O Minúsculo Raio de luz, brilhando através da janela de meu quarto, fazia supor que um pequeno pedaço do papel de parede tivesse sido removido. Estiquei o braço até o lugar a fim de ver se o papel estava realmente arrancado e fiquei aliviada ao ver que era apenas um feixe de luz do sol no papel azulescuro. Ao ver a luz brilhando sobre minha mão, ocorreu-me que, mesmo colocando um objeto compacto à frente do raio de luz, uma grossa parede de tijolos que fosse, ainda assim não se extinguiria a luz. Ela simplesmente continuaria a brilhar sobre qualquer coisa que fosse colocada à sua frente. De fato, a única maneira de se poder extinguir aquele raio de luz seria ir diretamente à sua fonte, o sol.
A Ciência Cristã ensina que Deus é nosso Pai-Mãe, a origem do ser do homem, e este nunca pode estar separado de sua fonte. A Sra. Eddy explica a impossibilidade de o homem estar separado de Deus, ao escrever em Ciência e Saúde: “Separado do homem, que exprime a Alma, o Espírito seria uma não-entidade; o homem, divorciado do Espírito, perderia sua entidade. Mas não há, nem pode haver, tal separação, pois o homem coexiste com Deus.” Ciência e Saúde, pp. 477–478.
Vi essas verdades claramente há alguns anos, quando meu marido e eu estávamos pensando na possibilidade de adotar um bebê, que estava por nascer dentro de poucos meses.
Mesmo antes de ouvir falar a respeito desse bebê, eu orava para compreender mais a respeito da atitude mental de expectativa e prontidão para sentir e ver bondade de Deus. Estava cultivando minha própria habilidade espiritual de ter essa atitude. A expectativa implica um alto grau de certeza. Isso era algo que certamente eu queria: a certeza de que a bondade de Deus é real e sempre se manifestaria em minha vida. Eu me preparava mentalmente para receber o que o Amor divino estava dando e para esperá-lo em abundância.
Contudo, isso não significa que eu estivesse dizendo a Deus como queria que Sua bondade se manifestasse. Sabia que orar dessa maneira seria o mesmo que tentar restringir a bondade infinita de Deus à percepção limitada que eu tinha dela. Sem dúvida, eu não queria isso. Portanto, não orei para ter um bebê mas, ao contrário, orei para ver que Deus estava sempre governando cada aspecto de minha vida, inclusive a expressão de maternidade. Senti que a atitude de estar verdadeiramente à espera não estava restrita nem definida pela evidência física de gravidez. Sempre que via uma mulher grávida, eu me lembrava disso, declarando silenciosamente que as qualidades essenciais da maternidade também me pertenciam. As qualidades maternais, tais como ternura, proteção e afeto já eram parte inata de meu ser espiritual verdadeiro e eu não tinha de estar grávida para expressá-las.
Posteriormente, quando a oportunidade de adotar um filho surgiu de forma tão inesperada, sem qualquer esforço humano de nossa parte, reconheci que essa era a expressão natural do crescimento espiritual e da atitude de expectativa que eu vinha alcançando. Que diferença poder dar andamento à adoção com a calma confiança de que tudo era resultado da direção da Mente divina e não da vontade humana!
A Ciência Cristã ensina que o homem é o filho, a idéia, de Deus. Durante esse tempo de preparação espiritual, também orei para saber que uma idéia de Deus nunca se origina de outra idéia, mas sim que cada idéia tem uma individualidade própria e distinta, proveniente somente de Deus.
Um dia, ao ponderar com calma a crescente probabilidade da adoção, percebi que estava me sentindo inquieta, sem saber o porquê. Então, volvendo-me a Deus em oração, perguntei: “Pai, o que é que está me incomodando nesta questão?” A resposta veio em poucos momentos, quando me vi pensando a respeito do sol. Compreendi que cada raio vem diretamente do sol. Os raios não criam a si mesmos e não se originam um do outro; cada um deles recebe sua energia, sua vida, diretamente do sol. Os raios solares se unem para criar a magnífica aurora e iluminar a terra, mas ainda assim permanecem raios individuais, cada um emanando da única fonte, o sol.
Aplicando essa verdade a Deus e Sua idéia, o homem, reconheci que as idéias espirituais de Deus também não derivam umas das outras. Cada uma tem sua origem em Deus. Compreendi, como nunca tinha compreendido antes, que somos uma expressão do infinito Um, individuais, mas coexistindo com um Progenitor, nosso Pai-Mãe, Deus. Esse não era um conceito abstrato para mim. Cristo Jesus nos mostrou o que significa viver a compreensão de que Deus é o criador de tudo e de que todos os homens e mulheres são irmãos e irmãs.
Toda resistência à idéia de adoção desfez-se naquele momento. Compreendi que a inquietação que eu estivera sentindo originavase na noção de que meu relacionamento com essa criança seria de certa forma menos próximo e menos satisfatório do que se fosse meu filho biológico. Tão logo eu reconheci que Deus é a fonte de tudo, toda minha perspectiva mudou. Comecei a sentir com reverência que era um privilégio eu poder ser parte importante desse exemplo do amor envolvente de Deus. Eu estava diante de uma grande oportunidade de compreender mais claramente que a maternidade e a paternidade são condições espirituais e que cada um de nós existe para glorificar a Deus. Também tive um sentimento profundo de união com meu próximo.
Como resultado, adotamos essa criança adorável e tudo correu de maneira tão harmoniosa, que mesmo o advogado que cuidou do caso notou o fato. Para mim, a prova da totalidade dessa cura é que nunca houve nenhuma aspiração por “um filho próprio”, como os outros dizem.
A Sra. Eddy escreve: “Não é o homem metafísica e matematicamente um número um, uma unidade e, portanto, um número inteiro, governado e protegido por seu Princípio divino, Deus?” Ela acrescenta: “Uma gota de orvalho reflete o sol. Cada um dos pequeninos de Cristo reflete o infinito Um ....” Pulpit and Press, p. 4.
Cada um de nós deve aprender que, assim como aquele raio de luz brilhando através de minha janela, nós também temos nosso próprio e importante lugar no universo de Deus e somente nós podemos preenchê-lo!
