Amaioria Das Pessoas conhece bem o Primeiro Mandamento: "Não terás outros deuses diante de mim." Êxodo 20:3. Muitos aprenderam-no na Escola Dominical e conhecem-no de cor. Mas quantos de nós se apercebem do poder curativo inerente a essas poucas palavras, quando aplicado a uma necessidade humana especial?
A Sra. Eddy, a mulher que fundou este periódico, conheceu diretamente o poder sanador do sentido espiritual desse mandamento. Ela escreveu: "O Primeiro Mandamento é meu texto favorito. Demonstra a Ciência Cristã." Ciência e Saúde, p. 340. Permitam-me contar-lhes um exemplo.
Quando ainda novata no estudo da Ciência Cristã, pedi a um praticista que me ajudasse, através da oração, para eu deixar de fumar. Tinha tentado tudo, mas sem resultado. Ele perguntou-me se o queria fazer por ter receio das conseqüências descritas na parte exterior de cada maço de cigarros, ou se eu queria ficar livre porque Deus criou o homem livre e eu tinha o direito divino de glorificar a Deus. Respondi que era pelo segundo motivo. O praticista explicou então que eu tinha vindo a prestar culto a algo que não era Deus, ou seja, aos cigarros. Estava acreditando que algo além dEle tinha poder sobre mim. Eu estava, de fato, violando o Primeiro Mandamento.
À medida que esse senhor tão amável ia silenciosamente orando por mim, veio-me o seguinte pensamento: "Não sei se consigo parar de fumar, mas sei que posso cumprir o Primeiro Mandamento." Agarrei-me, nos dias que se seguiram, a esse pensamento e ao sentimento do Cristo que tão calorosa e naturalmente me veio pela oração. A cura foi imediata e permanente. Todo o desejo de fumar se extinguiu nesse recém-nascido sentido espiritual.
Diz-se que, se alguém obedecer ao Primeiro Mandamento, então naturalmente obedecerá a todos os outros. Mas nossa capacidade de cumprir esse mandamento irá seguramente depender do nosso conceito de Deus, da nossa compreensão do Deus que iremos pôr acima de tudo. Nesse ponto, a Ciência Cristã é de inestimável valor, devido ao senso espiritual de Deus que ela revela.
Através de seu estudo das Escrituras, a Sra. Eddy encontrou outros nomes para Deus, que nos ajudam a compreender a verdadeira natureza da Divindade e a adquirir uma compreensão mais profunda de como ter um só Deus e ser obediente. Na página 465 de Ciência e Saúde encontramos sete sinônimos, em resposta à pergunta "O que é Deus?" A Sra. Eddy responde: "Deus é Mente, Espírito, Alma, Princípio, Vida, Verdade, Amor, incorpóreos, divinos, supremos, infinitos." Vejamos um pouco cada um deles e substituamos a palavra Deus por cada um dos sinônimos, no Primeiro Mandamento.
"Não terás outra Mente diante de mim." A inteligência tem de vir de algum lado. Virá ela da matéria, do cérebro? Poderá a verdadeira inteligência provir daquilo que é na sua maioria água — do tecido orgânico, de produtos químicos e impulsos elétricos? A verdadeira inteligência provém de Deus, o Espírito, e não depende da organização material ou do cérebro para sua manifestação. A crença contrária, ou seja, de que temos nossas próprias mentes independentes, não está de acordo com o Primeiro Mandamento, de não ter outra Mente além de Deus.
A Bíblia diz-nos: "Tende em vós a mesma mente que houve também em Cristo Jesus" Filip. 2:5. (conforme a versão King James). Como poderíamos nós cumprir isso se a Mente estivesse contida no cérebro, ou se ela fosse uma entidade inteligente e separada, pertencente apenas a Jesus? A Ciência Cristã explica logicamente que há um só Deus, portanto, uma só Mente. E que o homem, sendo a "imagem e semelhança" de Deus, como diz a Bíblia, reflete e expressa essa Mente única, divina e perfeita.
Isso pode ser facilmente percebido de um modo metafórico, se dissermos que o sol representa a Deus e os raios de luz representam o homem e a mulher individuais. O sol emite luz e calor. Cada raio tem a mesma fonte, no entanto todos eles são individuais e distintos. Da mesma maneira, cada um de nós tem a mesma fonte inteligente, a Mente única, no entanto todos nós a expressamos de um modo singular.
