Muitas São As recompensas quando tomamos o cuidado de defender-nos diariamente contra as sugestões mentais agressivas: gozamos de melhor saúde, sentimos uma felicidade mais profunda e temos maior consciência de nosso propósito. Além disso, percebemos melhor o cuidado protetor de Deus. Todavia, o verdadeiro objetivo da defesa mentalmente espiritual tem um significado muito mais profundo, como é salientado no Manual de A Igreja Mãe, de autoria da Sra. Eddy, no parágrafo intitulado “Vigilância quanto ao dever”. Diz ali: “Será dever de todo membro desta Igreja defender-se diariamente contra sugestão mental agressiva, e não se deixar induzir ao esquecimento ou à negligência quanto ao seu dever para com Deus, para com sua Líder e para com a humanidade. Segundo as suas obras será julgado — e justificado ou condenado.”Manual, Art. 8º,§ 6.
A defesa espiritual tem basicamente a finalidade de nos tornar capazes de trabalhar com mais eficácia para Deus e para a Causa da Ciência Cristã, beneficiando assim a humanidade. Tal atividade nos satisfaz plenamente, porque a recompensa advém das “obras” que conseguimos fazer, que provam ser a Ciência Cristã a vinda do Consolador, para a salvação de toda a humanidade.
As bênçãos que vêm de Deus, como foi mostrado claramente na vida de Cristo Jesus, não são ganhas sem sacrifício próprio, sem autodisciplina e sem profunda consagração ao propósito de demonstrar que o Espírito, não a matéria, é Tudo-em-tudo em nossa existência. Embora a mente humana talvez não concorde que uma vida de amor abnegado e de coragem moral seja uma "recompensa", nosso coração e a satisfação íntima que sentimos dizem que é. À medida que crescemos na verdadeira espiritualidade, experimentamos a magnitude da alegria real que Jesus desejava para seus seguidores. O Mestre certa vez disse aos discípulos que haviam sido bem sucedidos no trabalho de cura, que não se regozijassem pelos resultados visíveis "e, sim, porque os vossos nomes estão arrolados nos céus." Lucas 10:20.
A sugestão mental agressiva tenta nos dizer que nossos nomes não estão "arrolados nos céus." Procura nos convencer de que não conseguimos saber a verdade com êxito em nosso próprio benefício, e muito menos estamos capacitados a orar inteligentemente pela Causa que a Sra. Eddy, com tanta abnegação, trabalhou para estabelecer. Nossa consciência precisa ser defendida dessa crença falsa, pela percepção de que não podemos ser levados a duvidar de nossa permanente unidade com Deus, pois somos o homem, o reflexo puro da Mente infinita.
É bem verdade que a mente humana não pode curar os doentes, nem sabe o suficiente a respeito de Deus para fazer justiça ao Seu poder e amor infinitos. Na realidade, porém, o homem não é absolutamente um ser mortal com uma mente limitada, humana. Ele é, em verdade, o próprio representante da Mente divina, é a testemunha espiritual, de fato, da inteligência, sabedoria e poder de Deus.
Como é importante reconhecer que apenas a Mente única, Deus, Vida e Amor divinos, é a fonte de todos os nossos pensamentos! Se não admitirmos que a Mente controla e governa nossa vida, estaremos inadvertidamente abrindo nossa porta mental à crença de que o erro, o mal, é nossa mente.
Todavia, a sugestão de uma mente humana mortal não implica apenas a sugestão de uma mente pessoal e má. Traz consigo também a crença de muitas mentes, as crenças coletivas da humanidade. Por exemplo, os seres humanos têm a tendência de aceitar acidentes, morte, pecado, doenças, carência, como sendo condições que o homem não pode evitar. A defesa espiritual que nos salva de admitir esses erros é o reconhecimento, em oração, de que Deus, o bem, é a Mente única, é nossa verdadeira Mente e é, de fato, a verdadeira Mente de cada um, em todo lugar.
Na realidade, não é possível que o homem tenha pensamentos que não sejam os de verdade e bondade procedentes de Deus, a fonte de todo pensamento genuíno. Entretanto, até que demonstremos plenamente, por meio do crescimento espiritual, que o mal, o medo, a doença realmente não têm nenhuma realidade, devemos, em oração, nos defender das dúvidas que a mente humana tem sobre a unidade do homem com Deus, dúvidas essas que têm a pretensão de constituir nossa consciência.
A Sra. Eddy estava bem consciente da necessidade de reconhecer a Deus como sendo a única Mente real do homem. Sua fé profunda na totalidade e no amor de Deus era constante. Em resposta à pergunta “A senhora crê em Deus?” em seu livro Unity of Good, ela afirma: "Creio nEle mais do que a maioria dos cristãos, pois não tenho fé em nenhuma outra coisa nem em outro ser." Depois acrescenta: “Para mim Deus é Tudo.”Un., p. 48.
