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Remover as pedras

Da edição de fevereiro de 1995 dO Arauto da Ciência Cristã


Em Períodos Difíceis, causados pelo sentimento de perda e tristeza resultantes do falecimento de um ente querido, conhecidos trechos da Bíblia, que anteriormente proporcionaram conforto, talvez não passem de meras palavras repetitivas. As afirmações bem-intencionadas de amigos e parentes talvez ofereçam consolo humano, mas com freqüência deixam de proporcionar paz permanente. É provável até que nos sintamos sepultados sob as pedras do pesar e na escuridão. À medida, porém, que nos esforçamos para compreender mais acerca da realidade da Vida, Deus, podemos ter certeza de que as pedras serão removidas e que a luz da verdade espiritual brilhará com mais fulgor.

O falecimento de uma querida amiga impeliu-me a orar com mais afinco para demonstrar, em minha própria vida, a veracidade dessa afirmação. Cheia de pesar, ponderei a angústia dos discípulos de Cristo Jesus após a crucificação. Um relato bíblico informanos que se achavam “trancadas as portas” da casa onde eles estavam. É quase possível imaginá-los reunidos às escondidas e cheios de medo, sofrendo o remorso de terem desertado seu Mestre querido, angustiados porque ele, ao morrer, também os abandonara.

Morrera ele, realmente? Segundo as aparências humanas, morrera. Seu corpo chegou a ser colocado num túmulo. No entanto, uma grande obra se realizara no interior do túmulo selado com uma pedra. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “O recinto solitário do túmulo ofereceu a Jesus um refúgio contra seus inimigos, um lugar para resolver o grande problema do ser. Seu trabalho de três dias no sepulcro imprimiu o selo da eternidade ao tempo. Ele provou que a Vida é imorredoura e que o Amor é o senhor do ódio.” Ciência e Saúde, p. 44. A pedra que selara o túmulo, pretendia significar o fim da vida de Jesus. Mas a remoção dessa pedra marcou a triunfante vitória dele sobre a morte.

Imaginemos, no entanto, os discípulos atrás daquelas portas trancadas. Devem ter sentido como se a vida tivesse perdido o significado. De repente, sem anunciar-se, Jesus chegou e “pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco!” E a Bíblia continua: “Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor. Disse-lhes, pois Jesus, outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” João 20:19–21.

É claro, essa não era a mera saudação social em que se emprega a palavra “Paz”. Naquele instante, o Cristo penetrou as trevas do desespero dos discípulos e iluminou-lhes os pensamentos. Não implicavam essas palavras a ordem de que tivessem paz de espírito e em seus corações? De que sentissem essa paz e com ela substituíssem seus temores e dúvidas? Nesse momento de transformação total, a noção de propósito dos discípulos reacendeu-se e eles foram enviados em missão, imbuídos do Espírito Santo, da inspiração e da compreensão de que necessitavam para cumpri-la.

A vida deles transformara-se para sempre. Por quê? Não foi pelo simples fato de terem visto Jesus com os sentidos corpóreos. Não estaria essa experiência revestida de profundo significado? O relacionamento entre eles não retrocedeu ao que fora antes da crucificação. Não mais podiam ir de cidade em cidade, ouvindo Jesus enquanto ele ensinava e curava. O pesar deles, porém, se desfez. Até mesmo após a ascensão, os discípulos regozijavam-se. É evidente que esse júbilo não estava ligado à presença de Jesus, mas ao que haviam vislumbrado da irrealidade da morte. Foi essa compreensão do poder e da realidade da Vida, que concedeu aos discípulos a força para cumprir sua missão terrena. E foi essa compreensão que me elevou acima do pesar que sentia pela morte de minha amiga.

Volvi-me humildemente a Deus e estudei o trecho bíblico que se refere à morte como inimigo. Diz ele: “O último inimigo a ser destruído é a morte.” 1 Cor. 15:26. As pessoas geralmente associam a morte com o fim, ou o oposto, da vida. A Ciência Cristã, no entanto, ensina que Deus é Vida, e que a Vida, Deus, é imutável, ininterrupta, eterna. Para que a Vida termine, Deus tem de cessar de existir. Se a morte é o oposto da Vida, a morte é o oposto de Deus. Ponderei, no entanto, que Deus é Tudo-em-tudo, Ser infinito, onipresente, onisciente, onipotente; Deus nunca pode cessar de existir ou terminar em morte. Não pode haver nenhum poder ou entidade oposta a Deus. Além disso, na morte não pode haver coisa alguma relacionada a Deus.

Deus é bom. A morte não oferece nada de bom. Não há inteligência na morte, nem lei de morte. A morte é completamente ilegítima. Não há nada de terno ou benigno, nada de verdadeiro ou legítimo sobre a morte. A morte simplesmente não pode existir.

Parte da definição de morte dada pela Sra. Eddy em Ciência e Saúde diz: “Uma ilusão, a mentira de que haja vida na matéria; o irreal e falso; o oposto da Vida.” E comenta ela no parágrafo seguinte: “Toda evidência material de morte é falsa, pois contradiz os fatos espirituais do ser.” Ciência e Saúde, p. 584.

Comecei a perceber que o fato espiritual sobre o ser de minha amiga não mudara, nem podia jamais mudar. Ela é a filha eterna de Deus, feita à Sua imagem e semelhança, Sua semelhança espiritual, infindável e imutável. Como expressão de Deus, minha amiga nunca estivera confinada à matéria, portanto não podia ser separada da matéria mediante a morte. Ela continua, e sua individualidade está divinamente cingida por Deus num relacionamento indestrutível e imutável.

O que parecia haver mudado era a natureza de nosso relacionamento, o contato que eu tanto prezara. Enquanto orava, o seguinte trecho de Ciência e Saúde chamou minha atenção: “Ser-te-ia a existência, sem amigos pessoais, um vazio? Virá então a ocasião em que estarás solitário e privado de simpatia; esse aparente vácuo, porém, já está preenchido pelo Amor divino.” Ibidem, p. 266.

Imaginem! Longe de ser uma agourenta admoestação que deprecia a importância da amizade humana, essa frase foi para mim terna asseveração de que o Amor divino já havia “preenchido” todo vácuo escuro. Ponderei essa afirmação durante longo tempo e reconheci que se algo está preenchido, não pode estar vazio. Com essa compreensão espiritualizei o conceito acerca de nosso precioso relacionamento. Vi suas qualidades como elementos divinos não limitados a uma identidade corpórea específica.

Quanto mais se aprofunda nossa compreensão da natureza espiritual da Vida, tanto mais usufruímos da alegria, do companheirismo, do afeto e do calor humano que têm fundamento divino. Essa é a verdade sobre nosso ser, sobre o filho amado de Deus, completo, espiritual, íntegro, eternamente amado.

Um período de trevas não deve ser motivo de desespero. Os momentos mais negros de Jesus precederam a mais brilhante aurora: a luz da manhã da ressurreição. Essa mesma luz brilhará sobre nós. As pedras do pesar e das trevas podem ser removidas e transformar-se em degraus que nos conduzem a alegrias espirituais mais elevadas, graças à compreensão que foi renovada e regenerada.

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