Era Época De férias na escola, mas eu tinha centenas de páginas do livro Moby Dick para ler, tinha um trabalho para escrever e estava com uma tremenda dor de ouvido. Eu nem imaginava, quando pedi a um amigo da família que orasse por mim, que eu ficaria livre também do vício de fumar, além da dor de ouvido.
Meu amigo com certeza compreendia meu ser verdadeiro melhor do que eu mesma. Seu pensamento, brilhando com a luz do Cristo, com a percepção do amor incondicional de Deus pelo homem, não aceitou nem o pecado nem o sofrimento como parte de minha identidade real, criada por Deus. Talvez isso explique por que, após mencionar brevemente a dor de ouvido, eu tenha começado a fazer a difícil confissão de que tinha o vício de fumar. Acrescentei uma série de razões pelas quais eu queria me libertar desse hábito, sendo que uma das mais importantes era o fato de eu estar estudando a Ciência Cristã. Um dos requisitos para que uma pessoa se torne membro da igreja é que não tome bebidas alcoólicas, não use drogas e não fume. Agora compreendo que eu nunca havia entendido realmente o porquê de tal exigência.
Para minha surpresa, meu amigo carinhosamente gracejou comigo! Não parecia muito impressionado com meu hábito “sofisticado” nem com o sentimento de culpa que eu tinha. Seu gracejo aliviou meu coração, que estava oprimido com minha devoção a “um maço de cigarros por dia”.
Meu amigo então perguntou: “Por quanto tempo você vai deixar uma nuvem de fumaça interpor-se entre você e Deus?” Supus que quisesse dizer que, de certa forma, eu estava associando minha sensação de bem-estar ao cigarro, ao invés de ao Amor divino. Fumar parecia um hábito relaxante, sofisticado e muito em moda entre meus amigos. Será que ele estava dando a entender que era mais seguro e gratificante buscar satisfação, equilíbrio e aceitação em Deus?
Ele mostrou-me a importância da motivação correta, isto é, de abandonar o hábito devido a meu relacionamento com Deus. Ele estava se referindo à filiação original e espiritual, tanto minha como de todos, com o Criador. Nesse parentesco, o Pai abençoa Sua criação para que a criação possa glorificar ao Pai, expressando Sua natureza pura e perfeita. Essa é a realidade espiritual de Deus e do homem, realidade essa que me impeliu a comparar o fascínio do mundo com a glória espiritual. Constatei que não havia realmente termo de comparação.
Relembrando a situação, percebo que o que me curou foi algo mais que as palavras de um amigo: foi o poder de Deus, da própria Verdade, que se evidenciava na vida que ele levava e no amor que expressava, refletido em sua absoluta convicção do amor que Deus tem pelo homem. A Ciência CristaChristian Science (kris’ tiann sai’ ennss) estava intimamente associada a essa fé inabalável e a esse amor abnegado.
O estudo dessa Ciência, através dos escritos de Mary Baker Eddy, firma o estudante profundamente na mensagem das Escrituras. Essa mensagem de amor curativo atingiu seu ápice na vida de Cristo Jesus. Contudo, tanto antes como depois desse homem de Deus ter estado aqui, outros tiveram vislumbres do Cristo, a Verdade, que lhes permitiram sentir seu poder transformador.
A pequena compreensão que adquiri do Cristo curativo despertou-me, especialmente quando meu amigo perguntou se eu conseguia visualizar Jesus andando pela rua, fumando um cigarro. Compreendi que a liberdade e a integridade do Cristo, que Jesus viveu tão plenamente, não podiam conviver com o hábito escravizante do cigarro. Como Jesus ensinou: “Ninguém pode servir a dois senhores”. Mateus 6:24. O vício desmoralizante não existe no Cristo.
No livro The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, encontramos esta mensagem da Sra. Eddy aos membros da igreja: “Já avançastes da oração audível para a inaudível; da comunhão material para a espiritual; dos medicamentos para a Divindade; e fostes grandemente recompensados. Exultai e alegrai-vos sobremaneira, pois assim o Amor divino redime da doença o vosso corpo; da sensualidade o vosso ser; do sentido a vossa alma; da morte a vossa vida.” Miscellany, p. 139.
Quando o poder da unidade absoluta entre Deus e o homem é discernido na oração, faz calar a atração da materialidade e faz com que a humanidade passe a sentir maior confiança em Deus. Dessa forma, pelo menos em certo grau, passamos a depender cada vez menos da materialidade. Assim nos preparamos para participar da missão curativa da Igreja.
Referindo-se à igreja “construída sobre o Princípio divino, o Amor”, a Sra. Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, diz em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Só nos podemos unir a essa igreja à medida que nascemos de novo do Espírito e alcançamos a Vida que é a Verdade e a Verdade que é a Vida, produzindo os frutos do Amor — expulsando o erro e curando os doentes.” Ciência e Saúde, p. 35. Certamente, os “frutos do Amor” ficaram evidentes para mim, naquele dia.
A dedicação de meu amigo à missão do Cristo o preparara para socorrer-me. Ele era praticista da Ciência Cristã e falou sobre a necessidade de eu mudar meu ponto de vista e demonstrar minha unidade com o Princípio mais elevado, Deus. Ele me lembrou da inocência e da pureza de minha verdadeira natureza espiritual e recusou-se a enaltecer o vício como algo que tivesse alguma conexão com o homem de Deus.
Tendo meu pensamento se afastado da base material, fiquei receptiva ao poder e à presença de Deus, que agiram eliminando a crença de dor (dor de ouvido), assim como a de prazer na matéria (o hábito de fumar). Algo realmente especial foi a suavidade desse poder, a ponto de fazer com que a princípio eu não percebesse a segunda cura.
Quando retornei à faculdade, uma semana depois, minha colega de quarto comentou com admiração: “Você parou de fumar?” Surpresa, repliquei: “Parei mesmo?” Então, serenamente, com uma gratidão que não diminuiu com o passar dos anos, acrescentei: “Sim, eu parei de fumar!”
A liberdade que eu acabava de descobrir incluía a liberdade de participar ativamente da igreja, permitindo minha própria manifestação da unidade com o Espírito, como filha de Deus.
Porque assim diz o Senhor Deus,
o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes,
está a vossa salvação;
na tranqüilidade e na confiança a vossa força.
Isaías 30:15
