Há Alguns Anos, fui professora da Escola Dominical. Ao preparar-me para uma aula, li na Bíblia: “Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e, sim, o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente” (1 Cor. 2:12). Esse pensamento me chamou a atenção de tal forma, que me senti impelida a compartilhá-lo com meus alunos da Escola Dominical.
Como se fosse uma longa corrente, as idéias se concatenaram facilmente e o grupo foi acrescentando algumas das outras coisas dadas gratuitamente por Deus, chegando a um enorme “pacote de dádivas”. No final da aula, examinamos mais uma vez as dádivas do “pacote”. Dentro dele encontramos: amizade, proteção, alegria, amor e várias outras coisas que nos pareceram importantes. Ao pensar nessas dádivas, reconhecemos o quanto nosso Pai nos ama, dando-nos tais maravilhas. Ficamos muito gratos e felizes.
Na semana seguinte, eu tinha um projeto complicado para terminar dentro de um prazo determinado, o qual implicava diferentes etapas de trabalho. Tive uma vaga sensação de que esquecera algo. No meio do trabalho ocorreu-me, diversas vezes, que o raciocínio lógico não era meu ponto “forte”. Mesmo assim, tinha de organizar o trabalho de tal forma a terminá-lo dentro do prazo.
Entrei na câmara escura para revelar um negativo. Sem prestar muita atenção, despejei uma porção do líquido concentrado para revelação, de um recipiente grande para uma garrafa. Antes de poder segurá-lo bem, o recipiente escorregou de minha mão e o fluido esparramou-se ao meu redor. Um ardor intenso nos olhos me fez esfregá-los imediatamente com ambas as mãos; ao fazer isso, percebi que os esfregava com as mesmas luvas que usava para me proteger do efeito corrosivo do fluido. Elas já haviam sido usadas muitas vezes com esse objetivo.
Lavei os olhos com água pura, mas não tive alívio. Não conseguia ver nada e meus olhos lacrimejavam muito.
Naquele momento, lembrei-me de uma citação bíblica de Mateus: “São os olhos a lâmpada do corpo” (6:22). Também lembrei-me do trecho correlativo do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, na página 393. Ocorreu-me que eu estava tendo uma visão muito limitada desse projeto, baseado em muitos planos organizados humanamente.
Telefonei para uma praticista da Ciência Cristã e pedi que me desse tratamento por meio da oração. Ela me fez lembrar de uma passagem bíblica que diz como a arca de Noé foi vedada por dentro e por fora (ver Gênesis 6:14). Da mesma forma, qualquer coisa que não fosse a expressão de Deus não poderia penetrar a segurança em que eu existia. Eu poderia ver a mim mesma, naquele exato momento, sob a proteção divina, aos cuidados do Amor todo-abrangente de Deus. Fui tomada por uma profunda calma interior.
Em conversa com uma amiga, havia surgido certa vez a idéia de que a visão espiritual também é audição espiritual. Ambas requerem que estejamos atentos e escutemos o que Deus tem a nos dizer. Essa era uma oportunidade para praticar essa capacidade espiritual de escutar. Espontaneamente, veio-me ao pensamento a aula da Escola Dominical do domingo anterior e as idéias que a classe havia reunido sobre as coisas que Deus nos dá. Novamente regozijei-me com aquelas belas dádivas de Deus.
Retomei o trabalho, ponderando todos os pensamentos de cuidado, proteção e amor divinos. Assim como na aula da Escola Dominical, uma idéia espiritual levou a outra. Pensei em Deus como um Pai amoroso e como o meu verdadeiro empregador. Em Salmos 104:24, lemos: “Que variedade, Senhor, nas tuas obras! todas com sabedoria as fizeste.” Perguntei-me por que eu iria querer reorganizar o que Deus já havia ordenado perfeitamente. De repente, ficou claro para mim que era uma questão de confiar no trabalho feito em união com Deus, o Amor todo-envolvente. O restante do projeto praticamente caminhou sozinho.
Olhei para fora da janela e vi um passarinho saltitando. Pude ver pelas cores de suas penas que se tratava de um rouxinol. Era uma companhia agradável para meu trabalho e fiquei contente com a cena. Nessa alegria, de repente percebi que acabara de ter uma cura maravilhosa. Até então, não havia notado que estava vendo perfeitamente. Compreendi que eu não estava trabalhando por mim mesma, separada do Amor divino, mas estava sim, trabalhando para Deus, para expressá-Lo. A visão embaçada fora curada como resultado de um conceito claro da verdade espiritual.
Passo a passo, sob a supervisão de Deus, meu projeto foi completado harmoniosamente e dentro do prazo. Cheia de alegria, telefonei para a praticista e contei-lhe aquilo que acabara de compreender. Ambas ficamos muito felizes com essa bela cura.
Hamburgo, Alemanha
