Quem Não Quer progredir? Apesar dos obstáculos, ainda assim nutrimos o desejo de nos desenvolver, de alcançar nossos mais elevados anseios. À medida que compreendemos a base espiritual do potencial do homem, podemos alcançá-lo!
A chave para compreendermos nosso potencial é o fato de que, como imagem e semelhança espiritual de Deus, o homem já é completo. Deus, a Mente única, criativa, não nos incuba como uma idéia embrionária e gradualmente vai adicionando partes até que estejamos completos. Progredimos humanamente passo a passo, mas esse progresso na verdade é a evidência do eterno desdobramento, ou revelação, da inteireza e perfeição espirituais do homem.
Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: “Deus expressa no homem a idéia infinita que se desenvolve eternamente, que se amplia e, partindo de uma base ilimitada, eleve-se cada vez mais.” Ciência e Saúde, p. 258. Mas será que desenvolvimento significa melhorar a partir de um começo limitado? Não, o homem não é oriundo de um começo finito. Na verdade, o homem à imagem de Deus, a Vida eterna, jamais começa, mas sempre existiu como o reflexo completo de Deus. O desenvolvimento espiritual deve incluir a revelação, ao pensamento humano, daquilo que já está presente. Deus expressa eternamente no homem a natureza divina. O progresso humano deve ser construído sobre a rocha desse relacionamento entre Deus e o homem. Não há necessidade de achar que não temos muito talento ou que a vida nos deu um “abacaxi”. Nem precisamos nos esfalfar numa tentativa forçada de “chegar lá”. Ao invés disso, podemos crescer na compreensão de nosso relacionamento com a Mente divina, que é nossa origem e também a fonte de todas as idéias.
Esse crescimento verdadeiro inclui praticar o que estamos aprendendo, como Cristo Jesus o ensinou. A Sra. Eddy escreve: “O conceito que a humanidade tinha de Jesus era o de uma criancinha nascida em uma manjedoura, precisamente enquanto o Cristo divino e ideal era o Filho de Deus, espiritual e eterno. No conceito humano o filho de Deus devia crescer e desenvolver-se; mas na Ciência sua natureza divina e sua condição de homem foram para sempre completas e residiram para sempre no Pai.”Não e Sim, pp. 36–37. Essa natureza espiritual do homem, que Jesus nos apresentou, é nossa verdadeira natureza. O progresso humano está assegurado quando ancorado na compreensão dessa natureza, completa em Deus. Na verdade, o progresso depende de nosso esforço em estabelecer no pensamento o sentido firme de que o Pai é responsável por nosso desenvolvimento. Os antigos conceitos de progresso do tipo “faça você mesmo” às vezes parecem bastante persistentes. Precisamos desenraizar os maus hábitos de nossa consciência.
Um dos conceitos que precisamos desarraigar é o de que temos um longo caminho pela frente, antes de alcançarmos o crescimento pleno. Quanto tempo vai levar até que alcancemos um nível razoável? Pergunte a Deus, e preste atenção à resposta. Deus vê nossa inteireza, para sempre. E cada um dos passos que se desdobra nada mais é do que um novo ângulo dessa inteireza. Quando entendemos isso, encaramos o futuro com alegria, para abrir nossos pensamentos a novas perspectivas de Deus e do homem, a cada experiência.
Outro conceito a descartar é o de que para alcançar o ponto culminante do crescimento, precisamos passar por uma luta difícil. Esse conceito se desfaz sob a luz que Deus irradia, ao garantir que não estamos adicionando algo à nossa verdadeira natureza, mas a estamos manifestando. A conhecida exortação de Jesus: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” Mateus 5:48. expressa tal afirmação garantida. O Salvador, vendo seus discípulos como sempre sustentados e guiados por Deus, não hesitou em recomendar-lhes que expressassem sua verdadeira natureza como filhos de Deus. Requereria bastante trabalho, mas essa perfeição poderia ser demonstrada no presente. Como a Sra. Eddy comenta em Miscellaneous Writings: “A purificação ou batismo pelo Espírito desenvolve, passo a passo, a semelhança original do homem perfeito, e oblitera a marca da besta. ‘Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe’, portanto, regozija-te na tribulação, e recebe com alegria estes sinais espirituais do novo nascimento sob a lei e sob o evangelho de Cristo, a Verdade.” Miscellaneous Writings, p. 18.
Um exemplo de minha própria vida ilustra até certo ponto alguns desses elementos de progresso. Houve uma época em que chegar a decisões em grupo era difícil e penoso para mim. Empenhava-me por uma determinada alternativa e tinha dificuldade em aceitar outra opção. Algumas vezes minha escolha era aceita pelo grupo, mas não sem argumentação obstinada de minha parte. Quer minha posição prevalecesse, que não, parecia haver uma tensão e confusão internas que me deixavam exausto.
O que precisava ser curado era muito mais que um único mau hábito. Primeiro, havia a impressão errônea de que o grupo não poderia chegar a uma decisão válida sem minha opinião e direção pessoais. Eu também precisava perceber que um resultado diferente daquele que eu havia abraçado podia estar perfeitamente correto. Precisava reconhecer que cada indivíduo, sendo o homem criado por Deus, possui, por refletir a Deus, tudo o que precisa. Na verdade, um falso sentido de ego precisava ser removido, a fim de que a operação da Mente, Deus, pudesse ser vista. Aos poucos comecei a compreender que o que está realmente ocorrendo não é uma personalidade mortal, fazendo valer seus próprios vislumbres, mas a divina fonte de todo pensamento correto, impelindo os pensamentos de cada membro do grupo.
Ultimamente, participar de decisões em grupo tem se tornado uma atividade mais serena para mim. A solução foi confiar na ação da Mente divina, substituindo um sentido de voluntariedade humana por uma confiança maior em que a Mente única realmente é infinita, que está ativamente expressando a inteligência refletida pelo homem. Não parei de dar minhas opiniões. Mas agora posso ouvir sugestões diferentes e elas não me deixam de cabelos em pé. Jamais teria conseguido dar esse passo de progresso através de meus próprios esforços.
O desejo profundo de cumprir o propósito que Deus nos designou, desejo este acalentado e nutrido, liberta o pensamento para reconhecermos o que já somos realmente. Isto, por sua vez, leva a um progresso e desenvolvimento humanos muito além do que podemos imaginar. Leva, não à aquisição de objetos ou ao status, mas à transformação do caráter. Esse progresso não é impelido por vontade humana, mas pela graça divina. Nós aceitamos a exortação em 2 Pedro 3:18: “Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno.”
O amado do Senhor habitará seguro com ele:
todo o dia o Senhor o protegerá,
e ele descansará nos seus braços.
Deuteronômio 33:12