A Vida Na prisão é estressante para muitos dos detentos, mas quando eu estive preso cinco meses, descobri que ler a Lição Bíblica da Ciência Cristã diariamente e buscar momentos de comunhão com Deus todas as manhãs, era a forma de manter meu pensamento espiritualmente elevado. Constatei muitas vezes que Deus, a Mente divina, protege e cura.
Um dia, enquanto caminhava pelo pátio da prisão, (eu gostava de andar no pátio de recreação durante o intervalo do almoço) senti imensa gratidão pelo rápido alívio que tive após atingir o dedo com um martelo, durante a realização de uma tarefa. Parecia um ferimento bastante grave e chamou a atenção de muitos outros detentos. Afirmeilhes que eu estava bem e insisti em continuar meu trabalho.
Imediatamente, neguei que pudessem ocorrer acidentes na criação de Deus. "Sob a Providência divina não pode haver acidentes, porquanto na perfeição não há lugar para a imperfeição" (Ciência e Saúde, p. 424). Recusei-me a acreditar na realidade do ferimento. A dor havia passado, mas o ferimento permanecia e eu sabia que precisava orar mais.
Nesse momento, minha atenção voltou-se para a área dos dormitórios, onde vi detentos e guardas a correr. Depois foi dado um aviso no sistema de alto-falantes, ordenando a todos os internos que retornassem imediatamente às celas. Ao cumprir a ordem, percebi que estava havendo uma rebelião. Pensei em como as muitas raças representadas na prisão tinham a tendência de se segregarem entre si, havendo contato somente entre elementos da mesma raça. A rebelião era uma manifestação disso, pois os rebeldes estavam divididos em segmentos raciais. Enquanto os guardas da prisão separavam e isolavam os rebeldes, eu pensava quão incoerente era essa guerra racial. Uma hora antes, minha equipe de trabalho, constituída de várias raças diferentes, havia trabalhado harmoniosamente e completado um importante projeto para a prisão.
Cheguei à minha cama e dei graças por ter conseguido caminhar seguro e sem incidentes no meio da multidão furiosa.
Era visível que a rebelião havia começado nas proximidades de minha cama. Dois dos meus vizinhos estavam sendo levados embora por terem brigado e sofreriam penas disciplinares. A tensão era grande e muitos detentos achavam que ocorreria mais violência.
Peguei um Sentinel e comecei a ler um dos testemunhos. O testemunhante relatava como o hino no 115 o havia ajudado. Li o hino e fui confortado pelas palavras: "De ano a ano nos livraste/De ao perigo nos render" (Hinário da Ciência Cristã). Eu sabia que esses motins na prisão sempre resultavam em "encarceramentos", nos quais os detentos permaneciam às vezes isolados nos alojamentos por vários dias, até que as autoridades estivessem convencidas de que a violência acabara.
Os guardas começaram a examinar cada detento, inspecionando as mãos e o rosto para determinar quem tinha participado da rebelião. Um companheiro com hemoragia na boca foi retirado do dormitório. Lembrei-me então do ferimento em minha mão, orei, reconhecendo que eu somente havia participado de uma atividade correta, portanto não poderia ser acusado injustamente. Quando chegou minha vez de ser examinado, o guarda percebeu o ferimento na mão. Ele informou ao supervisor e eu fui questionado detalhadamente sobre a rebelião. Senti muita gratidão por conseguir permanecer calmo e confiante na proteção de Deus. Após o interrogatório, fui liberado para voltar ao dormitório. Continuei a orar, relembrando estas palavras: "Quando o mecanismo da mente humana der lugar à Mente divina, então o egoísmo e o pecado, a moléstia e a morte perderão seu ponto de apoio" (Ciência e Saúde, p. 176).
Percebi que um colega estava lendo a Bíblia em espanhol. Ele pegou uma caixa de biscoitos do seu armário e passou a oferecê-los aos detentos de todas as raças. Esse gesto amigável eliminou o medo. Houve uma melhora na atmosfera do dormitório. O guarda, que acompanhava o estado de ânimo dos detentos, anunciou que o confinamento estava suspenso e a prisão retornou à sua rotina e atividades normais. Isso aconteceu em apenas algumas horas. Não houve mais violência. Meu dedo sarou rapidamente e não impediu minhas atividades.
Sou grato porque Deus, a Mente divina, é onipotente e essa verdade poder ser demonstrada até mesmo em uma prisão.
