Às vezes as pessoas sentem-se desamparadas diante do crime e da violência. Pode parecer difícil proteger-se, nos dias de hoje. No entanto, um editorial do jornal The Christian Science Monitor ob observou recentemente que, cada vez mais, os países que enfrentam esses problemas sociais e se sentem aterrorizados por eles, dão-se conta de que a imposição da lei e da ordem pela força não resolve o problema de forma definitiva. De acordo com o Monitor, a verdadeira paz inclui necessariamente certo grau de confiança mútua.
Convidamos vários estudantes de Ciência Cristã a nos relatar como superaram o medo do crime e da violência, nas cidades onde vivem.
Relato de um cidadão da África do Sul que enfrentou a violência nas ruas da Cidade do Cabo. . .
Trabalho num escritório, numa rua em que as passeatas de protesto geralmente acabavam em distúrbios e saques.
Muitas vezes, diante das cenas de pessoas brandindo armas e outros objetos perigosos, eu me sentia tão intimidado, que esquecia que os filhos de Deus nunca são inimigos, mas sempre amigos. Não estamos cercados amistosas do Amor divino. Deus preenche todo o espaço.
Eu sempre encontro proteção no pensamento de que minha vida "está oculta juntamente com Cristo, em Deus". Coloss. 3:3. O Hino n° 370 do Hinário da Ciência Cristã desenvolve essa idéia:
Com o Cristo, em Deus, ocultos,
Como o Pai o planejou,
Percebemos quão perfeito
É o ser que Deus formou.
Também me ajuda muito uma frase de Mary Baker Eddy, que faz parte da interpretação espiritual da Oração do Senhor.Ciência e Saúde, p. 17. Procuro adaptá-la ao caso que requer oração. Por exemplo, às vezes oro assim: "Faze-nos saber que — como no céu, assim também. . .” na Cidade do Cabo. .. em Jerusalém. .. na Bósnia. .. “— Deus é onipotente, supremo.” E assim por diante.
Os filhos e as filhas de Deus não são alvos que o mal possa atingir; eles são receptores da infinita bondade de Deus e expressam essa bondade. Portanto, é natural que todos nós expressemos a graça e o perdão, tão necessários para que o crime seja eliminado.
Relato de um sargento de policia que trabalha há vinte e cinco anos em delegacias de bairro. . .
Mary Baker Eddy escreve: “.. . os que discernem a Ciência Cristã, porão um freio ao crime. Ajudarão a expulsar o erro. Manterão a lei e a ordem, e aguardarão alegremente a certeza da perfeição final.” Ibidem, p. 97.
Para que essa profecia se torne realidade em nossa vida, faz-se necessário um esforço, não apenas por parte da polícia, mas também por parte de todos os cidadãos, no sentido de controlar o medo em todas as circunstâncias. Em outras palavras, eu não posso sair da delegacia, nem você pode sair de casa, imaginando que alguém está à nossa espera, para nos fazer algum mal.
A Sra. Eddy diz: “Tudo o que é de teu dever, podes fazer sem te prejudicares.” Ibidem, p. 385. Isso inclui trabalhar no turno da noite, usar transporte público, cuidar de crianças, ir à igreja, atravessar uma praça deserta ou ir sozinho até onde o carro está estacionado.
A Sra. Eddy também diz: “Em todos os tempos e em todas as circunstâncias, vence tu o mal pelo bem. Conhece-te a ti mesmo, e Deus te dará a sabedoria e a ocasião para conseguires a vitória sobre o mal. Revestido com a panóplia do Amor, estàs ao abrigo do ódio humano.” Ibidem, p. 571.
Essa panóplia não é apenas uma bela metáfora; é algo real. Para mim, ela é tão viável e concreta como um colete à prova de balas ou uma cortina de aço. Protegeu-me do ódio mordaz e da violência de uma multidão enfurecida. Protegeu-me em missões difíceis, e também na solução de casos em que homicidas haviam agido como feras durante anos, deixando um saldo de muitas vítimas.
