Tantas Coisas São importantes. Aliás, tantas, tantas coisas merecem nossa consideração, diariamente. Só os detalhes e a mecânica do cotidiano, em nossa vida, já são capazes de ocupar todo o tempo, até constatarmos ter negligenciado a coisa, ou coisas, que mais nos beneficiariam. Com a vida cheia, pode parecer difícil acrescentar-lhe alguma coisa extra ou abrir, ainda que o mínimo espaço, para algo novo, por mais importante que seja.
O fato é que há um lugar em que podemos abrir espaço para o que é realmente importante: é no pensamento. Sempre haverá oportunidade no pensamento, não importa o quanto estejamos ocupados. Sempre haverá ocasião de voltar atrás mentalmente, escutar a mensagem particular de Deus para nós, naquele momento, inserir em nosso dia as leis morais e espirituais indicadas por Cristo Jesus, orar com humildade.
As inúmeras minúcias do viver diário não precisam competir com o tempo que reservamos para pensamentos de alta qualidade. Elas podem até ocorrer ao mesmo tempo. Um amigo meu lê uma página do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, enquanto espera na fila do caixa. Uma amiga o faz enquanto aguarda no posto de gasolina.
Nem sempre é bom procurar apenas remendar nosso modo de vida e o modo de pensar habitual. Amiúde precisamos dar um passo para trás, avaliar as coisas e recomeçar. Cristo Jesus disse isso da seguinte forma: “Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque o remendo tira parte do vestido, e fica maior a rotura.” Mateus 9:16. Até em meio aos ruídos do lugar de trabalho, podemos achar espaço para pensar com maior profundidade e nos aperfeiçoar.
Por exemplo, meu primeiro emprego foi como lavador de pratos em um restaurante muito popular. O movimento ali era tanto, que nenhum lavador de pratos conseguiria jamais ficar parado. No final da noite, quem quer que estivesse naquele serviço tinha tal montanha de pratos e panelas, copos e talheres, que a pilha mais se assemelhava ao monte Fuji, no Japão!
Não demorou muito, cheguei à conclusão de que a única coisa que eu podia fazer naquele serviço, além de lavar pratos, era sentir-me infeliz. Ficava com pena de mim mesmo e remoía sobre o quanto mais satisfeito eu estaria se trabalhasse em algum outro lugar.
Depois de uns oito meses lavando pratos e sentindo-me infeliz, lembro-me de que pensei comigo mesmo, certo dia, ao guardar os copos numa prateleira: “Por que tenho de esperar que minha vida mude, para me sentir feliz? Por que não posso ser feliz agora?” Logo depois dessa pergunta, veio a resposta exata que me mostrou como fazê-lo. A resposta foi: “Se não tenho amor ao que faço, e se daquilo que faço não recebo nenhum amor, então tenho de expressar o Amor divino, Deus, aqui mesmo, em meu emprego.”
Assim, resolvi cultivar um profundo senso do amor de Deus em cada um de meus movimentos, naquele restaurante. Eu não fazia coisa alguma sem reconhecer a presença do Amor divino e fazer meu serviço com amor. Para me firmar nesse ponto, a princípio, retirei todos os copos da prateleira e os recoloquei um a um, sentindo amor em cada movimento. Se eu não sentisse amor ao colocar de volta um copo, retirava-o e tentava de novo, até ficar contente de fazê-lo.
Depois de trabalhar desse modo algumas horas, um dos fregueses chamou-me à mesa e me ofereceu um emprego na empresa dele. Poucos minutos mais tarde, o gerente do restaurante perguntou-me se eu gostaria de trocar o lugar de lavador de pratos pelo de ajudante de garçom (ele não sabia que outro emprego fora-me oferecido havia pouco). Fiquei maravilhado! E um tanto zangado comigo mesmo. Por que eu havia esperado oito meses para começar a amar o que fazia? Poderia ter começado a qualquer momento. Aceitei o serviço de ajudante de garçom e, embora esse também fosse bem trabalhoso, expressei todo o amor possível em cada movimento e em cada tarefa.
Nem bem colocamos as coisas em perspectiva, tomando mais tempo para algumas das que realmente importam, precisamos cuidar para que continuem na direção certa. Abrir espaço em nossa vida para a influência de Deus significa abrir espaço em nossos pensamentos para a influência de Deus somente, para o bem somente. A Sra. Eddy instruiu: “Amados Cientistas Cristãos, conservai vossa mente tão cheia de Verdade e Amor, que o pecado, a doença e a morte nela não possam entrar. É claro que nada se pode acrescentar à mente que já está cheia. Não há porta pela qual possa entrar o mal, nem espaço que o mal possa ocupar, na mente repleta de bondade. Os bons pensamentos são uma armadura impenetrável; assim revestidos, estareis completamente resguardados contra os ataques do erro de qualquer espécie. E não só vós estareis protegidos, mas também todos sobre quem repousarem vossos pensamentos, serão por esse meio beneficiados.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 210.
A vida de Cristo Jesus é nosso melhor modelo, é o modelo supremo, para colocar em primeiro lugar as coisas que devem estar em primeiro lugar. O mundo ficou infinitamente melhor por causa de Jesus, que se dedicou a conhecer o Pai e a obedecer à vontade dEle, sob quaisquer circunstâncias. Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” João 5:17. Mais do que deixar-nos apenas satisfeitos pessoalmente, esse modo cristão de agir é fundamental à nossa salvação.
Por vezes me pergunto: “Estou seguindo a Jesus?” A não ser que a resposta seja afirmativa, não estou, efetivamente, colocando as coisas mais importantes em primeiro lugar e buscando o reino de Deus, como o Mestre nos instruiu a fazer. Nada impedia Jesus de pensar sobre as coisas mais importantes, de diariamente cumprir a vontade de Deus para com ele. E nada nos impede de fazer o mesmo. Pede a Deus que te mostre qual é Sua vontade para ti, no dia de hoje, e obedece-Lhe — com amor.
Assim, pois, amados meus,
como sempre obedecestes, não só na minha presença,
porém muito mais agora na minha ausência,
desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor:
porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade.
Filipenses 2:12, 13