O erro, ou mal de qualquer espécie, pode ser considerado como sendo a dúvida do mundo sobre a totalidade de Deus. A mente mortal não é uma mente real, é falta de inteligência, é ignorância obtusa a respeito da presença de Deus. O mal não é algo real, não é uma pessoa, um pensamento, nem uma situação. O mal é simplesmente a crença falsa, manifestada sob várias formas, de que Deus esteja ausente de nossa vida. Por isso, como é maravilhoso descobrir, através da vida de Cristo Jesus e dos ensinamentos da Ciência Cristã, que Deus está sempre presente e que esse fato é demonstrável!
Como ocorre essa demonstração? A Bíblia nos orienta a esse respeito. O Salmista diz: “Deus é o meu escudo; ele salva os retos de coração." Salmos 7:10. Ser “reto de coração” é entendido geralmente como: ser honesto e ter moralidade. Além disso, num sentido mais espiritual, pode significar também pensar de acordo com a verdade de Deus, a Mente divina. Em realidade, significa deixar que Deus seja nossa Mente, abandonando a crença de que temos uma mente pessoal passível de ser influenciada pela opinião mortal.
Quando aprendemos a escutar a Deus e a rejeitar a mentira de que o homem seja um mortal com uma mente pessoal, deixamos de ser os fantoches dessa suposta mente carnal. Ao invés disso, começamos a refletir os puros pensamentos crísticos, que incluem verdade e domínio e vêm de Deus. Esse pensamento crístico nos mentém alerta contra as imposições da mente carnal. Então o medo, o senso pessoal e o cômodo viver materialista não podem nos “induzir ao esquecimento ou à negligência" (como diz o Estatuto) quanto a nossas responsabilidades para com Deus e para com a Causa da Ciência Cristã, Causa essa que visa a libertar a humanidade da tirania do senso material.
O estatudo do Manual intitulado "Vigilância quanto ao dever" não diz especificamente como devemos cumprir nossas responsabilidades para com Deus, para com nossa Líder e para com a humanidade. Isso é deixado a cargo da oração e demonstração individuais. No entanto, há sem dúvida um fundamento comum a esses deveres específicos. A Ciência Cristã revela a Deus como Princípio divino, Amor, e nosso objetivo, como um todo, é dar testemunho do Princípio divino. Não poderia ser essa uma parte de nosso "dever para com Deus": reconhecer Sua totalidade e orar para ter o amor, a sabedoria e a coragem de obedecer às ordens do Princípio divino? Quando nos defendemos, reconhecendo que o medo e o ódio, por não serem provenientes do Princípio, não podem nos impedir de amar e obedecer a Deus de todo o coração, então Sua bondade será refletida em nossa vida com mais naturalidade.
Sabemos que a liderança da Sra. Eddy era espiritualmente motivada, e ela mesma declarou qual era seu objetivo, em Miscellaneous Writings: ".. . incutir na humanidade o reconhecimento genuíno da Ciência Cristã prática e eficaz."Mis., p. 207. Sem dúvida, parte de nosso dever para com tal liderança consiste em reconhecer e reproduzir em nossa vida o amor abnegado e a dedicação que ela demonstrou ao dar à humanidade a revelação da Ciência Cristã. Uma defesa mental apropriada inclui a compreensão clara do papel específico da Sra. Eddy como Descobridora, Fundadora e Líder da Ciência Cristā. Tal defesa nos habilita a derrotar as dúvidas da mente humana quanto à própria Ciência Cristã, dúvidas essas que, se não forem detectadas e anuladas em nossa própria consciência, poderão impedir nossa própria demonstração da verdade que a Ciência revela. À proporção em que aprofundarmos nosso apreço por sua liderança contínua, por seus motivos puros, pelo Manual e pela Igreja que ela fundou, ganharemos força para anular o ódio ao Cristo, a Verdade, e anular também o ódio para com aquela que proclamou a Ciência do Cristo a esta era.
Nosso dever para com a humanidade talvez seja mais bem expresso nas palavras de Cristo Jesus: "Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai."6 Qualquer pessoa que estuda a Ciência Cristã recebe em abundância a alegria de aprender a verdade espiritual da realidade e bondade de Deus. É natural querer compartilhar essa alegria com outros. A medida que oramos para demonstrar nossa verdadeira pureza e bondade, somos fortalecidos em nossa compreensão de que o Cristo, a Verdade, já está presente em cada consciência humana. Percebemos que a individualidade de cada um é muito mais do que aquilo que os sentidos físicos admitiriam. Então não podemos ser induzidos à indiferença para com o bemestar de outrem. Quando nos defendemos, sabendo que o Amor divino é a Mente única do homem, descobrimos que amamos nosso irmão, da forma como todos merecem ser amados, isto é, como filhos espiritualmente perfeitos e amados do único e perfeito Deus.
Quanto mais deixarmos de lado, com gratidão e em espírito de oração, as pretensões de que a mente humana possa ter um real conhecimento e algum poder de cura, quanto mais nos lembrarmos, todos os dias, de que Deus é a única Mente, nossa Mente verdadeira, tanto mais valiosa será nossa contribuição para a Causa da Ciência Cristã. Então receberemos as doces recompensas da defesa diária: nossa segurança mental e a consciência de estarmos cumprindo nosso dever para com Deus, para com nossa Líder e para com a humanidade.
