Muita Coisa Tem sido dita, ultimamente, a respeito da família como um todo. Surgiram várias perguntas sobre o que constitui uma família propriamente: precisa incluir um pai e uma mãe? Há necessidade de filhos? Será que a família pode ter um âmbito mais amplo e incluir outras pessoas?
A alternância nos papéis tradicionais de pai e mãe, e a falta freqüente de um dos elementos do casal num lar, faz muita gente indagar como a próxima geração — nossos filhos e netos — irá lidar com seus próprios relacionamentos, suas próprias famílias. Tais problemas podem não ter respostas fáceis. Entretanto, uma compreensão espiritual mais ampla a respeito do verdadeiro relacionamento do homem com Deus, e da verdadeira natureza do homem, pode fornecer as soluções necessárias para situações difíceis da família.
Se você é uma pessoa sozinha com um filho para criar ou, se o seu trabalho exige a utilização de qualidades tipicamente associadas com o sexo oposto, você poderá expressar melhor sua inteireza ao aprender mais a respeito de seu relacionamento com Deus. A falta do pai ou da mãe em seu lar pode também ser motivo de profunda preocupação. Talvez você pense que não possui uma determinada qualidade masculina ou feminina, da qual seus filhos tanto necessitam. No entanto, todas as qualidades espirituais são refletidas pelo homem, diretamente de Deus. Nem uma qualidade sequer pode deixar de ter sua inevitável expressão.
Mary Baker Eddy, como Fundadora da Igreja da Ciência Cristã, teve de expressar muitas qualidades geralmente tidas como masculinas. Isso ela conseguiu com a compreensão de Deus como Pai-Mãe e da inteireza do homem como Sua imagem. Seus escritos falam de Deus no feminino bem como no masculino — como aquele que supre e alimenta, como aquele que cria e mantém. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Pai-Mãe é o nome da Divindade, o que indica o terno parentesco dEle com Sua criação espiritual.” Ciência e Saúde, p. 332. Podemos então começar a sentir e a expressar com naturalidade esse terno parentesco e a inteireza espiritual do homem à imagem de Deus.
Deus fez o homem completo, sem que nada lhe falte. De acordo com o livro do Gênesis, Ele o criou “homem e mulher”, Gênesis 1:27. e expressa a Si mesmo através de qualidades tanto masculinas como femininas. Se, em seu lar, é o pai que falta, você pode orar para compreender que é possível expressar naturalmente qualidades masculinas que beneficiem a todos na casa. Apoio, força, coragem, estabilidade, são qualidades espirituais oriundas de Deus e refletidas pelo homem. Se for a mãe que estiver faltando, você pode orar para compreender as qualidades femininas que constituem a maternidade sempre presente de Deus. Amor, alimento espiritual, paz e perdão, todas essas qualidades podem ser trazidas à luz através de um sentido mais divino de maternidade, com a compreensão de que esta é expressa pelo homem, a idéia de Deus.
O fato de ser homem ou mulher, não impede o indivíduo de expressar a inteireza das qualidades outorgadas por Deus a Seu filho. E, sendo o homem verdadeiramente espiritual, ele não é limitado por circunstâncias materiais. Em realidade, nossas circunstâncias estão sujeitas às nossas orações; se parece estar havendo alguma lacuna em nossa experiência, ela poderá ser preenchida através de uma compreensão melhor do suprimento real, ou seja, das inumeráveis idéias corretas que vêm diretamente de Deus.
Cristo Jesus considerava a Deus como seu eterno Pai, para sempre presente e pronto para ajudar. Ele se sentia tão próximo de Deus, que O chamava Aba, a palavra aramaica para “pai”, o que dava a entender sua relação íntima, simples e segura com Deus. Jesus se volvia a Deus, o Pai dele e o Pai nosso, em busca de orientação, suprimento, amor. Ele provou ser Deus o Pai-Mãe, o supridor tanto do sustento como do carinho e apoio. Ele confiava inteiramente na bondade de Deus. Disse, certa vez: “Aba, Pai, tudo te é possível”. Marcos 14:36. A compreensão clara que Jesus tinha do poder espiritual o habilitou, por reflexo, a curar os doentes, restaurar a visão e a audição, alimentar as multidões. Sua demonstração do parentesco do homem com Deus é um exemplo de como também nós podemos demonstrar nosso parentesco com Ele. Podemos conseguir isso pela compreensão espiritual da inteireza e da união do homem com Deus, o Espírito.
Uma de minhas amigas tem de educar sozinha sua filha. Isso tem sido um desafio para ela, como o é para muitos nas mesmas condições, obrigados a ser tanto mãe como pai, numa casa. Mas ela me confiou uma vez que seu maior desafio era, sem dúvida, a disciplina. Essa era uma tarefa que ela preferiria não ter.
Certa noite, ao sair com a filha, esta foi se tornando muito desobediente. Minha amiga zangou-se e, na volta para casa, mal podia falar com a menina. Orou, então, e percebeu que, em realidade, ela possuía a força espiritual, a orientação e a paciência, qualidades essas que ela julgava não ter. Orou para expressar essas qualidades em seu lar e com sua filha. Orou também para poder transmitir à menina uma compreensão da integridade e da ordem, sem reagir a seus atos de insubordinação.
Estavam ambas quietas, no caminho para casa. Ao chegarem, tomaram alguns minutos para orar juntas, em silêncio. Minha amiga teve uma idéia sobre como impor disciplina à filha e de, ao mesmo tempo, ensiná-la a expressar o Princípio. Aquela noite houve uma mudança decisiva para ambas. Minha amiga disse que o comportamento da menina melhorou e que elas raramente têm dificuldades.
Quando minha amiga conseguiu expressar o que freqüentemente são consideradas “qualidades masculinas”, isto é, força, coragem e sabedoria, a situação foi curada. Ela compreendeu melhor sua inteireza espiritual e aprendeu a expressá-la mais plenamente em seu lar.
O verdadeiro Pai-Mãe do homem é Deus. Ninguém está privado dessa relação chegada com Deus. Ninguém pode estar sem a orientação, o amor, o cuidado e a proteção dEle. Em realidade, jamais nos podem faltar as qualidades necessárias de pai e de mãe, porque Deus é Tudo-em-tudo para o homem. Como no caso de minha amiga, nós também podemos encontrar essas qualidades dentro de nós e podemos aprender a expressá-las cada vez mais em nossa vida diária.
