Às Vezes, Nos romances e filmes, uma personagem é apresentada como o exato oposto do herói principal. Ao colocar em contraste as duas figuras, o enredo consegue dar destaque aos pontos positivos do herói. Embora essa técnica seja utilizada para atrair a simpatia do público pelo herói, será que é correto fazermos esse tipo de comparação na vida real?
Quando eu era menor, tinha o hábito de me comparar com um de meus irmãos. Ele ia muito bem nos estudos e nos esportes. Assim, para fazer crer que eu era melhor, procurava me distinguir em outras áreas nas quais ele não se sobressaía. Eu me preocupava em ser melhor do que ele.
Nunca me senti muito bem com essa atitude. Eu sabia que não era correto tentar parecer melhor às custas de outra pessoa. Mas, por trás do hábito de fazer comparações, estava o conceito de que o bem era limitado e distribuído de forma desigual. Eu tinha a impressão de que o bem que outra pessoa recebia era de alguma forma subtraído da parte que me cabia. Contudo, ao conhecer melhor o que a Ciência Cristã ensina sobre Deus e o relacionamento do homem com Ele, percebi que eu podia parar de pensar dessa forma. Realmente não havia necessidade de pensar assim!
A Bíblia diz que Deus é Amor. Esse Amor é infinito, e envolve toda a criação em bondade ilimitada. Nosso verdadeiro eu, ou seja, nossa verdadeira identidade, é a expressão do Amor divino. Essa identidade é totalmente espiritual, perfeita, completa e inteligente. Cada um de nós, em realidade, é o receptor do bem que o Amor dá em abundância. Por ser essa a verdade a respeito do nosso ser, podemos expressar a bondade de Deus, Suas qualidades, em todos os aspectos de nossa vida — nos estudos, nos esportes, e em nosso relacionamento com os outros. Não há escassez do bem, porque Deus é bom e é infinito. Por isso, não precisamos competir com outros, nem mesmo tentar diminuir o bem de outra pessoa para aumentar o nosso. A Sra. Eddy escreve no livro–texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “O Amor é imparcial e universal na sua adaptação e nas suas dádivas.” Ciência e Saúde, p. 13.
Às vezes, porém, talvez acreditemos que os outros, ou nós mesmos, sejamos indignos de receber o bem de Deus. Se é assim que nos sentimos, é porque estamos aceitando uma noção limitada de quem somos, acreditamos ser mortais falíveis, com vários defeitos. Estamos nos esquecendo de que somos realmente os filhos perfeitos de Deus, completos em todos os sentidos. (É claro que precisamos demonstrar esse fato espiritual!)
Comecei a perceber que esse ponto de vista limitado estava relacionado com o hábito de me comparar com meu irmão. Uma experiência simples me ajudou a entender o amor que Deus dedica a cada um de nós. Certo dia, no verão, eu estava sentado na praia tomando um gostoso banho de sol. Vi que as outras pessoas na praia também estavam desfrutando do sol. Havia mais do que o suficiente para todos nós. A quantidade de sol que os outros estavam recebendo de forma alguma diminuía a intensidade dos raios que sobre mim se projetavam. Para mim, o sol simbolizou a Deus e a luz do sol simbolizou o bem que Deus estava concedendo a cada um de nós. Mesmo que eu reclamasse, dizendo que as outras pessoas na praia não mereciam a luz do sol por algum motivo, isso não faria com que aumentasse a quantidade de raios de sol sobre mim! Além disso, eu sabia que Deus não nos via como um punhado de mortais, alguns melhores, outros piores. O Amor divino vê cada um de nós como sua própria idéia espiritual amada, perfeita em todos os sentidos. No Sermão do Monte, Cristo Jesus disse: “Ele [Deus] faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos.” Mateus 5:45. Quando reconhecemos que tanto nós quanto os outros somos verdadeiramente abençoados pelo Amor, percebemos cada vez mais o bem que está sempre à nossa disposição.
Essa compreensão fez com que eu mudasse o meu ponto de vista. Ao invés de observar se os outros alcançavam mais êxito ou se eram mais estimados do que eu, orei simplesmente para ser grato por toda a evidência de bem que eu já podia constatar. Esse bem não precisava ser amparado por comparações elaboradas, pois ele era estabelecido por Deus. À medida que eu orava e mantinha meu pensamento firme no fato de que o bem ilimitado proveniente de Deus está sempre disponível, o hábito de fazer comparações desapareceu. Desenvolvi um sincero apreço pelas realizações dos outros, sem nenhuma inveja ou ciúmes. Também parei de me comparar com meu irmão e deixei de diminuí–lo em pensamento. A tendência de ficar secretamente contente quando outros falhavam (quer eles parecessem “merecer” quer não) também foi superada.
Algum tempo depois, minhas notas na escola melhoraram bastante, enquanto meu irmão parecia estar encontrando dificuldades nos estudos. Se fosse em outra época, eu teria me sentido tentado a me alegar com isso ou a falar sobre o assunto para provocar meu irmão. Entretanto, a oração que eu havia feito tinha me elevado acima dessa pequenez. Sabia que o bem que eu estava sentido e que tinha sua origem em Deus, também estava disponível para ele. Procurei dar–lhe o maior apoio possível. Finalmente, ele conseguiu superar as dificuldades, e ambos nos sentimos felizes com o sucesso um do outro.
Essa experiência me mostrou que, quer estejamos do lado favorável, quer do lado desfavorável de uma comparação, podemos nos volver a Deus, o Amor divino, a fim de perceber mais da ilimitada provisão do bem que Deus tem para cada um de nós.
