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Receptividade espiritual e o hábito de se fazer perguntas

Da edição de outubro de 1993 dO Arauto da Ciência Cristã


Havia Semanas Que eu vinha sentindo dormência num braço e fortes dores no peito. Orava, a dor diminuía, mas a cura não vinha. Quando as dores se intensificaram, impacientei-me. Caminhava pelo escritório de lá para cá, orando. Repetidamente afirmava estar livre de doenças por ser a imagem e semelhança de Deus. De súbito, detive-me em frente de um folheto impresso. Dei com uma frase que dizia mais ou menos isto: “A receptividade é uma qualidade de Deus e, portanto, uma qualidade do homem.”

Parei, intuindo que encontrara algo mais a aprender. Antes, porém, de persistir no assunto, ocorreram-me diversas perguntas: “Você diria que tem o espírito aberto, receptivo? Sabe, mesmo, o que é ser receptivo? Foram suas orações até agora argumentos intelectuais prolixos? Ou a verdade que vem afirmando tocou efetivamente seu coração?”

A impaciência amainou. Ao procurar em alguns dicionários o significado de receptividade, descobri que a receptividade genuína é a capacidade de receber algo novo sem preconceitos, de boa vontade, como que de braços abertos e, também importante, corresponder-lhe. É aceitar com júbilo algo que leva a uma percepção nova e a uma nova atitude.

Em meu caso, era necessário ter o espírito aberto para a realidade divina de um Deus perfeito e do homem espiritual perfeito, à Sua imagem; deixar que a consciência se elevasse e transbordasse com a verdade espiritual. Daí a pouco, já não me assoberbavam os pensamentos de estar doente, preocupado e cheio de responsabilidades. Ao invés disso, sentia-me em união com Deus, o bem. Minha consciência se elevou ao que já era verdadeiro para Deus, a saber, a imutável, harmoniosa, saudável verdade acerca do homem como imagem e semelhança de Deus.

Essa nova percepção me libertou; em pouco tempo as dores e a dormência no braço desapareceram.

Essa experiência afetou profundamente minha prática da Ciência Cristã. Agora, quando encontro dificuldades a vencer, pergunto-me: “Você está sendo verdadeiramente receptivo à Verdade divina, ao Cristo? Sente o efeito libertador da Verdade e lhe corresponde?”

O livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy, descreve com exatidão o Cristo: “A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado.” Ciência e Saúde, p.583.

A experiência que acabei de contar mostra quão importante é, na oração pela cura, fazer perguntas inspiradas por Deus. O termo perguntar está relacionado com o termo procurar. Ambos têm a mesma raiz. Perguntar é solicitar uma resposta ou esclarecimento. Como toda forma de procura, a interrogação espiritual nos auxilia a testar, analisar e discernir o pensamento. Ajuda-nos a verificar se o que percebemos tem origem divina ou se procede do modo de pensar humano, limitado.

As perguntas não são um fim em si mesmas. São, isso sim, um auxílio para pôr a descoberto estados de consciência que estão em desacordo com nosso caráter real e divino, que é a semelhança de Deus. Perguntas que se fazem em busca da Verdade conduzem a percepções e entendimentos novos acerca de Deus e de nós mesmos como Sua imagem, conduzem à transformação. Levam-nos a respostas e ajudam a trazer à luz nossa verdadeira natureza, a identidade do homem caracterizada pela espiritualidade, harmonia e saúde. Paulo escreveu, na Primeira Epístola aos Coríntios, sobre nosso poder inato de conhecer a Verdade e reconhecer nossa origem divina: “Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e, sim, o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.” 1 Cor.2:12.

A Sra. Eddy deu considerável relevo a perguntas e respostas, em seus escritos. Todo o capítulo “Recapitulação”, em Ciência e Saúde, consiste de perguntas e respostas. Também em Miscellaneous Writings encontram-se sessenta e quatro páginas de perguntas e respostas, no capítulo assim intitulado.

Nesse livros e nas demais obras da Sra. Eddy, é um exercício interessante de aprendizado determo-nos em cada pergunta, ponderá-la, respondê-la e, depois, ver como a Sra. Eddy respondeu a cada uma. É uma maneira maravilhosa de expandir nosso modo de pensar, sacudir hábitos mentais e aumentar nosso tesouro de idéias e compreensão.

As respostas às nossas interrogações podem surgir de modos bem distintos. Certa vez, o desejo de chegar a uma melhor compreensão da Verdade e do homem real, espiritual, veio-me por meio de uma pergunta. Ao estudar a Lição Bíblica semanal no Livrete Trimestral da Ciência Cristã, li esta frase no livro Ciência e Saúde: “O sentido espiritual da verdade tem de ser adquirido antes que se possa compreender a Verdade. Esse sentido só se assimila quando somos honestos, desprendidos, bondosos e humildes.” Ciência e Saúde, p.272. Eu, de fato, quero compreender a Verdade. Mas, por que é que só posso adquirir o sentido espiritual se eu for honesto, desprendido, bondoso e humilde? Eu me perguntei: “Que relação há entre minha compreensão da Verdade divina e essas qualidades do Amor?”

A fim de obter algumas respostas às minhas perguntas, ocorreu-me começar a estudar as palavras honesto, desprendido, bondoso e humilde. Assim fiz, valendo-me da Concordância bíblica e da Concordância para os escritos da Sra. Eddy. O estudo estendeu-se por vários dias e causou-me forte impressão. Minha compreensão dessas quatro qualidades se aprofundou. Então, aconteceu uma coisa inesperada. Vi-me subitamente obrigado a enfrentar certa situação à qual, de início, eu queria reagir com raiva, hostilidade e vingança. O que fiz, porém? Apliquei o que havia estudado sobre desprendimento, amor, humildade. Lembrei-me particularmente disto: “Seja humilde, coloque-se sob a lei do Amor, responda com amor. Só o Amor é real; só o Amor existe.”

O Amor, eu sabia, é a base da criação e o poder que a formou. Todo indivíduo é a manifestação do Amor divino. A individualidade do homem, em constante desdobramento, faz parte da correlação entre Deus e o homem, na qual Deus é Aquele cuja ação o homem reflete. Por isso, a receptividade é um elemento essencial dessa correlação.

Num instante, senti-me transformado. De repente, sobreveio-me um profundo sentimento de unidade com Deus, com a lei do bem, do Amor e da Verdade. Todo desejo de vingança e toda hostilidade desapareceram. Tive a impressão de que, pela primeira vez em minha vida, eu havia conscientemente vislumbrado a realidade do homem espiritual. A experiência mostrou-me claramente a conexão que há entre a Verdade e o Amor. Mostrou-me que, sem uma compreensão do Amor realmente vivida, estão cerrados para nós os significados espirituais mais profundos da Verdade divina. Esse foi um ponto decisivo em meu progresso espiritual.

Quando temos perguntas sinceras, é sinal de que assumimos uma atitude de busca, que reconhece a necessidade de enriquecer nossa compreensão espiritual. Tal atitude nos protege da justificação própria e do orgulho intelectual, pois enquanto nos fizermos perguntas e nos esforçarmos para alcançar as respostas de Deus, estaremos crescendo espiritualmente. Continuamente se desenvolverá em nós a clareza, e isso significa maior domínio. Também nos tornamos mais alerta, captamos com mais perspicácia o que é essencial e somos protegidos do acúmulo indevido de problemas não resolvidos. Dessa forma, não esqueceremos o que significa sentir-se maravilhado. Estaremos continuamente participando do desdobramento do bem infinito como criação de Deus.

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