É Você Uma daquelas pessoas que, além de ter outras ocupações bastante absorventes, cuida ainda de um parente ou de um amigo? Talvez porque o seguro não cobre todos os cuidados necessários e não há mais ninguém para os prestar, senão você. Provavelmente você se sente não só fisicamente exausto, como também emocionalmente esgotado. Apesar do muito amor que tem por esse ente querido, você, às vezes, sente-se irremediavelmente preso.
Conheço bem esses sentimentos: eu costumava sofrer devido a isso. Mas através de constante e humilde oração em meu estudo da Ciência Cristã, aprendi que, independentemente do quanto possam parecer pesadas nossas tarefas de assistência, quando vemos a nós próprios como servidores de Deus, as suaves corrigendas do Pai purificam-nos e fortalecem-nos. Então, pouco a pouco, tudo aquilo que precisamos fazer torna-se uma oportunidade para crescimento espiritual, em vez de ser uma tarefa frustrante.
Na Bíblia lemos: “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça. Por isso restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos para os vossos pés, para que não se extravie o que é manco, antes seja curado” (Hebreus).
Eu vinha me sentindo triste devido às minhas obrigações, por estar cuidando de outra pessoa, e com certeza não andava a seguir bem o reto caminho espiritual. Aliás, apercebi-me de que estava perdendo meu equilíbrio natural e estava me tornando rapidamente uma pessoa de quem eu não gostava nem um pouco: carrancuda, sem alegria e constantemente rabugenta.
Até que, um dia, aconteceu algo completamente à parte disso tudo, que me ajudou a regressar ao caminho correto. Um amigo me convidou a ir em seu barco ver as baleias que se alimentavam ao largo da cidade costeira onde vivíamos. Tudo o que eu desejava com esse passeio era sentir alívio de meus fardos, uma pausa, por assim dizer, numa base exclusivamente material. Em vez disso, lá ao longe, em mar aberto e sem terra à vista, meu coração ficou subitamente repleto de uma gloriosa sensação da ilimitada criação de Deus e de meu lugar nela.
Ao olhar à minha volta para o irrestrito horizonte do grandioso oceano, percebi que meus horizontes mentais não podiam ser restringidos pela visão material de outra pessoa, mas eram, isso sim, espiritualmente sem fronteiras. Foi um maravilhoso e deslumbrante momento de coincidência com a realidade divina, no qual percebi que nenhuma circunstância, independentemente das dificuldades ou exigências, poderia transformar, a mim ou a qualquer pessoa, num mortal neurastênico. Consegui ver que, como meu ser é totalmente espiritual, eu sou filho de Deus, sou a pura, perfeita e amorosa idéia que Ele criou; portanto, apenas posso pensar e agir segundo as diretivas divinas.
Isso foi para mim uma reviravolta espiritual. A paz que encheu meu coração, o reconhecimento de que o santo propósito que Deus tem para Seus amados filhos é a única coisa que os pode governar, jamais me abandonou. Desde essa experiência, nunca mais me senti demasiado sobrecarregado por cuidar de meu parente.
Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy escreve: “As salutares corrigendas por parte do Amor ajudam-nos a prosseguir na marcha para a retidão, para a paz e para a pureza, que são os marcos na Ciência. Ao contemplar as tarefas infinitas da verdade, paramos — ficamos atentos a Deus. Depois investimos para a frente, até que o pensamento sem peias caminhe embevecido e se dêem asas à concepção ilimitada para que alcance a glória divina.”
Quando alcançamos um vislumbre que seja, do que significa ficar atento a Deus, servi-Lo, descobrimos que o egocentrismo, que talvez tente obscurecer a realidade de nosso verdadeiro ser, começa a se dissipar. Com os marcos espirituais da retidão, paz e pureza servindo-nos de guia, em vez das carências humanas decorrentes do fato de estarmos prestando assistência a outrem, nunca mais nos depararemos com um fracasso após o outro. Pelo contrário: preparamos nosso coração para aceitar o mesmo glorioso conceito de vida que Jesus viveu, e descobrimos, aos poucos, que podemos realmente começar a viver nós próprios essa mesma vida.
Seria bom lembrarmo-nos de que o Mestre lavou os pés aos discípulos. Pensam vocês que ele se sentiu diminuído ou desvalorizado por tal tarefa? Custa a crer! Aliás, ele disse aos discípulos que era exatamente isso o que eles deviam fazer uns aos outros. “Eu vos dei o exemplo,” disse ele, “para que, como eu vos fiz, façais vós também.”
Portanto, meus caros bons samaritanos, rejubilemo-nos por estarmos a realizar o trabalho que Deus nos deu para fazer! Dessa forma, somos espiritualmente revigorados e sustentados, nunca limitados por visões ou condições mortais impostas por outros. Efetivamente, com o crescimento de nossa compreensão espiritual, podemos ajudar as pessoas que amamos a se libertarem daquilo que talvez considerem uma servidão sem esperança, vendo-as como na verdade são, idéias puras e livres criadas por Deus. Assim agindo, manteremos cada vez mais conscientemente nossa própria concepção ilimitada, “para que alcance a glória divina.”
E nós Conhecemos e Cremos
o amor que Deus nos tem.
Deus é amor, e aquele que permanece no amor
permanece em Deus, e Deus, nele....
Nós amamos porque ele nos amou primeiro....
Ora, temos da parte dele este mandamento,
que aquele que ama a Deus,
ame também a seu irmão.
1 João 4:16, 19, 21