Certa noite, depois do jantar, Rafael estava na cozinha no momento em que sua mãe dava algumas sobras de carne para os cachorros, Frisco e Trovão. De repente, os dois grandes perdigueiros de pêlo amarelo começaram a brigar por causa da comida. Os dois se atracaram e os dentes pareciam ranger e estalar de todos os lados.
Por um segundo, Rafael e a mãe ficaram sem saber o que fazer. A coisa era de assustar um pouco! Frisco e Trovão sempre tinham sido mansos e nunca haviam brigado. O menino e a mãe começaram a apartar os dois cães.
Rafael agarrou Trovão e mamãe agarrou Frisco. Mas antes que ela conseguisse segurá-lo bem, Frisco ainda conseguiu se lançar contra Trovão, que estava sendo puxado para trás pelo garoto. Foi assim que, sem querer, Frisco mordeu o joelho de Rafael.
O menino foi pego de surpresa mas, mesmo assim, conseguiu segurar o Trovão e ainda dar uns gritos de repreensão ao Frisco. Mamãe conseguiu empurrar Frisco para o quintal e depois puseram o outro cachorro no porão. Aí foram olhar o joelho de Rafael. Os dentes do cão haviam feito cortes profundos nos dois lados do joelho.
Eles sabiam que Frisco não havia mordido de propósito. Enquanto mamãe lavava e enfaixava os cortes, ela contou como Frisco parecia sentido e triste ao ser posto para fora.
Todavia, no dia seguinte, Rafael ainda estava furioso com o Frisco. Nem lhe dirigiu a palavra. Não conseguia entender como seu próprio cachorro pudera mordê-lo, ainda que por engano. Além disso, o joelho doía. Quando mamãe viu que Rafael ainda estava ofendido e zangado, sugeriu que ele orasse para si mesmo.
A família de Rafael era Cientista Cristã. Eles sabiam que o amor e o poder de Deus estavam sempre presentes, todos os dias. O garoto já havia visto como a oração e a confiança em Deus traziam cura. Durante a infância, Rafael aprendera como orar para si mesmo. Por isso ele sabia que essa mordida poderia ser curada pela oração, assim como tantos outros problemas haviam sido curados.
Uma das coisas que havia aprendido na Ciência Cristã, é que Deus criou tudo e tudo é espiritual e bom. Isso significa que o homem é espiritual e bom. Entendendo isso, Rafael sabia que, em realidade, ele era governado e protegido por Deus. Também começou a entender que, como cada idéia de Deus é da mesma forma criada e governada por Ele, Deus também estava amando e cuidando de Frisco.
Mamãe achava que Rafael deveria perdoar o cachorro. O garoto pensou a esse respeito. Ele sabia que pensar e agir como Deus quer que Seus filhos pensem e ajam, ajuda a nos curar. Ficar irado não é a vontade de Deus. Rafael foi para seu quarto para pensar no assunto com calma. Cristo Jesus disse que perdoar era importante e disse também: “O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.”
Rafael sabia que Deus é Amor. Ele sabia que nós refletimos Seus pensamentos amorosos. Portanto, os pensamentos de ira que estava tendo não faziam parte dele, na realidade, como filho de Deus, nem a dor fazia parte dele. Nenhuma das duas coisas poderia ser real ou verdadeira, pois não eram procedentes de Deus.
De repente, Rafael percebeu que não estava mais zangado. Ele amava Frisco. Isso sempre fora verdade e era verdade naquele instante. Compreendeu então que ele só poderia ter sentimentos que vinham do Amor divino, não ressentimento nem dor.
O menino sentiu vontade de ir ver o cachorro e mostrar-lhe seu afeto. Ao sair do quarto, estava andando sem mancar. O joelho já quase não doía e Rafael logo se esqueceu da mordida. As feridas sararam depressa.
Nosso amigo aprendeu algumas coisas, naquele dia, que ele nunca mais esqueceu. Ficar com raiva às vezes dói. Saber que somos os filhos amorosos de Deus tem o poder de curar. Quando oramos e reconhecemos o amor que Deus tem por nós, a crença em alguma falsidade se desvanece. A oração de Rafael naquele dia também ajudou Frisco e Trovão a sentir o amor de Deus, porque eles nunca mais brigaram.
Nota da Mãe:
A princípio não me preocupei muito com a mordida. Rafael não estava sentindo dor, naquela noite, a ferida estava limpa, sabíamos que os cortes iriam sarar. Os cães eram perfeitamente saudáveis e os mantínhamos em conformidade com as leis municipais.
Mas fiquei preocupada na manhã seguinte, quando meu filho disse que o joelho doía. Pareceu-me claro que a ira e a dor que ele sentia eram como duas faces da mesma moeda. Tinha certeza de que se a ira fosse curada, a ferida o seria também.
Quando Rafael saiu do quarto, cerca de meia hora depois, contente, andando normalmente e procurando por Frisco, nem precisei perguntar como estava o joelho. Era óbvio. A cura final do machucado se processou rapidamente.
