntos....
“Durante o verão ele leva os alunos à praia....
“No final da aula, sempre dá umas palavras de incentivo, dizendo que eles podem se tornar doutores ou cientistas. E isso todos os dias. 'Você tem de ficar firme nos estudos,’ disse a um menino chamado Kerry, quando tocou o sinal....
“Emerson, um garoto salvadorenho, estava na escola havia dois meses, quando as autoridades decidiram que ele não poderia continuar, porque não tinha documentos legais para matricular-se. 'Aconteceu que o Sr. Tonner estava no escritório e viu o menino chorar,’ explicou a professora Rosemarie Luttinger. Então passou a dar aulas particulares ao menino na biblioteca pública. No final do ano letivo, o professor deu uma festa de encerramento para Emerson, na escola. 'Escrevi um discurso em inglês para ele ler às outras crianças,’ lembra o Sr. Tonner. Depois Emerson cantou uma canção em inglês.
“É por isso que quando a Sra. Greenberger viu o Sr. Tonner no final do dia, terça-feira, disse: 'Ele é um em um milhão.’ ”
Comentário da Redação: Nem sempre é fácil descrever a grandeza de um único ato heróico, muito menos falar do heroísmo diário de um trabalho abnegado.
Em dado momento, observando o Sr. Tonner, que ajudava mais uma criança a dominar a tabuada, os professores à sua volta compreenderam que estavam em presença da grandeza: “um em um milhão.” Não tanto pelo que esse professor voluntário faz em um dia em particular, mas pelo fato de sua vida mostrar como a vida tem de ser.
Lendo sobre o Sr. Tonner, lembramo-nos mais uma vez de que o senso de propósito e a realização são encontrados no serviço ao próximo. Não sabemos quais são as convicções religiosas dele, mas não podemos deixar de lembrar o ensinamento do Velho Testamento de que o homem é feito à imagem de Deus, “o defensor do órfão,” para usar uma frase dos Salmos.
Copyright © 1990 The New York Times Company. Reimpresso com permissão.
