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NOVAS PERSPECTIVAS

REUNIÃO DE TRABALHO

Como a Bíblia foi compilada: árduo trabalho que promoveu a liberdade para épocas do porvir

Da edição de abril de 1993 dO Arauto da Ciência Cristã


A Bíblia de Wycliffe circulou clandestinamente durante mais de 150 anos entre seguidores, dispostos a pagar uma quantia superior a mil dólares de hoje, para conseguir um exemplar obtido por contrabando.

Hoje em dia, a Bíblia completa está traduzida a mais de trezentas línguas e dialetos. Porções da Bíblia estão traduzidas em outros 1.600 idiomas, que vão desde o inglês, alemão, francês e chinês até o galês, islandês e a língua dos índios cheroqueses. Convém, no entanto, perguntar: quem nos deu todas essas Bíblias?

Elas surgiram do trabalho árduo de pessoas que dedicaram a vida à difícil tarefa de traduzir a Bíblia para os idiomas que falamos hoje, tendo como originais os textos hebraico, grego, latino e aramaico. O desejo dessas pessoas era o de tornar acessível a Palavra de Deus, não apenas para os doutos que sabiam ler os idiomas antigos da Bíblia, mas para todos aqueles que desejavam saber mais sobre a Palavra de Deus. Muitas vezes seus esforços não foram recompensados, ou então encontraram dura resistência por parte da igreja e do estado. Alguns tradutores foram obrigados a viver como fugitivos e outros literalmente entregaram a vida para nos deixar a Bíblia.

A maioria das Bíblias que fazem parte da coleção d’A Igreja Mãe foram traduzidas por pessoas de extraordinária visão espiritual e coragem. A seguir, faremos um breve comentário sobre a vida dessas pessoas e as Bíblias que nos legaram.


A BÍBLIA VULGATA DE JERÔNIMO (EM LATIM)

séculos IV e V D.C.

À medida que o cristianismo se expandiu para o norte da Itália, a África do Norte, a Espanha e a Gália, houve necessidade de se revisar as inúmeras e divergentes versões latinas da Bíblia, existentes na época. O homem escolhido pelo Papa Dâmaso, para essa imensa tarefa, foi seu secretário para assuntos gregos, Eusebius Hieronymus, mais conhecido como Jerônimo.

Nasceu por volta de 347 D.C., na região que hoje conhecemos como Iugoslávia. Foi enviado a Roma para estudar e para ser batizado. Era um jovem de aparência frágil, que possuía uma fortaleza interior: amor pelos idiomas, pelas Escrituras e por sua igreja.

Trabalhando a partir dos manuscritos gregos mais antigos, onde ele considerava que se havia preservado a pureza dos ensinamentos cristãos originais, completou a tradução do Novo Testamento para o latim entre os anos 383 e 384. Mais tarde, Jerônimo caiu em desgraça em Roma e emigrou para Belém, na Palestina, onde trabalhou durante quinze anos para terminar a tradução do Antigo Testamento, tendo como original o texto hebraico.

A Bíblia de Jerônimo encontrou oposição no mundo romano da época, que se apegava aos antigos e conhecidos textos latinos. No entanto, como ele sabia que sua tradução era muito mais exata do que as versões anteriores, lutou arduamente em favor de sua tradução. Pouco a pouco, sua Bíblia foi reconhecida como o texto oficial da Igreja Católica e passou a ser conhecida como Vulgata, ou versão “popular”.

A BÍBLIA DE JOHN WYCLIFFE 1380

Doutor em teologia na Universidade de Oxford, na Inglaterra, Wycliffe foi um extraordinário professor, escritor e pregador. Sua aberta oposição à autoridade e à doutrina papal, porém, colocaram-no, durante toda a sua carreira, em conflito com a hierarquia da igreja.

Wycliffe amava a Bíblia de todo o coração e tinha a absoluta convicção de que o povo inglês não podia continuar desconhecendo o Evangelho, pois este não estava disponível em sua própria língua. Designou, então, um grupo de “pregadores pobres” para que viajassem a pé pelo interior da Inglaterra e pregassem as verdades fundamentais da Bíblia. O mais importante, porém, foi que Wycliffe e seus seguidores lançaram a primeira tradução completa da Vulgata para o inglês.

Mais de uma vez Wycliffe foi chamado a interrogatório pelas autoridades eclesiásticas e finalmente condenado por heresia. A última vez foi em 1382, no “Concílio do Terremoto”, quando um violento terremoto sacudiu o prédio onde se realizava o julgamento, poucos minutos antes de ser proferida a sentença contra ele.

