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Qual é nossa vocação?

Da edição de abril de 1992 dO Arauto da Ciência Cristã


É Fácil Perceber por que as pessoas cujo talento, experiência ou interesses são especiais, parecem ter uma “vocação” que as distingue das outras. Qual será, porém, a base dessa singularidade? Dar-se-á o caso de cada um de nós também possuir algum tipo de distinção? Será que todos são “chamados”, ou será que o senso de missão e propósito na vida é apenas para uns poucos “eleitos”, como, por exemplo os profetas do Antigo Testamento?

Esses profetas de outrora merecem nossa admiração. Eles sabiam o que deviam fazer. Viviam seus dias com entusiasmo intenso e sincero. O poder de Deus os movia e fortalecia. Sabiam ter sido escolhidos. No entanto, talvez o exemplo dos profetas de outrora, embora vívido, não seja tão convincente nesta época moderna em que as pessoas raramente acreditam ouvir literalmente a voz de Deus. Contudo, hoje, tal como outrora, Deus fala ao coração de cada pessoa que busca Sua orientação e procura conhecer seu próprio valor.

Afastando-se radicalmente dos pontos de vista comuns referentes à vida, até mesmo à vida dita “religiosa”, a Ciência Cristã ensina que a Vida é Deus e que a Vida nunca é material mas sim, inteiramente espiritual. A verdade da criação é a de que cada indivíduo tem uma identidade espiritual eterna, como expressão da perfeição, harmonia e poder de Deus. Não nos é necessário “encontrar” essa identidade, pois nunca esteve perdida. Imprescindível é percebê-la claramente e vivê-la agora mesmo.

Compreender nossa identidade de maneira correta é, com efeito, ser semelhante a Deus. Uma vez que Ele é a Mente divina, a inteligência infinita, Deus conhece a Si mesmo completamente; não há pontos sombrios na consciência que Ele tem de Si mesmo, nenhum conflito de interesses ou de motivos. Consciente de Si e compreendendo a Si mesmo, Deus criou o homem e o universo espirituais como a expressão dEle próprio. Portanto, o homem conhece perfeitamente a Deus e conhece perfeitamente a criação divina assim como, e isso talvez seja o mais significativo, conhece perfeitamente a si mesmo. O homem genuíno nada sabe de confusão, frustração, desespero, decepção, crise de identidade, pois nada disso está contido na natureza de Deus, natureza que o homem espiritual expressa.

A criação espiritual de Deus é infinita e, por definição, o que é infinito deve incluir tudo. Até mesmo a pessoa que se crê muito insignificante é parte essencial do todo. Lemos em Isaías: “Levantai ao alto os vossos olhos, e vede. Quem criou estas cousas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelos seus nomes; por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar.” Deus conhece, compreende e ama a identidade distinta, ou nome, de cada um de Seus filhos. Ninguém foi esquecido, ninguém é inútil.

Quando o homem pensa em si mesmo ou em seu mundo a partir de um ponto de vista divino, então ele sabe quem é de fato. Quando, porém, tenta pensar a partir de uma perspectiva pessoal e limitada, encontra sérias dificuldades. Não que haja duas identidades e dois universos, um espiritual e outro humano. Somente o espiritual é verídico. O que aparenta ser o humano é apenas uma percepção falha desse universo. Enquanto se apóia nas informações dos sentidos materiais, o homem mortal continua ignorando sua verdadeira identidade, pois os sentidos materiais não a compreendem. Se lhe falta a perspectiva espiritual, o homem mortal vê só um universo material formado de pessoas e coisas materiais. Aceita esse universo no pensamento e atribui-lhe sólida realidade. Contudo, sua opinião equivocada nunca poderá fazer com que tal universo se torne real. As meras impressões jamais empolgarão aquele que discerne a realidade espiritual genuína. Nenhuma pessoa que conheça a verdade se contentará com distorções ou com meras fantasias.

