Uma Das Primeiras recordações de minha infância está ligada às cobrinhas verdes que certa vez nasceram na casinhola onde guardávamos os apetrechos do jardim. Desconhecendo a existência delas, abri a porta daquele abrigo e vi uma dúzia ou mais de cobrinhas verdes a deslizar pelo chão. Eram totalmente inofensivas, claro, mas assim mesmo fui tomada de um pavor irracional. Embora eu pudesse aceitar, num certo nível, a explicação de que eram inofensivas, mesmo assim eu tremia de medo e estava em prantos, como que defrontando-me com grande perigo.
Alguns anos depois dessa experiência com as cobras, quando era já aluna da Escola Dominical da Ciência Cristã, aprendi sobre o amor de Deus que envolve a todos nós e entendi um pouco esta poderosa verdade de que jamais podemos estar fora da proteção e do cuidado de Deus porque, em realidade, somos Seus filhos amados, governados por Sua lei do bem. Recordo que li na Bíblia, no livro do Êxodo, a história de Moisés, o grande líder hebreu.
Moisés, no deserto do Sinai, tinha se dado conta da presença e do poder de Deus, o grande Eu Sou. Aprendeu muitas lições de confiança e coragem que o prepararam para guiar os filhos de Israel para fora da escravidão no Egito. Mas, como tinha medo e julgava não estar pessoalmente preparado, Moisés pediu um sinal especial que convencesse o povo de que, de fato, Deus lhe tinha aparecido.
Foi-lhe ordenado que lançasse ao solo sua vara de pastor. Quando a vara se transformou em serpente, Moisés, aterrorizado, fugiu dela. Para ele, a própria vara que simbolizava sua missão pareceu-lhe uma ameaça, não uma promessa. Contudo, obedeceu à ordem de pegar a serpente pela cauda e então a cobra ficou sendo novamente uma vara. Ao exercer a autoridade que lhe foi outorgada por Deus, Moisés fortaleceu sua fé.
Com essa história, tive meus primeiros vislumbres do verdadeiro poder de Deus e da natureza mental e ilusória do mal, muito embora àquela altura eu não soubesse expressá-lo nessas palavras. Vi que na realidade não temos nada a temer, pois Deus está sempre governando totalmente Sua criação espiritual. Gosto muito da continuação dessa história. Quando Moisés e o irmão, Arão, se defrontaram com o Faraó, rei do Egito, Arão valeu-se do mesmo sinal de autoridade divina. Faraó chamou então seus feiticeiros e mágicos e estes jogaram no chão suas próprias varas. Estas também se tornaram serpentes, mas a vara de Arão as engoliu!
Não é todos os dias que encontramos cobras e serpentes, mas ainda há, nos dias de hoje, inúmeras situações e modos de pensar que infundem medo às pessoas: ocultismo, hipnotismo, feitiçaria, para só citar alguns.
A Sra. Eddy achou resposta na Bíblia para muitas das interrogações que angustiam as pessoas, como por exemplo, qual a origem do mal. Por meio de sua pesquisa e profunda comunhão com Deus, bem como pelo efeito prático de suas orações na cura de doenças, evidenciou-se à Sra. Eddy que Deus é Princípio, o único legislador. Compreendeu que é impossível haver outro poder para opor-se ao infinito que é Tudo.
Em sua obra principal, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy comenta a experiência de Moisés e diz: “Quando, induzido pela sabedoria, Moisés lançou sua vara ao chão e a viu transformar-se em cobra, fugiu dela; mas a sabedoria ordenou-lhe que voltasse e pegasse a cobra, e então o medo de Moisés desapareceu. Nesse incidente viu-se a realidade da Ciência. Ficou demonstrado que a matéria é apenas uma crença. Por ordem da sabedoria, a cobra, ou seja, o mal, foi destruída pela compreensão da Ciência divina, e essa prova tornou-se para ele um bastão no qual podia apoiar-se.”
Nós também podemos compreender a natureza mental das circunstâncias humanas à medida que captamos mais completamente a realidade de Deus, o Espírito, e da Sua criação espiritual. Quanto mais magnificarmos o bem, cuja fonte é Deus, tanto menos teremos medo da ilusão de que o mal é real e tem a capacidade de causar dano.
Cristo Jesus compreendia a natureza mental do mal. Jamais associava o diabo com Deus nem identificava o mal como um oponente à altura de Deus. Ao contrário, denunciava o mal como uma mentira, desprovido de causa ou realidade. Jesus não tinha medo, e tal destemor o habilitava a curar.
Pelo poder divino do qual constantemente dava provas, o Mestre curava muitas pessoas de doenças, deformidades e pecados. Provou serem o ódio, a dor, a morte completamente irreais. Sua natureza divina, o Cristo, sendo una com o Pai, dava a Jesus autoridade para quebrar o “feitiço” do mal, seja qual fosse sua forma. Jesus provou que a liberdade e o domínio são direitos inatos dos filhos e filhas de Deus.
O mal talvez pareça muito real para a pessoa que se encontra lutando com o sofrimento ou o medo. No entanto, com a oração persistente e o desejo constante de conhecer melhor a Deus e confiar nEle totalmente, podemos despertar dessa ilusão e progressivamente livrarnos do que quiser nos apavorar. O Cristo, ativo na consciência humana, desperta-nos para a compreensão de que nenhuma pessoa é um mortal a viver num mundo mau, onde o perigo está à espreita de todos os lados. Na verdade, somos os filhos de Deus e habitamos com Ele no âmbito de Seu amor.
Quanto mais orarmos com base no ponto de vista radical de que Deus, o bem, é Tudo e o mal nada é, tanto mais nos libertaremos do medo. Então, estaremos capacitados a ajudar realmente nosso mundo a dissipar a ilusão de que possa haver outro poder além de Deus, o grande Eu Sou.
Porque Deus não nos tem
dado espírito de covardia,
mas de poder,
de amor e de moderação.
2 Timóteo 1:7