O público rapidamente apegou-se a sua tradução. Muita gente escondia seus exemplares dentro do colchão, para não serem perseguidos. Em 1408, veio a proibição de se ler a tradução de Wycliffe “sob pena de excomunhão” mas, mesmo assim, seus seguidores prosseguiram com a leitura.

A Bíblia de Wycliffe circulou clandestinamente durante mais de 150 anos entre seus seguidores, dispostos a pagar uma quantia superior a mil dólares de hoje, para conseguir um exemplar obtido por contrabando.

A BÍBLIA DE MARTINHO LUTERO 1534

“Minha consciência é prisioneira da Palavra de Deus. Não posso retirar nada daquilo que disse, e não quero retirar o dito, pois ir contra a consciência não é correto nem seguro. Que Deus me ajude.” Citado em A Life of Martin Luther: Here I Stand, de Roland H. Bainton (Nashville: Abingdon, 1978), p. 144. Essas foram as palavras de defesa de Lutero, quando foi acusado de heresia. Lutero era um monge erudito e era tradutor da Bíblia. Pagou um alto preço por suas convicções: foi excomungado.

Desiludido com o que ele considerava corrupção eclesiástica, Martinho Lutero pesquisou exaustivamente a Bíblia e constatou que seu ponto de vista sobre as Escrituras era radicalmente diferente da interpretação da igreja. Ele argumentava que a Bíblia deveria ser oferecida na própria língua do povo alemão, pois era a base da salvação individual. Além do mais, ele havia sacudido a cristandade com suas “Noventa e cinco teses”, que eram uma crítica pungente aos costumes da igreja.

Depois de ser excomungado, em 1521, Lutero foi para o exílio, onde passou a sofrer de profunda depressão. Finalmente, porém, encontrou novo propósito espiritual ao traduzir a Bíblia para o alemão, a partir dos originais em hebraico e grego. Apesar de enfrentar uma luta mental muito grande e vários problemas físicos, terminou a tradução em 1534.

Mais tarde, Lutero escreveu belos hinos, para os quais também compôs as melodias. O mais conhecido deles é “Castelo forte é nosso Deus”.

O legado desse “Pai do Protestantismo” do século XVI é considerável. Ele implantou um movimento religioso que se espalhou pelo mundo ocidental. A Bíblia de Lutero, conhecida por sua clareza e fervor, serve de base para a Bíblia mais amplamente usada na Alemanha de hoje.

A BÍBLIA DE WILLIAM TYNDALE 1525-1536

Consternado com a situação da religião na Inglaterra, Tyndale estava convencido de que seu país precisava de uma tradução do Novo Testamento, feita diretamente do original grego. “Se Deus poupar minha vida,” disse ele a seus inimigos, “antes que passem muitos, anos farei com que o jovem que empurra o arado conheça melhor as Escrituras, do que vós a conheceis.” Citado em England’s Earliest Protestants: 1520–1535, de William A. Clebsch (New Haven: Yale University Press, 1964), p. 81.

Não encontrando quem apoiasse seu projeto na Inglaterra, esse estudioso do grego e do hebraico terminou e publicou sua tradução na Alemanha. Mas quando os exemplares foram contrabandeados para a Inglaterra, em 1526, causaram tal furor, que acabaram queimados em imensas fogueiras.

Tyndale, no entanto, persistiu em sua missão na Alemanha, e começou a traduzir o Antigo Testamento a partir do hebraico e da Vulgata. Sob constante vigilância das autoridades, ele fugia de cidade em cidade.

Foi capturado perto de Bruxelas, em 1536, julgado por heresia e condenado à fogueira. Suas últimas palavras foram: “Senhor, abre os olhos do rei da Inglaterra!” Citado em The King James Bible Translators, de Olga S. Opfell (Jefferson, N.C.: McFarland & Company, Inc., 1982), p. 16.

De certa forma, o último desejo de Tyndale foi atendido, pois mais ou menos nessa época, Henrique VIII da Inglaterra autorizou a publicação de uma Bíblia que era em grande parte a Bíblia de Tyndale, mas sob outro nome: a Bíblia de Mateus.

A tradução de Tyndale exerceu uma influência muito grande. Depois dele, muitos tradutores ingleses da Bíblia foram influenciados por seu estilo simples e poderoso, que preserva o ritmo do hebraico e do grego.

Sua “Exortação ao Estudo das Escrituras” ainda é significativa nos dias de hoje: “Venhamos todos, com fervoroso desejo, beber nessa fonte espiritual.... Sejamos por ela transformados e renovados ....” “An Exhortation to the Studye of Scripture” na Bíblia de Tyndale (Londres: John Cawood, 1550).