Deus chama a cada um de Seus filhos. Sua voz revela nossa identidade autêntica, que nunca fica fora do alcance de Seus cuidados. Sua Palavra inevitavelmente reaviva nos corações humanos a lembrança e a compreensão da individualidade e do valor espirituais de cada um. Tal compreensão de nossa identidade espiritual constitui-se em vocação no mais puro sentido da palavra. Poderá mostrar-se como um momento de decisão, até mesmo de compulsão, tal como se deu com os antigos profetas. Poderá ser drástico, como quando alguém desperta do sono subitamente; ou poderá ser uma transformação da consciência, suave e gradativa. É, porém, totalmente inevitável. Cedo ou tarde, todos precisam despertar, e despertarão, para enxergar a visão profética de Deus e de si mesmos como os seres espirituais que de fato são.

No Glossário de Ciência e Saúde, a Sra. Eddy fala da significação espiritual de um profeta. Escreve: “PROFETA. Um vidente espiritual; desaparecimento do sentido material ante a consciência dos fatos da Verdade espiritual.” A compreensão de nosso lugar permanente e inalienável na criação de Deus, bem como uma visão profética desse lugar, transforma nosso sentido do eu. Tal compreensão realiza todo e qualquer desenvolvimento ou ajuste necessário em nossa vida, coadunando-a mais e mais com aquilo que é espiritual e eternamente verídico a nosso respeito. Como resultado, aquieta-se a ansiedade; as atividades adquirem propósito; forjam-se relacionamentos que satisfazem. O lugar estabelecido por Deus para cada um de Seus filhos é uma sólida convicção de que Deus está sempre presente e zela por nós.

Além disso, cada pessoa ocupa seu lugar na profecia bíblica. Na Bíblia, no livro do profeta Isaías, a seguinte declaração permanece tão válida hoje como o foi há séculos: “Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor; eu sou Deus.” Cada um de nós é chamado a ser testemunha de Deus, da Verdade.

Aquele que tem o senso profético de sua vocação compreende claramente que o progresso de uma pessoa não se faz às custas de outrem. E as atividades dos profetas antigos ilustram outro aspecto: a importância de uma determinada vocação não depende da fama ou da proeminência no mundo. Alguns dos profetas de Israel foram famosos em sua época; outros, não. O profeta não é uma celebridade; é, isto sim, um representante divino e expressa o Verbo de Deus ativamente, à sua própria maneira individual, como só ele pode fazer.

Pela história bíblica se constata, e as experiências hodiernas o confirmam, que não é sempre fácil a vida dos “eleitos”. Exige muitíssima abnegação e humildade e, vezes sem conta, recebe do mundo não aprovação, mas ódio. Encarar o universo criado por Deus requer a coragem de desafiar os pontos de vista convencionais, tanto os próprios como os dos outros. Exige fortaleza para seguir no caminho que não é fácil, mas é verdadeiro e justo.

Cristo Jesus nos dá o exemplo de como fazer isso. Seu ministério foi o mais excelso modelo de “vocação”: imbuído de autoridade divina, exercendo sobre os demais um impacto curativo, revestido de indizível humildade, triunfante afinal sobre toda e qualquer oposição.

De certa forma, a pessoa sente a vocação divina porque ela mesma opta por ser discípula de Cristo Jesus e se dispõe a fazer o esforço e a assumir o compromisso que tal opção acarreta. O profeta moderno, confrontando-se com situações difíceis, poderá ser tentado a dizer: “De que serve?” e desistir. A missão profética não pode, porém, ser simplesmente posta de lado. Para os que atendem ao chamado e, cedo ou tarde, até para os que temporariamente relutam, a Palavra de Deus traz o despertar espiritual e a identidade espiritual desponta na consciência.

A compreensão de Deus, de Sua criação e de nosso próprio lugar permanente nessa criação, confere-nos aquele valor consciente de que fala a Sra. Eddy quando, em mensagem À Igreja Mãe (Message to The Mother Church for 1902) diz que: “o valor consciente satisfaz o coração faminto e nada mais o pode satisfazer.” Eis a verdadeira vocação, o verdadeiro destino, da humanidade toda. Esse chamado redime e transforma nossa vida. Revela os dons imparciais, infinitos, que um Pai-Mãe amoroso propicia a cada um de nós, porque todos somos Seus preciosos filhos.

Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado;
mas uma cousa faço:
esquecendo-me das cousas que para trás ficam
e avançando para as que diante de mim estão,
prossigo para o alvo, para o prêmio
da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Todos, pois, que somos perfeitos,
tenhamos este sentimento;
e, se porventura pensais doutro modo,
tembém isto Deus vos esclarecerá.

Filipenses 3:13–15

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