Eu Conversei, Faz alguns anos, com um homem que passava grande parte de seu tempo viajando. Era vendedor de uma firma e ía de cidade em cidade tratando com novos clientes. Os produtos que vendia eram úteis, e o homem fazia bem e honestamente seu trabalho. Mas, ainda assim, estava em luta consigo mesmo para descobrir uma finalidade, um propósito, em sua vida. Parecia-lhe que a existência estava apenas se escoando. A frustração o levou por várias vezes a recorrer ao álcool, o que só aumentava o vazio que sentia.
Esse tipo de sensação não é incomum. Muitas pessoas sentem falta de um alvo, de um objetivo claro, sentem que mal e mal se arrastam de um dia para o outro. Elas gostariam de saber que aquilo que fazem, aquilo que elas são, tem algum valor, que suas realizações fazem de fato alguma diferença no mundo, que sua vida tem propósito e objetivo nítidos.
Mas, como descobrir o propósito de nossa vida? Onde encontrá-lo?
Em última análise, o coração nos diz que precisamos olhar para além do ego humano, com suas opiniões e perspectivas limitadas. Precisamos também ir além das expectativas, avaliações ou definições dos outros, sobre o que deveríamos ser ou fazer. Precisamos nos dirigir a Deus.
O melhor modelo para homens e mulheres na sociedade contemporânea é, em realidade, alguém que ensinava e pregava há cerca de dois mil anos. Ainda que a antiga Judéia fosse diferente das metrópoles modernas, as pessoas se defrontavam então, como agora, com essas questões sobre identidade e sobre a razão da existência. Cristo Jesus, no entanto, conhecia, em termos absolutos, o propósito sagrado do homem e vivia de acordo com esse estado de consciência. Também compreendia a origem divina e verdadeira do homem, e tinha a convicção inabalável de que a missão que Deus lhe confiara seria cumprida. Reconhecia, sem sombra de dúvida, que não só seu próprio trabalho tinha a mais profunda significação, mas também que cada pessoa é indispensável a Deus.
A consciência que Jesus tinha de que a origem e o propósito do homem estão em Deus dava-lhe uma força, uma coragem e um domínio espiritual que não podiam ser diminuídos pelas circunstâncias nem pelo antagonismo que ele encontrava em seu trabalho, por mais desafiadores que parecessem ser. Tudo o que fazia era impelido e dirigido pela vontade de Deus, e não pela vontade humana errônea. Por isso, Jesus podia, com toda humildade, descrever da seguinte forma o modo como vivia sua vida para Deus: “... eu faço sempre o que lhe agrada.” João 8:29. O Mestre também sabia e afirmava: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; ... porque não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou.” João 5:30.
Eis uma chave importante para a descoberta do propósito verdadeiro de nossa vida. Consiste em voltarmo-nos humildemente a Deus em oração e desprendermo-nos de toda vontade humana quanto à direção que deveríamos tomar ou quanto àquilo que o futuro nos deveria trazer. Nós simplesmente não podemos dizer a Deus o que queremos que Ele faça em nossa vida. Apenas quando tivermos abandonado toda e qualquer opinião egocêntrica sobre nós mesmos, quer seja negativa e limitadora, quer seja positiva e autocomplacente, é que poderemos perceber a orientação de Deus.
Ao submetermos a vontade humana à divina, também vislumbramos com mais clareza quem realmente somos, como filhos e filhas de Deus. Vemos, por exemplo, que o homem de Deus é a semelhança espiritual de seu Criador; que somente podemos fazer e ser o que Deus nos capacita a fazer e a ser, como Seu reflexo; que agora e sempre nosso único propósito real é o de expressá-Lo em amor, integridade, inteligência desinteressada, vigor espiritual, fidelidade, pureza, na verdadeira beleza da Alma. Estar cônscios de nosso valor como a expressão de Deus nos deixa satisfeitos e nos dá uma incomparável clareza de própositos e de objetivos.
Tal desenvolvimento espiritual faz com que deixemos para trás toda noção limitada e improdutiva sobre nós mesmos e sobre nossas perspectivas. Ajuda-nos a ver nosso trabalho sob nova luz e abre-nos o pensamento para um progresso maior, na forma que melhor expressar a maravilhosa individualidade de cada um de nós. Em alguns casos, isso poderá significar uma mudança de emprego ou de carreira. Em outros, poderão surgir maiores oportunidades de servir à humanidade, ou uma nova maneira de ver as possibilidades que existem, bem ali onde já nos encontramos.
Mary Baker Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, acerca da missão de Jesus: “O propósito da grande obra de sua vida estende-se através do tempo e inclui a humanidade universal.” Ciência e Saúde, p. 328. À medida que nós manifestarmos mais atributos cristãos e divinos em nossa vida diária, quando essas qualidades espirituais encherem nossos pensamentos e motivarem nossas ações, estaremos seguindo cada vez mais de perto o caminho que Jesus nos indicou. Entenderemos que o verdadeiro objetivo da obra de nossa própria vida inclui também uma bênção e uma intenção sanadora, que se estendem a toda a humanidade e que transcendem tempos e épocas. Sentiremos que o Pai Se agrada de nós. E conheceremos a promessa, a potencialidade e o propósito sagrado que nos são assegurados pela vontade de Deus e são impelidos por Seu amor.
Bem-aventurado o homem que suporta
com perseverança a provação;
porque, depois de ter sido aprovado,
receberá a coroa da vida,
a qual o Senhor prometeu aos que o amam.
Tiago 1:12