A BÍBLIA DO REI JAIME 1611

A Bíblia do Rei Jaime (mais conhecida como a versão King James) é o resultado do trabalho de muitas pessoas, todas dedicadas a conseguir uma Bíblia em língua inglesa que, pela primeira vez na história da Inglaterra, estivesse ao alcance de todos.

Quem mais se destaca, entre todas essas pessoas, é o rei Jaime I da Inglaterra. Desde a infância, Jaime amava a Bíblia e traduzia trechos da Vulgata para o francês e para o inglês. Mais tarde, ele aprendeu hebraico e grego.

Conhecedor das deficiências das Bíblias em língua inglesa existentes até então, ele ficou muito feliz em aceitar a proposta de um puritano que se especializava na Bíblia, de se encomendar uma nova tradução, em 1603–1604.

Jaime levou o projeto avante com inspiração, aprovando as normas para reger a tradução e indicando aproximadamente cinqüenta pessoas doutas no assunto, para executar o trabalho. Acima de tudo, queria que a tradução fosse exata e imparcial, sem a interferência de preconceitos pessoais. Por esse motivo, ele cuidadosamente separou os tradutores em grupos que representassem as mais variadas posições teológicas.

Entre os tradutores, estavam os grandes mestres da igreja anglicana e das universidades de Oxford e Cambridge. Havia também brilhantes pregadores, como Lancelot Andrewes, por quem o rei Jaime tinha tal admiração que, diz-se, chegou a dormir com um dos sermões de Andrewes sob o travesseiro! Havia também Laurence Chaderton, cujo estilo simples, mas incisivo, influenciou toda uma geração de pastores puritanos.

Após sete anos de trabalho árduo (sem nenhuma remuneração!), esses homens completaram a obra. Não foi, porém, uma tradução inteiramente nova. Era um mosaico magnífico de todas as traduções anteriores: de Wycliffe, Tyndale, Lutero, Coverdale, um texto calvinista e um Novo Testamento católico, para citar apenas alguns. Todas essas versões foram comparadas com os textos originais gregos e hebraicos, e também com a Vulgata, em busca de exatidão.

A obra completa, que até hoje é chamada de “Bíblia Autorizada”, foi impressa a um preço acessível, num tamanho que permitia o fácil manuseio do livro em casa. Até então, a Bíblia nunca fora liberada legalmente para os cidadãos britânicos, a preços tão baixos!

Traduzida na época áurea da literatura inglesa, quando escritores como Shakespeare e John Donne estavam em pleno apogeu, a versão King James conquistou seu lugar entre as grandes obras literárias daquele período. Até hoje os leitores apreciam a beleza, o ritmo, a grandeza e o brilho de seu texto.

A COLEÇÃO DE BÍBLIAS DE MARY BAKER EDDY

Durante toda a vida, a Sra. Eddy amou e estudou a Bíblia. Depois de um grave acidente, em 1866, ela encontrou tamanha iluminação espiritual ao ler as palavras de Jesus, que foi repentinamente curada. Daí em diante, e por toda a vida, dedicou-se a procurar na Bíblia as leis espirituais que haviam possibilitado sua cura e a divulgar essas leis ao mundo.

Não é de surpreender, portanto, o fato de a Sra. Eddy haver possuído muitas Bíblias, das quais mais de cinqüenta fazem parte da Coleção de Bíblias d’A lgreja Mãe. A maioria delas está repleta de anotações, prova de que ela recorria à Bíblia com freqüência em busca de inspiração e orientação. Apesar de a maioria das Bíblias que apresentam anotações serem exemplares da versão King James, algumas são traduções modernas e edições de estudo.

Ela também possuía alguns exemplares de coleção: uma tradução feita por Julia Smith, a primeira mulher a traduzir a Bíblia; uma edição do século XVI da Bíblia de Mateus; uma Bíblia em islandês, que se refere a Deus como “mente”; e uma reprodução da Bíblia de Wycliffe, em que ele usa a expressão "ciência e saúde” no primeiro capítulo de Lucas.

Muitas dessas Bíblias lhe foram dadas de presente por alunos, membros da igreja e amigos. No entanto, a maior parte delas foi comprada pela própria Sra. Eddy. Ela também deu muitas Bíblias de presente a amigos e parentes, todas com alguma dedicatória. Entre os presenteados estavam seu filho, seu marido e auxiliares diretos como Calvin Frye e Adam Dickey. Algumas dessas pessoas, por sua vez, doaram essas Bíblias para a lgreja, depois que ela faleceu. Como já aconteceu no passado, algumas das Bíblias da Sra. Eddy ocasionalmente são postas em exposição.

A vida e os escritos da Sra. Eddy dão testemunho eloqüente de seu profundo amor pela Palavra de Deus. Ela diz em Ciência e Saúde: “A Bíblia foi a minha única autoridade” (p. 126).

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