Uma Senhora Revoltou-se ao receber uma ordem inesperada. Ela deveria repentinamente mudar sua programação e ir ao escritório onde trabalhava. E era sábado. Pensou consigo mesma: "Isso é um abuso."
Ao entrar no edifício onde ficava o escritório, porém, sobreveio-lhe o pensamento: "É um abuso ou um chamado?" Ela percebeu que poderia escolher. Cabia a ela decidir se a ordem que lhe havia sido dada iria abalar a harmonia de sua vida. Ela concluiu que não, e sentiu-se disposta, até contente, por ajudar no que lhe havia sido pedido. O resultado foi um dia especialmente produtivo. Por quê? Porque ela havia se sentido abençoada e tinha sido abençoada, por reconhecer que a satisfação de necessidades legítimas sempre beneficia a todos os envolvidos.
Quando nos sentimos "forçados" a fazer alguma coisa, vemos algo como forças trabalhando contra nós, ou seja, as imposições. Talvez a nossa revolta pareça justificada, em tais ocasiões. Porém, se encararmos a imposição como um poder superior a nós, isso só nos fará tomar sobre os ombros uma carga pesada. Talvez lutemos contra ela ou talvez simplesmente nos submetamos, achando que se trata de uma força tão poderosa, que é inútil tentar resistir-lhe. Entretanto, nem a submissão nem a resistência orgulhosa são necessárias. E nem uma nem outra ajudam. Existe uma alternativa: podemos tomar consciência de que nessas circunstâncias estamos sendo "chamados" a vencer a injustiça e a imposição com a compreensão espiritual.
Ser "chamado" diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e é uma responsabilidade, assim como uma oportunidade. Somos chamados a reconhecer que Deus é o autor de nosso ser e a expressar nossa verdadeira natureza como Seu reflexo. Somos chamados a nos libertar de toda opressão, mediante uma vida baseada nos ensinamentos de Cristo Jesus.
O apóstolo Paulo escreveu a seu amigo Timóteo: "Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos enternos. .. . " 2 Tim. 1:8, 9.
Jesus compreendeu o propósito que Deus estabelece para o homem e a necessidade que cada um tem de descobrir e demonstrar esse propósito, em curas e na maneira de viver. Houve resistência por parte daqueles que não entendiam Jesus. Contudo, ainda que alguns não aprovassem seu ministério vitorioso, eles não puderam impedi-lo nem restringi-lo. Com fidelidade, o Mestre seguiu sua santa vocação.
Deus, a Verdade, nos chama com autoridade e amor. Conscientes de que somos o homem criado por Deus, Sua expressão perfeita, nós respondemos a essa vocação, a esse chamado. Não existe realmente nenhum poder estranho a Deus que possa interferir com Sua vontade. Demonstrar esse fato espiritual é nossa missão hoje, como o foi para Paulo e Timóteo.
Mas o que dizer dos "sofrimentos a favor do evangelho", dos quais Paulo nos aconselha a participar "segundo o poder de Deus"? Embora se possa dizer que seguir o ensinamento cristão implica enfrentar e vencer toda pretensão de resistência à Verdade divina, não quer dizer que a Verdade em si nos traga problemas. O que ocorre é justamente o contrário, ensina a Ciência Cristã. Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, declara em Ciência e Saúde: "Jesus deu a verdadeira idéia do ser, da qual resultam bênçãos infinitas para os mortais." Ciência e Saúde, p. 325.
Não poderíamos realmente sentir a "imposição" das chamadas forças do mal, a não ser que tais forças fossem enviadas por Deus. Mas o Amor divino não é a fonte do mal. E a totalidade do Amor não permite a realidade do mal. Assim, quando nos vemos sujeitados a exigências excessivas ou a uma clara injustiça, seja ela ocasional, seja de grandes proporções, deveríamos perguntar-nos: Não estarei sendo "chamado" a tratar dessa situação como Jesus teria feito, isto é, como representante do Amor?
Ao enfrentar grandes responsabilidades, nem sempre é fácil distinguir entre as exigências de Deus e as imposições do materialismo. É necessário compreender espiritualmente esse chamado divino, para aprendermos a perceber a diferença. Refletindo a Deus em nossa vida, entendemos a orientação do Amor divino e a seguimos. Então conseguimos, por meio da nossa obediência a Deus, refutar o abuso e, dessa forma, com o poder curativo de Deus, abençoar nossos relacionamentos.
Muitas pessoas talvez não considerem a doença como uma imposição. Aliás, freqüentemente acredita-se que a doença tenha um propósito divino. Mas a doença não é enviada com a autoridade de Deus. Ao contrário, o Amor divino nos conclama a aceitar a saúde, a integridade e o domínio outorgados por Deus. Quando reagimos ao desafio da doença, reivindicando a verdade de nosso ser criado por Deus, que inclui a isenção de doenças, mantemos nosso alicerce espiritual e descobrimos que a doença não é absolutamente uma entidade real.
Entretanto, podemos perguntar: Será que um mundo como o nosso, tão claramente em conflito conflito consigo mesmo, não impõe necessariamente pressões e desarmonias tão grandes, que vencê-las está além de nossa capacidade? Não, nunca. A prerrogativa que Deus tem de nos governar não pode ser invalidada nem subjugada. Só inibimos nosso progresso quando damos a supremacia a influências sociais injustas e a pressões de outras pessoas de nossa relação, ou à doença e às supostas leis materiais sobre a saúde. Todas são imposições que podem ser vencidas quando nos apegamos fielmente à Verdade divina. Isso é o que somos chamados a fazer: provar, passo a passo, nosso domínio sobre a crença no mal, na matéria e na mortalidade, para podermos reivindicar completamente aquilo que Paulo chamou "o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus". Filip. 3:14.
Não devemos permitir que a falsa evidência de abuso interfira com a nossa determinação de atender às exigências divinas, exigências como a de dedicar fidelidade constante ao único Deus, o Amor divino, e de amar o nosso próximo como a nós mesmos. Se concordássemos com a afirmação de que podemos ser "forçados" por algum poder oposto a Deus, estaríamos admitindo a inimizade, a doença, a limitação e o erro. Em contrapartida, todas as exigências de Deus são justas e amorosas. Por isso, aceitar e seguir essa orientação significa atender às exigências divinas e desfrutar mais justiça e amor em nossa vida.
Ao considerar as elevadas conquistas espirituais que estão à nossa frente, talvez duvidemos de nossa capacidade. Mas não seríamos chamados a fazer o que é impossível. Além do mais, podemos estar conscientes de que Deus não nos "chama" simplesmente, Ele também nos concede Seus dons. João escreveu: "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus." 1 João 3:1. Sendo receptivos ao chamado da vida no Amor divino, vêmo-nos elevados acima da opressão do materialismo e somos fortalecidos para demonstrar o poder curativo do Cristo em tudo aquilo que verdadeiramente precisa ser feito. Com base na experiência de sua própria vida, a Sra. Eddy escreveu: "Deus vos está abençoando, meus queridos alunos e irmãos. Prossegui para a elevada vocação para a qual o Amor divino nos chamou e na qual está rapidamente cumprindo suas promessas." The First church of christ, scientist, and Miscellany, p. 201.
