Nos Primeiros Anos de meu estudo da Ciência Cristã, eu tentava compreender melhor o nome Espírito, como sinônimo de Deus. O que significa? Onde está ele? Como é que a compreensão de que o Espírito é substância pode resolver problemas e satisfazer necessidades humanas?
No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria.... O Espírito é o real e eterno ...” e “O Espírito, que significa Mente, Alma, ou Deus, é a única substância verdadeira.”Ciência e Saúde, p. 468. Fui entendendo cada vez mais essas afirmações, através do estudo e da aplicação dos ensinamentos da Ciência Cristã, mas eu ainda tinha apenas uma noção vaga do significado de Espírito como substância. Eu queria reconhecer, ver e sentir essa presença, ou seja, eu queria vivenciar essa compreensão, da maneira como Cristo Jesus o fez.
Nessa época, eu morava em uma grande cidade e estudava música na universidade. Se bem que os afazeres da escola me ocupassem bastante, o desejo de compreender melhor o que era o Espírito tinha prioridade em meus pensamentos. Pouco antes das férias de verão, comecei a receber cartas do Primeiro Leitor da Sociedade de Ciência Cristã de uma pequena cidade onde meus pais tinham uma casa de campo. O Leitor me convidava para tocar na igreja durante as férias de verão. Eu sabia, porém, que havia poucos empregos naquela região e não me parecia prático nem prudente trocar a segurança de minha família e de um lugar onde havia tanta oferta de emprego, por uma casinha de campo que não oferecia conforto, sem comida, sem dinheiro e sem outras perspectivas de trabalho. O que fazer?
Eu orava buscando orientação e acordei diversas manhãs com o mesmo pensamento: de que nada podia interferir em meu progresso espiritual nem no desdobramento ordenado do bem. Lentamente, fui me convencendo de que a oportunidade de tocar na igreja era a orientação divina que eu procurava. Concluí então que, por ser orientação de Deus, certamente todas as minhas necessidades seriam atendidas. Fiz as malas, juntei mantimentos suficientes para uma semana e peguei carona com um amigo que estava indo para aquela direção. No dia seguinte à minha chegada, consegui trabalho para o verão na primeira firma em que fui procurar emprego.
No verão seguinte eu voltei, mas embora desejasse continuar tocando na Sociedade de Ciência Cristã, não queria ter de procurar novo emprego todos os anos. Por isso, com todo o empenho, retomei minha pesquisa visando a compreender melhor a Deus como Espírito.
Eu estava pesquisando esse sinônimo de Deus na Lição Bíblica, quando alguém bateu à porta. Era o pastor que morava do outro lado da rua. Ele me perguntou se eu poderia ir à cidade levar um grupo de idosos para comprar mantimentos. Disse-lhe que eu teria prazer em levá-los no dia seguinte, mas ele acrescentou que as pessoas precisavam dos mantimentos naquele mesmo dia. Um pouco relutante, concordei em levá-las tão logo terminasse de ler a Lição Bíblica indicada no Livrete Trimestral da Ciência Cristã. Lemos em Ciência e Saúde: “O bem que fazes e incorporas, te dá o único poder que se pode alcançar.”Ibid., p. 192. Logo eu constataria a veracidade dessa afirmação, ao auxiliar aquelas pessoas. Naquele dia, eu também achei a resposta para as perguntas que fazia há muito tempo.
Terminei de ler a Lição, fechei os livros e saí de casa para ver quem precisava ir à cidade. Então, subitamente, senti-me envolvida pela força, pela dignidade e pelo poder de Deus. Tudo ao meu redor estava envolvido por essa presença. Percebi que as qualidades espirituais de inteligência, alegria, altruísmo, bondade e outras mais eram emanações ou efeitos da presença de Deus e eram substanciais. Senti que todo o meu ser expressava retidão e dignidade. Eu tinha percebido um pouco do Espírito, Deus. Minha pergunta: “O que é o Espírito e onde está ele?” fora respondida. Eu também iria perceber de que forma essa compreensão do Espírito como substância resolveria minha necessidade humana de emprego.
Logo depois dessa percepção maravilhosa, chegamos à cidade e algumas pessoas do grupo pediram-me para parar no fórum, antes de seguir para a mercearia. Ali, enquanto eu esperava, senti-me impelida a ir a uma agência de empregos onde eu havia preenchido uma ficha, algumas semanas antes. Assim que me viu entrar, a funcionária da agência olhou-me surpresa e disse que estava justamente tentando lembrar-se de meu nome. Estavam precisando de uma pessoa com minhas qualificações para trabalhar como diretora do setor juvenil de uma instituição que ficava a menos de dez minutos de minha casa de campo. Aceitei o emprego e continuei nele e a tocar na Sociedade de Ciência Cristã nos meses de verão, durante todos os anos antes de me formar e mesmo alguns anos depois de formada.
A necessidade de emprego foi satisfeita, mas a compreensão do que é o Espírito, que eu alcancei naquela radiosa manhã de verão, por alguns breves minutos, continua até hoje. Encontrei uma passagem, em Ciência e Saúde, que parece explicar essa experiência notável: “O Espírito é simbolizado pela força, pela presença e pelo poder e também por pensamentos sagrados, alados de Amor.” Ibid., p. 512. Compreendi que a inteligência, a alegria, a bondade e o amor abnegado são efeitos dessa presença sagrada a que chamamos Amor divino, Espírito, e, à medida que refletimos, isto é, pomos em prática essas qualidades espirituais, tanto nossas necessidades quanto as de outras pessoas são satisfeitas.
O mais importante de tudo isso, porém, é compreender que essa força, essa presença e esse poder não estão conosco somente por alguns rápidos minutos, mas nos envolvem e nos mantêm sempre, atendendo a todas as nossas necessidades, por toda a eternidade.
