Os amigos eram muito importantes para Daniel. Ele estava sempre pronto a brincar ou a participar de algum jogo com eles.
Quando Daniel estava na quarta série, porém, um menino mais velho, chamado Ricardo, começou a atormentá-lo. Não era raro os meninos caçoarem uns dos outros e fazerem brincadeiras mais pesadas, mas Ricardo estava indo longe demais nisso. Estava agindo mais como um valentão do que como um amigo.
Um dia, depois da aula, Daniel telefonou assustado para casa: “Mamãe, pegue o carro e venha me buscar. Eu estou na garagem da casa de Fabrízio!”
“Mas por que precisa ser de carro?” perguntou a mãe. “A casa de Fabrízio é tão perto daqui, por que você não pode vir a pé?”
“No momento não posso mesmo”, respondeu Daniel. “Por favor, venha me buscar!”
A mãe foi imediatamente. Chegando lá, viu seu filho mais velho, Bruno, esperando por ela do lado de fora da garagem. Daniel saiu de lá e os dois meninos entraram no carro. Daniel ficou quieto e não queria falar nada. Foi Bruno quem contou o que acontecera, pois estava com o irmão e vira tudo.
“Ricardo correu atrás de Daniel na saída da escola. Queria bater nele, por isso Daniel se escondeu na garagem de Fabrizio”, contou Bruno. “Ricardo procura bater em todos os meninos do bairro, para provar que é o mais forte de todos.”
Daniel disse à mãe que ele não queria brigar e também não queria apanhar. Afirmou que iria resolver esse problema sozinho. Aconteceu, porém, que Ricardo correu atrás dele outra vez, uns dois dias depois, procurando briga. Ficou claro, então, que era preciso fazer alguma coisa.
Daniel e sua mãe oraram a Deus. O menino havia aprendido como orar, na Escola Dominical da Ciência Cristã. Para orar, é preciso ficar quieto, silenciar o medo e outros sentimentos ruins, ouvir os bons pensamentos que vêm de Deus e depois obedecer a esses pensamentos.
Na Escola Dominical, Daniel havia aprendido também que Deus é Amor, que é o verdadeiro Pai-Mãe de cada um e todos nós somos Seus filhos. Para Daniel, isso significava que, como filho de Deus, Ricardo só podia ser bom e afetuoso. Não fazia parte da verdadeira natureza de Ricardo o agir como um valentão.
A mamãe lembrou a Daniel a história de Davi e Golias, na Bíblia. Ver 1 Samuel 17:1–50. Os dois falaram sobre a coragem de Davi e sua confiança em Deus, apesar de que “todos os israelitas, vendo aquele homem, [Golias] fugiam de diante dele, e temiam grandemente”. Ao saber do desafio lançado por Golias, Davi perguntou quem era aquele homem “para afrontar os exércitos do Deus vivo”. Então Davi disse a Saul, rei de Israel: “Teu servo irá, e pelejará contra o filisteu.” Quando Davi foi para a luta, disse a Golias: “Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não com espada, nem com lança, porque do Senhor é a guerra”.
“Você acha que o jovem Davi teve medo de confiar em Deus, e duvidou de que Ele o ajudaria a derrotar Golias?” perguntou mamãe.
Daniel pensou um pouco e respondeu: “Não!” Aí pensou na idéia de que a batalha de Davi com Golias era a batalha de Deus. Jamais havia pensado nisso antes. Não poderia Daniel também, como Davi, deixar tudo nas mãos de Deus?
Imediatamente, ele se sentiu bem melhor. Os temores que pareciam tão reais alguns momentos antes, simplesmente sumiram. Sabia que faria aquilo que Deus ordenasse, e sabia que Ricardo também iria obedecer a Deus.
No dia seguinte, na volta da escola, Ricardo correu atrás de Daniel, novamente. Dessa vez, porém, Daniel não fugiu. Ele continuou a andar e orou em silêncio: “Bem, Deus, se você quiser que eu lute, eu vou lutar. Mas se você não quiser, eu não lutarei.”
Quando Ricardo alcançou Daniel, em vez de provocá-lo para começar uma briga, ele lhe ofereceu chiclete de bola e andou ao lado dele até chegarem a casa, conversando e brincando como um amigo. Ricardo nunca mais tentou provocar Daniel.
Nosso amigo aprendeu que poderia enfrentar o medo e parar de tentar resolver os problemas sozinho. Ele podia recorrer a Deus, em qualquer lugar, a qualquer hora, e deixar o poder do Amor governar a todos de maneira correta.
