Quando Comecei A frequentar a Escola Dominical da Ciência Cristã, aos onze anos, descobri algo que me deu maravilhoso conforto e muito no que pensar: que Deus é o Pai e Mãe de todos; portanto, o homem é o filho amado de Deus.
Essa descoberta da maternidade e paternidade de Deus foi muito importante para mim naquela época, porque minha mãe falecera fazia pouco tempo e meu pai não conseguia cuidar de mim e de meu irmão mais novo. Serei sempre muito grato aos tios que se dispuseram a cuidar de nós, mas sou ainda mais grato pela compreensão, que a Ciência Cristã nos dá, de que Deus é Pai e Mãe, pois esse fato espiritual abriu um mundo novo para mim. Esse entendimento continua a influenciar minha vida, como pai de dois filhos, e minha profissão, como professor responsável pelo ensino de jovens de todas as raças, provenientes de todas as partes do mundo.
É evidente que Deus não é nosso Pai e Mãe num sentido físico. Tal opinião leva ao conceito errôneo, que há tempos domina e obscurece o pensamento religioso, ou seja, de um deus antropomorfo, deus feito à imagem do homem. Considerar Deus um ser físico magnificado nega o que Jesus ensinou: que Deus é Espírito. O termo Pai-Mãe, como a Ciência Cristã o usa, não se refere a gênero. Expressa, isso sim, de maneira compreensível a todos, a natureza criativa, acalentadora e protetora do Espírito, Deus, a fonte e substância de todo ser real.
Jesus se referia constantemente a Deus como “Pai”, indicando que Deus possui qualidades como força, propósito, sabedoria, conhecimento, amor. Mas as Escrituras também citam inúmeras ocasiões em que Jesus se referia à doçura, pureza, compaixão, paciência, perdão e constância de Deus, qualidades essas consideradas maternais. Por isso, Mary Baker Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Pai-Mãe é o nome da Divindade, o que indica o terno parentesco dEle com Sua criação espiritual. Como o apóstolo o expressou, aprovando as palavras de um poeta clássico: ‘Porque dEle também somos geração.’ ” Ciência e Saúde, p.332.
Para uma pessoa acostumada apenas com o modo tradicional de se referir a Deus, o termo Pai-Mãe surpreende de início, ainda mais quando se percebe que o homem é a criação espiritual de Deus. Mas, à medida que o significado desse fato espiritual se aprofunda e expande, as pessoas são liberadas de muitas das limitações que as prendiam. Essa compreensão, por exemplo, é a base para a igualdade total entre o homem e a mulher, pois ambos são filhos queridos do Espírito, refletindo a inteireza e unicidade de Deus. Essa igualdade não vem da identidade física (que traz competição), mas de seu relacionamento singular com Deus, cujas qualidades ambos refletem. Um reconhecimento sincero de que Deus é Pai-Mãe faz maravilhas para o casamento, purificando o afeto humano e desenvolvendo respeito mútuo, cheio de amor, pela individualidade tanto do marido como da mulher.
Reconhecer que Deus é Pai-Mãe que sempre se expressa, ajuda muito na criação dos filhos. Assim que minha esposa e eu ficamos sabendo que iríamos ter um filho, procuramos aprofundar, pela oração, nossa compreensão da herança espiritual, genuína e única daquela criança. O estudo disciplinado e consciencioso das Escrituras, junto com as obras da Sra. Eddy, ajudou-nos a dissolver o orgulho da possessão humana, o medo de crenças na hereditariedade, a incerteza do que o futuro traria, a pressão proveniente da antecipada responsabilidade. O nascimento e criação de nosso filho nos deu oportunidades diárias para reconhecer o controle, a proteção, a disciplina, a paciência, a ternura e o cuidado de Deus. Assim, constatamos que toda vez nosso filho ficava doente, era perfeitamente natural e muito seguro nos volvermos a nosso Pai-Mãe, Deus, em busca de cura espiritual e sempre obtínhamos resultados certos e eficazes. Nosso filho teve, por meio da oração, que é a base do tratamento pela Ciência Cristã, curas de várias doenças, inclusive resfriados, gripe, sarampo, catapora e caxumba.