Essa verdade é a base para provar que a doença mental é irreal e para libertar as pessoas dos seus sentimentos de incapacidade ou depressão, assim como do mal-estar físico. A compreensão de Deus como sendo a única Mente é a base de toda verdadeira cura cristã, pois eleva nossas orações muito acima da fé cega, do mero desejo de que os doentes se recuperem, da manipulação mental ou de qualquer forma de hipnotismo. A Mente única é a mesma Mente do paciente e do praticista. Não existe outra. Essa verdade corrige e espiritualiza a consciência individual. Quando o pensamento é correto, o corpo está bem.
"Não terás outro Espírito diante de mim." Usando novamente a analogia do sol, percebemos que se este representar a Deus, cada raio terá de ser semelhante ao Espírito, ou seja, espiritual. E isso é o que a Ciência Cristã ensina — que o homem não é material, mas espiritual. Cristo Jesus ensinou que Deus é Espírito, e uma vez que Deus é infinito, Tudo, o Espírito tem de ser o que a verdadeira substância é. A aparente realidade da matéria contradiz esse fato espiritual, mas ela não é o que parece ser. Ela é apenas aparência, ilusão, o estado subjetivo daquilo que a Ciência Cristã chama de mente mortal. A matéria existe apenas no pensamento mortal, embora pareça existir fora dele. A Sra. Eddy compara a aparente substancialidade da matéria ao hipnotismo e às inúmeras ilusões que podem ser produzidas pela sugestão.
Para não ter nenhuma outra substância senão o Espírito, terse-á de compreender que a matéria é fundamentalmente um fenômeno mental, que Deus nunca a criou, e que Sua idéia, o homem, nunca nasceu na matéria. Esses fatos científicos espirituais podem parecer absurdos para aqueles que observam a vida a partir de uma base essencialmente materialista. Contudo, é um ponto vital na Ciência da cura pela Mente e algo que podemos progressivamente comprovar.
"Não terás outra Alma diante de mim." A opinião generalizada de muitas religiões é a de que a humanidade é composta de almas contidas em corpos materiais até que aquelas sejam libertadas pela morte. Muitos acreditam que essas almas podem pecar e perder-se ou ser condenadas ao castigo eterno. A Ciência Cristã ensina que Deus é Alma; que há um só Deus, por isso uma só Alma; que esta nunca está encerrada na matéria; nunca dividida ou subdividida em muitas almas; e nunca manchada pelo pecado. Cada expressão individual da Alma irradia inocência, pureza, beleza e alegria eternamente, sem interrupção.
Ter uma só Alma, um só "Eu", é perceber que todos somos irmãos. A compreensão dessa verdade silencia a concorrência, o ciúme, a inveja, o ódio e a crítica. Na base de um único Eu Sou, ou Alma, encontra-se a verdadeira identidade do homem, sem pecado. Saber que Deus é nossa verdadeira Alma e deixar que ela nos transforme — desejar arrepender-nos de um falso sentido de identidade e ser reformados — isso é o que põe fim aos castigos e à culpa. A Ciência da Alma revela nossa verdadeira identidade como sendo o reflexo da única Alma, que é Deus.
"Não terás outro Princípio diante de mim." O termo Princípio, aplicado à Divindade, de maneira alguma indica um Deus frio ou abstrato. Princípio é o Amor divino que abrange todos. É o fundamento sólido e imutável da perfeição para o homem e o universo. Esse sinônimo de Deus significa fonte, origem, Deus como o legislador. O Princípio é a base dos Dez Mandamentos e do Sermão do Monte, sendo inseparável deles. Jesus pôde ensinar e curar com autoridade divina porque ele refletia o Princípio. A autoridade de Jesus superou e ainda supera todas as opiniões humanas e crenças da lei material. Fundados e firmes nessa "rocha," em vez de nas areias movediças do raciocínio humano materialista, somos capazes de repetir as obras curativas de Jesus, como ele afirmou que seus seguidores fariam.
A ordem e a justiça do Princípio estão sempre ao alcance, para afastar as crenças do acaso e da instabilidade, da discórdia e da confusão. O Princípio é o poder e a autoridade governante suprema do universo. O Princípio cria e faz cumprir sua lei, que está sempre presente para ajudar e curar. Através da Ciência Cristã aprendemos que nada, a não ser esse Princípio perfeito e governante, o Amor, pode ter poder sobre nós.
