Nunca Pensei Que a Bíblia fosse um livro sobre amor", disse uma mulher indigente. "Eu sempre tive medo de que esse livro me fizesse sentir culpada, como se eu fosse ruim. Por isso nunca quis ler a Bíblia!"
Há um ano mais ou menos, essa mulher vem conversando com uma amiga minha, que trabalha como voluntária num albergue para indigentes, aqui em Boston. Pouco a pouco, essa amiga a está ajudando a descobrir que a Bíblia não é um livro sobre culpas. Ao contrário, é um livro sobre o consolo da lei sanadora de Deus, Seu amor e Sua bondade. É um livro sobre regeneração, perdão e o começo de uma nova e maravilhosa vida para você, com Deus.
Agora a mulher não tem mais medo de ler a Bíblia. Ela diz que essa leitura a faz perceber que gosta muito mais de si mesma, e dos outros. Também a faz perceber que Deus gosta dela, aliás, que Deus a ama.
Algumas pessoas pensam a mesma coisa que essa mulher costumava pensar e têm medo de que a Bíblia as faça, de algum modo, se sentir fracassadas, como se jamais pudessem realmente estar à altura dos padrões divinos. Pensam que a Bíblia é uma enorme coleção de regras que nós estamos destinados a não cumprir, mesmo com o máximo de boa vontade. Temem fazer como Adão e Eva, conforme relatado no livro do Gênesis, quando Deus lhes diz para não comer o fruto da árvore do bem ou do mal, e desobedecem. E têm medo de que, como Adão e Eva, sejam punidos por seus pecados, postos para fora do Paraíso, para sempre.
Na realidade, o que ocorre é exatamente o oposto! A maravilhosa mensagem bíblica é que o pecado não tem nenhum poder sobre nós, não tem o direito de controlar os filhos de Deus. A boa nova para todos nós é que e história da Bíblia não termina com a clássica desgraça de Adão e Eva. Nem tampouco começa ali naquele ponto.
Em realidade, a Bíblia começa com uma visão panorâmica da criação, em que tudo é totalmente "bom", cheio de beleza, glória e abundância. Nessa criação, o "homem e a mulher" que Deus fez são puramente espirituais, a "imagem" e a "semelhança" de seu Criador. Ver Génesis 1:26, 27, 31.
Então, onde é que a história de Adão e Eva e encaixa nessa criação ideal? Ela não passa de uma alegoria, representando um falso conceito da criação, mostra como podem se tornar confusas as coisas quando perdemos de vista o amor e a verdade de Deus.
Foi necessário outro homem na Bíblia, um homem verdadeiro, chamado Jesus Cristo, para dar testemunho correto sobre quem você e eu realmente somos. Ele levou uma vida de tão absoluta inocência e de tão grande poder espiritual, que as pessoas que o conheceram puderam perceber que a vida para a humanidade, tanto homens como mulheres, era algo muito mais elevado do que uma interminável ladainha de pecado e castigo.
A bondade absoluta que Jesus demonstrou aos milhares de pessoas que ele ajudou e curou serve de modelo eterno de como é o ser perfeito e espiritual. Entretanto, essa forma perfeita de ser, que Jesus viveu e ensinou, era baseada não em seus próprios esforços pessoais de "ser bom", mas na perfeição de Deus. É por isso que ele exigiu que seus seguidores também fossem perfeitos. Sabia que era absolutamente natural eles serem perfeitos, porque Deus, nosso Pai celeste, é impecavelmente perfeito. "Sede vós perfeitos", disse-lhes, "como perfeito é o vosso Pai celeste." Mateus 5:48.
E isso é fundamental no ensinamento da Bíblia: que você e eu podemos ser perfeitos, e que, de fato, somos perfeitos em nosso verdadeiro eu, como semelhança espiritual de Deus. E podemos comprovar a verdade de que o homem de Deus é inocente. Isso se torna possível tão logo compreendamos, ou mesmo comecemos a compreender, que somos filhos de Deus. Somos espirituais, imaculados, santos, porque assim nos fez o nosso Criador. Como também argumenta um escritor do Novo Testamento, com lógica convincente: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus." 1 João 3:9.
E há ainda alguma coisa a mais que a Bíblia nos ensina: é que o amor de Deus por nós é inextinguível. Esse amor tem uma capacidade infinita de melhorar nossa vida, de nos purificar em todos os sentidos. Esse amor de Deus, ao qual o apóstolo Paulo se refere como "graça", nos assegura que não falharemos em nossos esforços de mudar radicalmente de vida. É a graça de Deus, não meras regras e leis humanas, o que realmente nos regenera. "O pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e, sim, da graça." Rom. 6:14.
Uma autoridade em Bíblia explica esse mesmo trecho nas seguintes palavras: "Não temais o fracasso. O poder que o pecado tem sobre aqueles que se encontram debaixo da lei, não pode existir na atmosfera vivificante do amor redentor de Deus, na qual viveis." Ver J. R. Dummelow, A Commentary on the Holy Bible, Romanos 6:14.
O propósito santo de Deus corrige a cada um de nós, reno-va-nos em Seu amor. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, um livro que extrai sua mensagem curativa e regeneradora diretamente da Bíblia: "O desígnio do Amor é reformar o pecador." Ciência e Saúde, p. 35.
Esse "desígnio do Amor" reestruturou a vida de alguém que me é muito querido. Sua juventude tinha sido um emaranhado de erros, moral, financeira e pessoalmente. Mas, ao começar o estudo da Ciência Cristã, esse perfil de insucessos terminou imediatamente. Sua aparência, atitude e saúde melhoraram tão sensivelmente, que até mesmo alguns amigos não o reconheciam.
Apesar disso, ele ainda se preocupava com o passado. Será que Deus realmente poderia perdoar-lhe todas as coisas erradas que havia feito?
Então, certo dia, ele encontrou uma idéia muito especial em Ciência e Saúde. Em realidade, trata-se de um dos seis "Artigos de Fé" da Ciência Cristã, que diz o seguinte: "Reconhecemos que o perdão do pecado, por parte de Deus, consiste na destruição do pecado e na compreensão espiritual que expulsa o mal por ser este irreal. A crença no pecado, contudo, será castigada enquanto ela perdurar." Ibidem, p. 497.
Depois de ler isso, meu amigo teve a certeza de que havia sido perdoado. Por quê? Porque sabia que havia abandonado seus erros antigos para sempre. A divina "semente" dentro dele tinha germinado e produzido uma planta forte e alta, um ímpeto espiritual que jamais poderia retornar ao estágio de semente. Cinqüenta anos ou mais passaram, durante os quais esse homem se tornou uma espécie de "árvore plantada junto a corrente de águas" conforme diz a Bíblia. Salmos 1:3. E ele foi uma árvore que deu sombra e abrigo a muitas outras pessoas, (inclusive a mim) que ainda estavam em seu estágio de "semente", no crescimento espiritual.
Quer você esteja no estágio de semente ou no de árvore, na sua própria biografia espiritual, a Bíblia é um livro que você não pode dispensar. A Sra. Eddy disse certa vez: "A Bíblia contém a receita para toda cura." Ciência e Saúde, p. 406. Provavelmente poderíamos dizer que a Bíblia contém também a receita para uma vida sem falhas, para a sublime aventura de viver num estado de inocência.