Do ponto de vista humano, acredita-se que a tendência predatória geralmente procura pessoas que não ofereçam resistência física nem mental. Muitas vezes, inconscientemente, emitimos sinais de insegurança.
No entanto, se nossos pensamentos estiverem fortalecidos pelo Amor divino, andaremos pela rua com segurança e com um sentido de propósito, guiados por uma espécie de “radar espiritual” que é acionado pela bondade e pelo amor fraternal. Perceberemos que não precisamos temer a aproximação de estranhos ou de pessoas que simplesmente têm origens culturais ou étnicas diferentes da nossa. Também seremos capazes de identificar rapidamente pensamentos maus e ambiciosos que talvez nos sobrevenham, eliminando-os de imediato. Quanto mais perto estivermos de Deus, mais perto estaremos de nosso semelhante.
Diante de situações difíceis, nossa oração não nos protege apenas do mal, mas também ajuda a despertar e começar a transformar o pensamento do “agressor” em potencial. A cura não é completa, se o agressor segue seu caminho e repete a agressão.
As pessoas que presenciam assaltos, roubos e outros crimes têm o dever de informar a polícia e, ao mesmo tempo, orar por uma solução harmoniosa do caso.
Essa oração nos ajuda a compreender melhor a promessa do profeta Isaías, de que com a justiça vem a recompensa de paz e segurança para sempre: “O meu povo habitará em moradas de paz, em moradas bem seguras, e em lugares quietos e tranqüilos.” Isaías 32:18
Relato de uma executiva que vai a pé do trabalho para casa, sozinha, tarde da noite. . .
Moro numa cidade grande, a vários quarteirões do escritório onde trabalho. Às vezes, vou a pé para casa, tarde da noite. Nessas ocasiões, tenho a oportunidade de afirmar que todas as pessoas que encontro são filhas de Deus como eu e que, na verdade, somos todos irmãos. Não se pode sentir medo, quando encaramos cada indivíduo como membro da família de Deus.
Na Bíblia, Malaquias escreve: “Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus?” Malaq. 2:10. Muito me tranqüiliza o fato espiritual de que, além de sermos criados por Deus, a fonte de todo o bem, Ele também supre a cada um de nós com tudo aquilo de que necessitamos.
Muitas das pessoas com quem cruzo na rua me cumprimentam, ou respondem à minha sudação. No entanto, essas expressões exteriores de fraternidade não foram suficientes para eliminar o medo que eu sentia de ser atacada, até compreender melhor a proteção divina que Deus nos dá. Essa compreensão ajudou-me a perceber que o homem, feito à imagem e semelhança de Deus, o Amor, está sempre expressando Sua verdadeira natureza. Qualquer outra evidência é uma mentira sobre o homem criado por Deus.
Essa consciência da presença constante do Amor eliminou completamente meu medo. Agora, ir para casa a pé é uma experiência cheia de paz e alegria.
Relato de uma professora primária na cidade de Miami Beach, na Flórida. . .
Meu primeiro emprego como professora foi numa escola num bairro pobre da cidade, onde havia muita briga entre os alunos e tráfico de drogas na vizinhança. Quando percebi o que acontecia ali, senti-me impotente diante da situação.
Porém, ao orar sobre o caso, ocorreu-me o seguinte versículo da Bíblia: “.. . reina o nosso Deus, o Todo-poderoso.” Apoc. 19:16. Preparei um cartaz bem grande onde se lia “Deus reina” e coloquei-o na parte interna do meu armário. Assim, quando as coisas não iam muito bem, eu abria a porta do armário, lia o cartaz e lembrava quem é que reinava! Eu simplesmente precisava me lembrar de quem estava no controle da situação, precisava olhar para além da aparência superficial das coisas e enxergar a verdade sobre a situação.
Isso provocou uma mudança em mim e na classe. Quanto mais eu via as crianças da forma como Deus as vê, ou seja, como Seu reflexo inocente e perfeito, melhor elas se comportavam. Não precisei nem ao menos dizer que as amava. Meu amor podia ser expresso ao colocar a mão no ombro de um aluno, por um abraço, ou simplesmente por dirigir-me a uma criança, chamando-a pelo nome. Nunca senti medo, nunca tranquei a porta, nunca tirei minhas jóias. Eu sabia que ninha segurança estava nas mãos de Deus.
