Cristo Jesus Acabara de proferir a radical declaração de que Deus o enviara para ser “a luz do mundo”. Entre seus ouvintes, alguns estavam prontos a aceitar a missão de Jesus e este asseverou–lhes que se continuassem a seguir seus ensinamentos, iriam, como verdadeiros discípulos, “conhecer a verdade”. E essa verdade, proclamou o Mestre, por sua própria natureza os libertaria. João 8:32.
Havia outros, no entanto, que claramente não queriam ouvir o verdadeiro significado da mensagem de Jesus. Pouco antes, por meio de sua persuasão moral e autoridade espiritual, Jesus havia convencido os escribas e fariseus a não executarem uma mulher apanhada numa falta normalmente punida com o apedrejamento. Contudo, agora o povo se preparava para apedrejar o próprio Jesus, por ele falar abertamente de sua eterna relação com Deus. Jesus, porém, como registra a Bíblia, “se ocultou e saiu do templo”. Ver João, cap. 8.
Aconteceu depois outro notável incidente, pois que, caminhando, Jesus viu um homem cego de nascença. O fato de o homem ter vindo ao mundo nessa condição fez os discípulos de Jesus questionarem o motivo da cegueira. A princípio tentaram relacioná–la a algum pecado anterior, do homem ou de seus pais. Jesus, entretanto, recusou–se a aceitar qualquer uma dessas causas e apontou aos discípulos a oportunidade que se lhes apresentava: “Para que se manifestem nele as obras de Deus.”
Jesus então falou novamente de sua missão como “a luz do mundo”. Ordenou ao homem que fosse se lavar num tanque próximo, e ele “voltou vendo”. Havia sido curado. Novo testemunho havia sido dado das obras de Deus, e o homem louvou a Deus diante dos fariseus. Ver João 9:1–33.
O que ocorreu? O que efetuou essa cura e tantas outras realizadas por Jesus e por seus discípulos? O que é que dá validade à cura cristã como é hoje praticada na Ciência Cristã? A resposta encontra–se em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy. Esse livro, o livro–texto da Ciência Cristã, desvenda o significado espiritual da Bíblia Sagrada e revela as verdades fundamentais de Deus e de nossa relação com Ele, como filhos e filhas sempre amados. Ciência e Saúde também explica o Princípio divino e as regras da cura cristã, o que possibilitou a milhares de pessoas entenderem as leis de Deus, que eram a base do ministério curativo de Jesus, e começarem a cumprir a ordem que o Mestre deu a seus seguidores, para levarem o evangelho ao mundo todo e curar os doentes.
Entre as muitas afirmações, em Ciência e Saúde, que explicam como a cura espiritual se realiza, as observações seguintes apontam dois elementos essenciais para seguir o exemplo de Jesus: a verdade absoluta e o amor puro e imparcial. Primeiro, como parte da resposta à pergunta “O que é o homem?”, no livro–texto, lemos: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes. Assim, Jesus ensinou que o reino de Deus está intacto e é universal, e que o homem é puro e santo.” Ciência e Saúde, pp. 475–477.
Compreender, perceber e reivindicar a verdade absoluta sobre o homem como semelhança espiritual de Deus — como santo reflexo da Alma divina, pura manifestação da Vida infinita — é o âmago da cura metafísica. A natureza perfeita do homem real, como expressão de um Deus totalmente perfeito, precisa ser apreendida em todas as suas implicações espirituais e exigências na vida humana. Essa maneira de ver, essa compreensão divinamente impelida a respeito do homem e de seu ser perfeito em Deus, tem uma poderosa influência transformadora e sanadora no pensamento e, conseqüentemente, no corpo. À medida que o pensamento é elevado pelo Cristo, a Verdade, acima das crenças doentias e pecaminosas acerca de nossa identidade, não só nossas condições morais melhoram, mas também o corpo físico é alimentado e restabelecido pelo mesmo ímpeto divino presente na consciência. A transformação do pensamento por meio da percepção inspirada da verdade absoluta sempre tem um efeito curativo nas condições corpóreas que, em essência, são a objetivação do próprio pensamento. A verdade eterna e incontaminada sobre Deus e o homem traz cura.
Há, contudo, mais um elemento essencial ao trabalho de cura: o amor. Este sempre se evidenciou claramente no ministério de Jesus, pois a Bíblia faz muitas alusões à misericórdia, ternura e compaixão do Salvador. E isso remete à segunda das duas observações de Ciência e Saúde mencionadas anteriormente, que apontam para o modo de demonstrar a cura cristã. A afirmação aparece no capítulo dedicado especificamente à “Prática da Ciência Cristã”. Escreve a Sra. Eddy: “Se o Cientista alcançar seu paciente pelo Amor divino, a obra da cura se realizará numa só visita, e a moléstia se desvanecerá, voltando ao seu nada inicial, como o orvalho sob o sol da manhã.” Ibidem, p. 365.
Acaso não foi isso que Jesus provou com tanto êxito por intermédio de suas atitudes, vendo a verdade absoluta a respeito de cada indivíduo e amando incondicionalmente toda a criação de Deus? Ele curou — numa só visita — o homem cego de nascença, a mulher encurvada havia dezoito anos, o menino epiléptico, e até a menina que havia morrido devido à doença, e muitos outros. A verdade absoluta, sem que seja expresso o calor do amor de Deus, não existe, nem pode existir. Uma pretensa verdade sem amor real seria como um rio sem água, ou uma floresta sem árvores, ou um dia sem a luz do sol. Seria vazia, despida de significado e escura. Mas a verdade absoluta, a realidade sem adulterações a respeito de Deus e do homem, nunca está sem significado e propósito infinitos. Nunca é abstrata ou fria. Sempre é terna, prática, tangível, vital, vivificante.
À medida que humildemente seguirmos Jesus, uma avaliação honesta de nossa experiência individual revelará certamente em que pontos ainda precisamos progredir para poder dar testemunho mais pleno da natureza do homem como reflexo do Amor e da Verdade divinos. Num artigo intitulado “O Caminho”, a Sra. Eddy escreve: “O caminho é a Ciência divina absoluta: andai por ele; mas lembrai–vos de que a Ciência é demonstrada gradualmente, e que nossa demonstração só se eleva à medida que nós nos elevamos na escala do ser.” Miscellaneous Writings, p. 359.
Uma vez aceito o chamado de Jesus para continuarmos em seus ensinamentos, torna–se natural expressarmos o amor de Deus. Assim agindo, iremos demonstravelmente “conhecer a verdade”. Estaremos realmente provando o poder atual da realidade divina, que se revela em nossa vida diária. Por meio do amor puro, estaremos nos elevando na “escala do ser”; e por meio da compreensão da verdade absoluta, nossa demonstração também terá de elevar–se. Andaremos no caminho da cura–pelo–Cristo.