"Não terás outra Vida diante de mim." No discurso de Paulo aos atenienses no livro dos Atos, ele fala de Deus como aquele "quem a todos dá vida, respiração e tudo mais". Ele diz: "Pois nele [Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos". Atos 17:25, 28.
Uma vez que Deus é Vida, eterna, e não há força ou poder que a Ele se oponha, então Deus tem de ser a Vida do homem e este tem de ser imortal. Desse modo, guardar o Primeiro Mandamento é abandonar progressivamente a crença de ter uma vida própria independente, como se fosse uma possessão pessoal, uma crença de vida como sendo mortal. Até mesmo a frase "vida mortal" é uma contradição de termos. Não ter nenhuma outra Vida além de Deus revela a energia divina, única na sua ação sobre a mente e o corpo.
A grande verdade de que o homem reflete a Vida que é Deus, em vez de depender de um organismo físico para sua existência, é a chave para quebrar o mesmerismo que diz que tudo tem de morrer. Esse poder divino liberta-nos dos sintomas agressivos da doença e dissipa a mentira da incurabilidade ou do desespero. A imagem e semelhança da Vida não pode morrer, portanto podemos dar os primeiros passos no sentido da demonstração desse fato, argumentando a favor do lado correto da questão, em nosso próprio pensamento. O homem de Deus não é mortal, mas sim imortal. Devemos vigiar nossos pensamentos para que se tornem fiéis a essa verdade.
"Não terás outra Verdade diante de mim." No mundo existem muitas correntes de pensamento com teorias incompatíveis sobre a verdade. O que é a verdade? Jesus disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará." João 8:32. Se aquilo em que acreditamos não nos está libertando dos grilhões do pecado, da doença e da morte, da limitação e da restrição, então isso não pode ser a verdade científica, pura e sem mácula à qual Jesus se referia. Tal crença não é conhecimento.
Conhecer algo é estar continuamente ciente disso como um fato, raciocinar a partir daí, utilizá-lo e atuar desde essa base. A Verdade, ou Deus, era o fator primordial na vida de Jesus. Pouco antes da crucificação ele disse a Pilatos: "Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade." João 18:37. Até que ponto podemos dizer que estamos seguindo o exemplo de Jesus como testemunhas da verdade?
"Não terás outro Amor diante de mim." Para não ter nenhum outro Amor além de Deus, precisamos colocar todos as nossas afeições no Espírito e amar o homem e o universo como sendo espirituais. Se amas o sol, então amas também seu brilho. Do mesmo modo, através do sentido espiritual, se amas a Deus como Mente, Espírito, Alma, Princípio, Vida, Verdade e Amor, então amas também a expressão de Seu ser, o homem. Precisamos aprender a amar a idéia espiritual do homem e sentir a calidez de refletir o Amor divino.
Esse amor refletido dissipa o senso limitado, pessoal e material de amor. Quando isso acontece, verdadeiramente amamos. O amor espiritual não é dependente de outras pessoas, de sua reação ou não reação, nem das circunstâncias que rodeiam um relacionamento. Esse amor verdadeiro que o Espírito expressa em nós é estável, imutável e alegre, independentemente da situação humana. Amamos porque a energia do Amor divino é inerente ao nosso verdadeiro ser. O raio de sol brilha devido à energia que dele reflete. Do mesmo modo, porque a imagem e semelhança do Amor é um reflexo eterno, o homem nunca poderá estar separado do conforto, ternura e cuidado do nosso Pai-Mãe Deus. Somos sempre o objeto do Amor de nosso Pai-Mãe. Eis a razão pela qual nos podemos sempre sentir amados.
Não há limite para nosso estudo dos sinônimos de Deus. Cada um deles tem de ser mais profundamente compreendido, se queremos obedecer a Seu mandamento de um modo inteligente e demonstrar o poder curativo que daí naturalmente advém. Como é compreendido na Ciência Cristã, o Primeiro Mandamento revela uma verdade animadora e reconfortante: o homem não tem outros deuses. Quão maravilhosamente Deus nos ensina! Apenas temos de escutar.