Compreendi que a melhor coisa que podemos fazer pelas crianças é dar-lhes uma alternativa que não seja a violência, uma alternativa que não seja o crime, isto é, a consciência de um Pai-Mãe Deus amoroso que tem muito amor para elas refletirem.
Com freqüência eu me volto para a seguinte declaração que lemos em Ciência e Saúde: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes.” Ciência e Saúde, pp. 476–477. Para mim, essa é uma exigência feita a todos nós. Oro diariamente por minha classe e pela escola, de forma impessoal, procurando reconhecer que Deus está cuidando de todos nós e proporcionando-nos um abrigo contra as tempestades da vida.
Relato de uma mãe de cinco filhos, dois dos quais ainda pequenos. . .
Nos últimos meses tenho percorrido de carro, com minhas filhas, um determinado trajeto para chegar ao escritório na cidade de São Francisco, na Califórnia. Esse caminho passa por um trecho da cidade onde a violência é muito comum. Sempre percebemos sinais evidentes de prostituição, brigas, tráfico de drogas, batidas policiais, tudo diante de nossos olhos.
Sempre procurei ser prudente, não correr o risco de enfrentar o perigo unicamente para chegar mais depressa ao trabalho, sem, entretanto, ficar atemorizada pelo aspecto daquela localidade.
Falei sobre isso com minhas filhas e decidimos procurar no dicionário o significado da palavra acaso. Encontramos o seguinte: “algo incontrolável, fortuito, acidental, imprevisto, incerto, sem direção ou propósito, não planejado.”
Concordamos que não havia nada, nessa definição, que fosse semelhante a Deus. O universo de Deus é determinado e planejado por Ele. Não é incerto. O plano de Deus é a perfeição.
Concluímos que, diariamente, ao passar pelo bairro onde havia sinais evidentes de crime, nós iríamos orar para mudar nosso ponto de vista sobre a situação. Trataríamos de desviar nosso pensamento da evidência do mal, e de mantê-lo voltado para Deus. Faríamos um esforço para compreender nosso relacionamento com Deus, nossa união com Ele, nosso Pai-Mãe. Procuraríamos, também, reconhecer que esse mesmo relacionamento existe entre Deus e todos os Seus filhos. Deus não separa um bairro de outro.
Cantamos juntas os bem conhecidos versos do Hino n° 329, do Hinário da Ciência Cirstã, que minhas filhas tinham aprendido na Escola Dominical:
Nações, as mais longínquas,
Conhecem Seu poder;
Grandeza e ordem juntas
Revelam Seu querer.
Aos poucos começamos a perceber à nossa volta pequenos sinais de ordem e beleza. Começamos a notar esses sinais com gratidão.
Ao passar por aquele bairro, começamos a perceber que as pessoas agora reuniam-se e conversavam amistosamente, sorrindo umas para as outras. Para nós, esse era um claro sinal do amor em açao.
Ao chegar a primavera, os moradores do bairro começaram a cuidar dos jardins dos conjuntos habitacionais, e vimos as fachadas outrora cinzentas serem transformadas com as flores coloridas.
Estávamos vendo as coisas sob uma perspectiva diferente. Sentíamos mais amor pela humanidade e, pela primeira vez em muitos meses, sentimo-nos verdadeiramente seguras.
Quanto a mim eu buscaria a Deus,
e a ele entregaria a minha causa;
ele faz cousas grandes e inescrutáveis,
e maravilhas que não se podem contar;
para pôr os abatidos num lugar alto,
e para que os enlutados se alegrem da maior ventura.
Ele frustra as maquinações dos astutos,
Para que as suas mãos não possam realizar seus projetos.
Porém Deus salva da espada que lhes sai da boca,
salva o necessitado da mão do poderoso.
Assim há esperança para o pobre,
e a iniqüidade tapa a sua própria boca.
Jó 5:8, 9, 11, 12, 15, 16
