Infelizmente, A História de nosso planeta mostra que, com demasiada freqüência, não se dá o devido valor à vida das pessoas. São demais as vezes em que os interesses egoístas de alguns poucos que estão no poder, ou dos muitos que cobiçam alcançá-lo, redundaram em difamação e destruição para as pessoas que estavam estorvando ou que foram usadas para defender tais interesses.
Houve vezes em que as perdas alcançaram números estonteantes. Escrevendo sobre os males do comércio de escravos africanos, por exemplo, em seu livro “12 Million Back Voices” (Doze milhões de vozes negras), o escritor Richard Wright calcula que para cada um dos mais de catorze milhões de negros trazidos à força para o Novo Mundo, entre os séculos XVII e XIX, talvez quatro tenham morrido nos navios, ao atravessar o Atlântico.
Naturalmente, a maioria das pessoas hoje nem sequer pensaria em julgar moralmente aceitável a manutenção de escravos, embora outras formas de servidão econômica, tirania política e egoísmo personalista ainda escravizem muita gente. Assim, há ocasiões em que as pessoas se deixam ficar, de mãos atadas, sentindo-se desesperadamente incapazes e sem valor.
As correntes forjadas pelo egoísmo, pelo preconceito, pela ignorância ou pelo medo devem ser quebradas. A única forma de a humanidade encontrar liberdade permanente é alcançando a compreensão do valor espiritual de cada indivíduo, valor esse que não tem preço, é grandioso e bom para além de qualquer medida. A Ciência Cristã ensina que esse valor espiritual é estabelecido por Deus; é mantido através do eterno relacionamento de Deus com o homem: Deus como Pai-Mãe e o homem como filho bem-amado, Deus como Mente infinita e o homem como idéia perfeita, Deus como Vida e Amor divinos e o homem como reflexo espiritual. Na Bíblia, Cristo Jesus falou sobre esse valor de cada um, quando disse: “Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto nenhum deles está em esquecimento diante de Deus. Até os cabelos de vossa cabeça todos estão contados. Não temais! Bem mais valeis do que muitos pardais.” Lucas 12:6, 7.
O homem que Deus criou, tua verdadeira identidade e individualidade, tem valor infinito, eterno, porque o ser do homem é essencial para que Deus se expresse e cumpra Seu propósito. Sem dúvida, Deus é supremo. Nada poderia existir sem Seu poder criativo e sustentador. No entanto, é também verdade que cada manifestação individual da Vida divina é necessária para a inteireza da criação de Deus. Sem ti, sem teu verdadeiro ser, que é permanente, a criação seria incompleta, teria uma falha e, em última análise, seria caótica.
O que seria de Deus sem o homem, isto é, sem tua existência? Que Pai-Mãe seria sem o filho? Que Mente seria sem a idéia? Que Amor seria sem expressão? O livro–texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, da Sra. Eddy, fala desse assunto diretamente, quando diz: “Deus, sem a imagem e semelhança de Si mesmo, seria uma não-entidade, ou Mente não expressa. Ficaria sem uma testemunha ou prova da Sua própria natureza.” Ciência e Saúde, p.303. Em outro trecho, ela diz também: “Se Deus, que é Vida, ficasse por um só momento separado do Seu reflexo, o homem, durante esse momento não haveria divindade refletida. O Ego ficaria sem ser expresso, e o Pai não teria filhos — não seria Pai.” Ibidem, p.306.
Ter o devido apreço pelo valor espiritual do homem nos traz uma liberdade maravilhosa. Traz também maravilhosas responsabilidades. Se é verdade que cada um de nós tem valor infinito (e isso é verdade), então temos de agir de acordo com esse fato. Temos de honrar e apreciar o valor das pessoas com quem vivemos na família, com quem trabalhamos em nossa profissão, e com quem nos encontramos em nossos afazeres diários. Não deveríamos deixar escapar nenhuma oportunidade de expressar amor, de alguma forma, pelo valor real dos outros como filhos de Deus. Além disso, temos de apreciar esse valor em nós mesmos.
A visão espiritual do verdadeiro valor do homem tem poder curativo e redentor. Fornece um fundamento cristãmente científico para vencer tanto o pecado como a doença na vida humana, assim como Jesus fez em seu ministério de cura. O homem, sendo merecedor do amor de Deus, não é merecedor da doença. O homem de Deus não está desamparado nem é um pecador sem esperança. A pura manifestação da Vida divina não carrega a impureza da doença ou do pecado, pois a enfermidade e o mal de qualquer tipo não são criações do Deus único, bom e onipotente. Jesus deu provas disso ao curar o pecado e “toda sorte de doenças e enfermidades”. Mateus 4:23. Essas coisas nunca provêm de Deus, logo, na realidade, não há por que aparecerem no homem. Como seguidores de Jesus, nós também podemos demonstrar melhor a graça sanadora e salvadora de Deus, à medida que crescemos em nossa compreensão do valor real do homem e passamos a amar esse valor.
À medida que o mundo despertar e perceber melhor o valor incalculável de cada ser individual, o pensamento de homens e mulheres em todo lugar começará a dar guarida a uma nova liberdade. A dignidade, o propósito, os direitos e a própria vida de cada um serão honrados e cultivados. Tu, porém, não precisas aguardar que o mundo desperte. A liberdade espiritual, com o poder de amar e curar, pode ser sentida agora, em teu coração. E pode ser demonstrada.