Quem quer que se sinta pressionado e acabrunhado pelos desafios diários de criar filhos, pode encontrar paz autêntica e cura através da percepção de que o Espírito, nosso Pai celestial, de fato atende a toda necessidade humana. Essa disciplina espiritual de modo algum, porém, nos exonera do dever de sermos pais responsáveis e bons, atentos às necessidades físicas e emocionais de nossos filhos. Pelo contrário, ela nos habilita a ser melhores pais. Por quê? Porque é por tomar consciência de nosso relacionamento espiritual permanente com Deus que expressamos as qualidades de nosso Pai-Mãe Deus, essenciais ao bom desempenho de nossas funções paternas.
Reconhecer e amar a Deus como Pai-Mãe adquiriu uma dimensão totalmente nova para mim e para minha esposa, quando nosso segundo filho veio unir-se à nossa família. Tínhamos ouvido falar que precisavam de pais adotivos e decidimos fazer isso. Preparamo-nos em oração para a chegada da criança, assim como fizéramos com nosso primeiro filho. Como o processo de adoção levou vários anos, tivemos ampla oportunidade de orar e estudar. Cada dia trazia-nos maior percepção da união espiritual entre Pai-Mãe e filho. Que liberador saber que esse bebê precioso não tinha de ser considerado como filho de “outra pessoa” (em contraposição a ser nosso filho), já que era filho de Deus! Desde essa ocasião, sempre que nos perguntam se é possível amar um filho adotivo tanto quanto um “filho legítimo”, respondemos sem hesitar que sim! Sabemos que ambos nossos filhos são de fato filhos do único Pai-Mãe, Deus, o que é verídico também com relação a nós.
Essa percepção, de que tanto os pais como os filhos têm o mesmo relacionamento com Deus, traz, como resultado, maior respeito e apreço pelas idéias e opiniões da criança. Esse fato tem sido muito importante para mim, ao lidar com jovens de diferentes raças, provenientes de diversas nacionalidades, culturas e tradições. Conquanto eu reconheça e aprecie muito tudo que seja singular em suas culturas, vejo que reconhecer a Deus como o Pai-Mãe de todas as crianças dissolve a ignorância e o preconceito e resolve conflitos antigos. Negro, branco, amarelo e vermelho não são distinções mais significativas ou exatas dos filhos inteiramentes espirituais de Deus, feitos à Sua imagem e semelhança, do que homem e mulher, ou jovem e velho. Em sua epístola aos Gálatas, Paulo incluiu todos como sendo “filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus”. Acrescentou ainda: “Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Gálatas 3:26, 28.
Uma das experiências mais compensadoras de minha carreira como educador foi ver jovens judeus e palestinos, gregos e turcos, negros dos guetos e brancos do sul dos Estados Unidos, trabalhando e brincando juntos, em grande camaradagem. E quando ocorreu a revolução no Irã, foi-nos muito natural aceitar em nossa família um menino iraniano, que não pôde voltar a seu país e sua família, devido à crise. Esses são resultados inevitáveis de se ver a Deus como o Pai universal.
Não vivemos mais num mundo em que um oceano ou uma cadeia de montanhas separa as pessoas de modo conveniente. Não mais podemos ignorar as necessidades de nossos vizinhos internacionais, quando acontecimentos dos cantos mais remotos deste planeta aparecem diariamente nos noticiários da televisão. E as diferenças que parecem dividir e separar-nos daqueles que, por engano, chamamos “estrangeiros” pareceriam mesmo imensas, se não fosse o fato espiritual, que a tudo o mais anula, de que Deus é o Pai e a Mãe de todos; portanto, o homem é o filho amado de Deus. Aceitemos esse fato, ponderemos suas implicações espirituais e pratiquemo-lo na vida diária e veremos que a harmonia completa nas famílias, assim como na família global dos homens, é nosso direito espiritual inato.
