Nos Meus Tempos de escola eu tinha o privilégio de sempre poder compartilhar com minha mãe as boas e más notícias, minhas esperanças e frustrações. Em troca, recebia palavras de encorajamento, felicitações, ternura ou até mesmo um abraço, dependendo da situação. As mães têm um modo excepcional de perceber intuitivamente aquilo que seus filhos necessitam.
Mesmo depois de adulto, eu sentia uma alegria especial em compartilhar as boas notícias com ela e também conversar sobre situações que me preocupavam ou sobre decisões difíceis. Parecia que ela estaria sempre ali para ouvir-me, ajudar-me e orar por mim. Quando minha mãe faleceu, foi como se uma parte muito importante de minha vida tivesse desaparecido com ela. Não somente sua presença física mas, o mais importante, suas palavras de estímulo, seu ouvido sempre pronto a me ouvir e seus maravilhosos abraços.
Fiquei prostrado durante um ano após seu falecimento. Nessa época eu tinha ataques de choro incontroláveis e também freqüentemente acordava no meio da noite com dores no peito e dificuldade para respirar.
Certo dia, enquanto orava a respeito desses problemas, lembrei-me de uma declaração sobre Deus que aparece na Bíblia: “Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei”. Eu estava começando a entender que precisava aceitar o amor maternal que emanava de Deus e deixá-lo consolar-me e curar-me. Entretanto, naquela época, eu me rebelava contra tal pensamento. Lembro-me de meus gritos: “Não! Não quero Deus como minha mãe. Quero minha mãe de volta.” O que eu estava dizendo era infantil e egoísta, mas o pesar é egoísta. Sob sua influência, vemo-nos como pessoas amedrontadas e dignas de pena e ignoramos o amor infinito de Deus.
Aos poucos fui percebendo quão egoístas eram meus pensamentos e senti o desejo de me tornar mais aberto ao conceito de maternidade de Deus. Durante os meses seguintes fui assimilando com humildade a compreensão crescente da maternidade divina e do amor de Deus.
Certa noite acordei sentindo dores, incapaz de respirar naturalmente. Enquanto andava pelo quarto, orando, ocorreu-me o seguinte pensamento: “Você não precisa sofrer e sentir que está com o coração partido.” Naquele exato instante pude sentir o amor maternal de Deus tão intensamente, que a dor e a dificuldade para respirar desapareceram. As lágrimas, o pesar e a solidão também foram completamente curados. Eu conseguia compreender e sentir a presença reconfortante e sanadora de Deus. Nos anos seguintes adquiri uma compreensão ainda maior de Deus como minha Mãe.
Todos nós podemos nos valer da maternidade de Deus, o Amor onipotente. Quer nossos pais humanos ainda estejam conosco, quer não, quer tenhamos tido uma infância feliz quer não, o terno amor de nosso Pai-Mãe Deus está sempre presente com cada um de nós. Ao falar sobre a natureza de Deus no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy diz: “A qualidade vivificante da Mente é o Espírito, não a matéria.... Na Ciência divina, a autoridade que temos para considerar Deus masculino não é maior do que a que temos para considerá-Lo feminino, porque o Amor confere a mais clara idéia da Divindade.” O Amor divino é todo-poderoso, cheio de alegria e nos conforta. O homem, o filho de Deus, é o objeto dessa afeição.
Quando aceitamos essa verdadeira imagem de nós mesmos, vivenciamos um novo nascimento, o reconhecimento de que não somos materiais, mas espirituais, e de que Deus é nosso Pai-Mãe, nosso único Genitor verdadeiro.
Cristo Jesus disse: “O que é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito, é espírito.” A visão carnal a nosso respeito, onde cada um de nós é filho de um casal humano, pode parecer satisfatória às vezes. Entretanto, como todos os conceitos mortais, essa visão é imperfeita, pois é sujeita à dor em casos de morte, divórcio, maus-tratos e separação. À medida que compreendemos nossa identidade como filhos de Deus, do Espírito, encontramos nossa inseparável unidade com Deus, um relacionamento que não pode nunca ser rompido. Também compreendemos que nossa identidade é espiritual, não material, e que nossa herança é a capacidade de expressar continuamente as qualidades de Deus, que incluem inteligência, pureza, amor e bondade. Ao não aceitar a idéia de um passado material, que se manifesta nos erros do presente e do futuro, oramos para adquirir uma compreensão mais profunda a respeito de Deus e do homem. Abrimos nossos pensamentos e nossa vida para a santidade, paz, harmonia, felicidade e outros atributos divinos que constituem nossa verdadeira natureza como filhos perfeitos e espirituais de Deus.
Será que essa compreensão faz com que deixemos de dar atenção a nossos pais humanos e os desrespeitemos? É pouco provável. O encanto e o amor que nossos pais proporcionam são expressões do cuidado infalível de Deus para com Seus filhos; eles comprovam o relacionamento indissolúvel do homem com o Amor divino. O respeito e consideração por nossos pais cresce à proporção que percebemos que cada expressão do bem é uma prova da identidade espiritual do homem como filho de Deus.
Essa compreensão do nosso relacionamento com o Pai-Mãe Deus é um guia maravilhoso para a tomada de decisões no presente e no futuro. Em oração, quando ouvimos humildemente a orientação divina, começamos a perceber com clareza como expressar nossa espiritualidade. Deus, a Mente divina, tem um propósito maravilhoso para cada um de Seus filhos e a oração ajuda-nos a percebê-lo.
Num trecho de Message to The Mother Church for 1901 (Mensagem À Igreja Mãe para 1901), a Sra. Eddy fala sobre o todo-amoroso Deus como Pai-Mãe. Ela pergunta: “E, porventura, este Pai celeste não conhece e supre as diferentes necessidades da mente individual, tal qual declaram as Escrituras que Ele faria?” A disposição de aceitar a Deus como nosso Genitor, nossa Mente divina, assim como de ouvir e obedecer aos bons pensamentos que vêm dEle, farão com que nossa vida responda a essa pergunta.
Nos anos que sucederam ao falecimento de minha mãe, aprendi que momentos de alegria vêm de Deus, minha Mãe divina, e isso me faz sentir amado e bem cuidado. Esse senso da presença do Amor divino também tem-me encorajado, fortalecido e guiado em tempos difíceis. A consciência da eterna presença de Deus leva-me a dizer calmamente “Obrigado” várias vezes ao dia, reconhecendo a Mãe e o Pai que estão sempre presentes bem aqui, junto a cada um de nós.
