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Quando ansiamos por vencer a ira

Da edição de novembro de 1994 dO Arauto da Ciência Cristã


• A mãe, ou o pai, lamenta ter reagido com raiva, com relação ao filho.

• O casal esforça-se para juntar de novo os fragmentos de sua união, após mais uma explosão de cólera.

• A mulher examina o que sobrou do maior investimento de sua vida, um dia depois que uma multidão enfurecida lhe saqueou a loja.

Essas cenas são por demais comuns, num mundo que parece dominado pela ira. Muito embora a raiva pareça ser inevitável, natural e seja até considerada saudável, de acordo com algumas teorias, existe no coração humano um anseio por um lar e uma vida cheios de ternura, desvelo e paz. A maioria das pessoas acalenta conscientemente o desejo de viver numa família global, na qual não existam nem a raiva nem a violência que dela resulta.

Talvez uma questão controvertida desperte nosso interesse, até mesmo apaixonadamente. Talvez tenhamos toda a razão em expressar nossas preocupações com indignação. Na história contemporânea, muitos grupos de pessoas se viram compelidos, devido a profundas convicções, a exigir que os governos corrijam a injustiça. Isso pode ser muitíssimo útil para a coletividade. Mas se a indignação impulsiva e egocêntrica infiltrou-se em nossas relações com os outros, sabemos que essa é uma raiva destrutiva, não construtiva, e ansiamos por vê-la curada.

Talvez estejamos cada vez mais apercebidos de que magoamos pessoas queridas com palavras duras. Ou reconhecemos a necessidade de dominar o desejo de manipular os outros por meio de respostas bruscas ou mordazes. O sentimento de culpa, por si só, nunca irá curar realmente a situação, mas o desejo sincero de corrigir o mau hábito já é um passo na direção certa. Em geral, porém, a simples resolução: “Nunca mais ficarei com raiva”, é insuficiente para impedir uma reação explosiva, num momento de frustração. Nessas ocasiões, parece que não conseguimos nos dominar. Existe algo, porém, que pode e deve ser aplicado à situação, se de fato queremos a cura dos atritos.

Esse “algo” é o Cristo, que é uma poderosa força corretiva em nossa vida. O Cristo é a verdade de Deus que Jesus tão bem corporificou. Foi o Cristo que capacitou Jesus a rejeitar a tentação de deixar-se dominar pela cólera dirigida contra ele. Há registros de que o povo o ridicularizou e insultou. Foi seu carácter profundamente cristão que lhe deu a força espiritual de permanecer calmo e confiar no fato de que Deus controlava sua vida. Por exemplo, em Lucas, lemos que os habitantes de Nazaré, ao serem repreendidos por Jesus, “se encheram de ira. E levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até ao cume do monte sobre o qual estava edificada, para de lá o precipitarem abaixo. Jesus, porém, passando por entre eles, retirou-se.” Lucas 4:28—30.

Isso não significa que Jesus tivesse ficado indiferente à perversidade. A Bíblia diz dele: “Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade”. Hebreus 1:9. Ele tinha reputação de repreender severamente. Mas sua indignação justa provinha de seu amor a Deus e aos homens. Jamais causou dano a alguém. Isso é bem diferente do senso de retidão pessoal que brota do egoísmo e do ódio, ferindo os outros.

O Cristo age em nossa consciência a fim de revelar nossa verdadeira natureza como descendência espiritual de Deus, a própria emanação, a imagem, do Amor divino. Essa compreensão da verdadeira identidade do homem dá-nos força na luta para vencer a fraqueza humana da ira.

O Cristo também revela a totalidade de Deus como Mente onipotente. A Sra. Eddy explica quanta importância tem para nós a compreensão desse fato científico, no esforço para superar o mal. Em Ciência e Saúde ela escreve: “O exterminador do erro é a grande verdade de que Deus, o bem, é a Mente única e que o suposto contrário da Mente infinita — chamado diabo, ou o mal — não é a Mente, não é a Verdade, mas é o erro sem inteligência nem realidade. Só pode haver uma Mente, porque há um só Deus; e se os mortais não pretendessem ter outra Mente, e não aceitassem nenhuma outra, o pecado seria desconhecido.” Ciência e Saúde, p. 469.

Essa poderosa lei de uma única Mente, a divina, desfaz as teorias em voga relativas às causas da cólera. Teorias populares supõem que a raiva resulte de reações químicas, tensões nervosas, pressão, depressão, ódio e ressentimento. Cada uma dessas suposições tem raízes na crença de que há uma mente separada de Deus, governada pela matéria, mente que pode ser limitada ou má.

Quando compreendemos que o universo da Mente divina está em perpétua harmonia e é mantido em equilíbrio perfeito, compreendemos também que as afirmações sobre desequilíbrios emocionais e químicos são essencialmente crenças errôneas. Essas crenças não exercem controle real sobre o homem, que é uma idéia da Mente. O homem é espiritual e, portanto, corporifica a “química” perfeitamente equilibrada do Espírito. Por ser a expressão do ser harmonioso de Deus, o homem existe no estado de equilíbrio imutável. Nada pode desequilibrá-lo.

A compreensão clara de que Deus é a única Mente infinita, é também o antídoto para o sentimento de pressão ou a depressão profunda que amiúde fomentam a raiva. O sentimento de pressão resulta da crença em limites: tempo limitado, suprimento, habilidades e sustento limitados... qualquer coisa limitada. Portanto a pressão, assim como a ansiedade e as tensões que a acompanham, são destruídas pela compreensão de que Deus é a Mente infinita e ilimitada. Não há lugar para temores ou estresse na Mente que só conhece o bem. Do mesmo modo, entender que Deus é Amor, e que o homem é o filho ternamente amado do Amor, liberta-nos da depressão. O homem reflete os impulsos do Amor e não os impulsos da matéria, carregados de eletricidade. Sua verdadeira disposição de ânimo fica imperturbada e não tem suscetibilidades, não é consumida por nervos ou genes incontroláveis.

Quanto mais compreendemos nossa identidade espiritual, tanto mais entendemos quão falsas são as teorias que apresentam a ira como normal e saudável, ou que promovem a síndrome do “não consigo evitar.” Com a compreensão espiritual nós conseguimos, sim! A raiva é, tal como qualquer outra forma de mal, um estado hipnótico do pensamento, cuja irrealidade pode ser comprovada com esforços espirituais. É curada quando a mente e o ego humanos cedem, mediante a compreensão espiritual, ao controle onipotente de Deus, o Amor inteligente.

Um Cientista Cristão que conheço estava sendo entrevistado por um jornalista imparcial. Discutia-se um assunto delicado, e meu amigo sabia que era preciso usar firmeza e uma linguagem direta. O entrevistador foi se tornando mais agressivo, mas meu amigo continuou calmo e seguro, confiando em que sua compreensão do controle de Deus manteria seu equilíbrio e serenidade. A certa altura, o jornalista inclinou-se por cima da mesa e bateu nela com o punho, dizendo: “O senhor está sendo perseguido! Por que não está com raiva?” Meu amigo fez uma pausa e calmamente respondeu: “A raiva precisa ser curada.”

Ao atravessar um momento tenso, também nós poderemos passar por ele com equilíbrio espiritual. Se não conseguirmos demonstrar imediatamente a serenidade inata do homem, podemos, com oração persistente, curar as dificuldades emocionais, ou mesmo físicas, associadas com os sentimentos de cólera.

Em certa época, eu vinha lutando contra uma tosse crônica. Como havia me apoiado em Deus e em Suas leis para a cura de outras dificuldades, eu sabia que esse problema também poderia ser curado por meios espirituais. Mas eu continuava tossindo. Certa noite meu marido observou: “Parece que você tosse com raiva.”

Naquela noite, ao orar, apercebi-me tangivelmente do amor maternal de Deus por mim. Vi que o amor de Deus traz consigo uma paz duradoura, e que esse amor podia curar um profundo ressentimento que eu vinha acalentando. Pensei num trecho de uma poesia da Sra. Eddy, que diz:

Avisto sobre o bravo mar
O Cristo andar,
E com ternura a mim chegar,
E me falar.Hinário da Ciência Cristã, nº 253.

Era o Cristo que externava o terno amor de Deus por mim e Sua amorosa proteção. O Amor divino tinha todo o bem disponível para mim e para cada um de Seus filhos. Essa terna convicção aqueceu-me o coração, expulsando os sentimentos e pensamentos duros e gelados que eu tivera.

O homem não é um mortal agitado e irritado. O homem é a idéia de Deus e está para sempre em paz. Está em paz com as idéias de Deus, que o acompanham e sustentam perfeitamente. Está em paz com sua individualidade espiritual, por ser esta uma expressão da Alma. Aí estava a verdade a meu respeito. Orei para ver que os velhos pensamentos de antagonismo não podiam reinar na minha consciência. Ao aceitar a verdade de minha identidade real, sobre-veio-me um consolo e uma calma como não sentia havia muitos e muitos dias. Na manhã seguinte, tanto a raiva como a tosse tinham desaparecido.

Não é necessário cairmos nas armadilhas das crenças e tendências materiais. Se a imprensa falada e escrita nos informa que somos uma multidão de gente irada com os acontecimentos na política e na economia, não é necessário aceitarmos essa imposição. Devemos tomar parte ativa, em espírito de oração, em apoio a nossa sociedade, mas podemos permanecer calmos. Podemos vigiar para não nos deixar influenciar pelas constantes imagens de violência e raiva, apresentadas nas telas da televisão, dentro de nossos lares. Podemos até recusar-nos a aceitar imagens de violência como “entretenimento”. Com a convicção de nossa identidade espiritual, para sempre governada pelo Amor, podemos, passo a passo, manter o domínio próprio, responder delicadamente a ofensas, curar o estado hipnótico da raiva.

Pensemos na esperança e na promessa aí contidas! Uma vida harmoniosa. Um lar feliz. A vida de cada um, contribuindo para a paz entre as nações.

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