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Oração matinal

Da edição de agosto de 1995 dO Arauto da Ciência Cristã


Nossa Família Passava as férias de verão num acampamento no norte do estado de Minnesota, nos Estados Unidos. Ficava às margens de um grande lago, nas florestas sob proteção ambiental, junto a uma região onde se pratica canoagem, na divisa entre os Estados Unidos e o Canadá. Um dos aspectos inusitados dessa belíssima região agreste é o baixo nível de ruídos produzidos pelo homem, graças a regulamentos tais como a proibição de usar, nos lagos, motores de alta potência. Mas é claro, as horas de maior silêncio são as que precedem o amanhecer.

Uma das coisas que eu mais gostava de fazer era levantarme silenciosamente, enquanto todos os demais ainda dormiam, esgueirar-me para fora da cabana, subir pela trilha entre pinheiros e bétulas, e sentar-me nas rochas que encimam o lago, e ali orar e aguardar o nascer do dia.

A atmosfera era incomum em sua quietude. Nada se movia. Cada folha e cada criatura estava em perfeita imobilidade. Coisa alguma corrugava a superfície do lago. Depois, gradativa e suavemente, à medida que a luminosidade aumentava, uma brisa passava no ar, as folhas começavam a roçar umas nas outras, ouviam-se animaizinhos a começar suas atividades do dia, a superfície do lago encrespava-se com a aragem e a água começava a lamber as pedras da margem do lago.

Para mim, era como se tudo parasse para reconhecer a presença de Deus e depois se movimentasse em admiração reverente, para louvá-Lo com atividade divina.

Parar e reconhecer a presença de Deus é, seguramente, um dos elementos mais importantes da oração, pela manhã ou em qualquer outra hora, nas florestas ou em qualquer outro lugar. Num de seus livros mais recentes, Maya Angelou, referindo-se a Deus como Espírito, diz: "Acredito que o Espírito é um só, e está presente em toda parte; que jamais me abandona; que, na minha ignorância, posso desviar-me dele, mas reconheço sua presença no momento em que caio em mim." Wouldn't take nothing for my journey now (Nova Iorque: Random House, 1993), pp. 33–34.

Minhas madrugadas na floresta iluminaram para mim alguns dos pontos importantes que precisamos resgatar pela oração, a fim de compreender a presença do Espírito: um senso de solidão, de tranqüilidade, de reverência.

Por vezes, a solidão é vista como isolamento. Mas essa é uma noção ingrata de solidão e tem origem em crenças materialistas, crenças que resultam na sensação de estarmos completamente sozinhos. Penso em solidão como a experiência sagrada de estar a sós com Deus. A solidão que buscamos na oração é a solidão da consciência espiritual. Na consciência espiritual, aquela consciência que a Mente divina outorga, não há crenças materialistas, há apenas verdades espirituais, apenas os fatos de nossa unidade com Deus e da unidade de Sua criação espiritual. Encontramos essa solidão onde quer que estejamos e toda vez que afastamos o pensamento de crenças materiais ruidosas ou sutis, preocupações e aflições humanas, e voltamos inteiramente a atenção para Deus e Seus pensamentos.

Cristo Jesus sistematicamente procurava a solidão da consciência espiritual. A Bíblia registra que Jesus por vezes se afastava literalmente dos homens, com o fim de orar: "Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto, e ali orava." Marcos 1:35. Assim ele se preparava para poder retirar-se à consciência espiritual, mesmo sob a pressão com que as multidões lhe apresentavam as necessidades humanas, às quais ele trazia cura, onde quer que fosse. Os seguidores de Jesus procuram a solidão com a mesma finalidade pura.

Para auferir o máximo de proveito dessa solidão com Deus, precisamos ficar em quietude. Assim como gozamos ao máximo a quietude do alvorecer quando estamos em perfeito sossego, assim nos apercebemos mais claramente da presença de Deus quando mantemos perfeitamente calmo o pensamento. Então, podemos aspirar a atmosfera e as idéias da Mente divina, da Vida, da Verdade, do Amor. Como diz a Descobridora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy: "A Mente demonstra onipresença e onipotência, mas a Mente gira sobre um eixo espiritual, e seu poder se revela e sua presença se faz sentir em quietude eterna e Amor inabalável." Retrospecção e Introspecção, pp. 88–89.

Contemplar tranqüilamente a onipotência e onipresença de Deus, Sua contínua e constante bondade, Seu amor, leva-nos a admitir que estamos de fato nas mãos de um poder benevolente muito além e acima de nós mesmos. Dando-nos conta disso, percebemos o grandioso desígnio do Amor como o supremo controlador do universo e do homem. Junto com esse entendimento, sobrevém uma reverente admiração por Deus e um profundo amor por Sua criação.

É difícil expressar em palavras a reverência que inunda a consciência na solidão e quietude da oração. Ela, porém, nos impele a motivações mais puras, objetivos mais desprendidos, aspirações mais de acordo com o caráter cristão. O suave despontar das novas perspectivas espirituais, que iluminam o pensamento em oração, leva-nos a louvar a Deus em atividades de índole cristã, atividades que resultam numa influência favorável em nossa própria vida e na de outros. Essa é uma "oração matinal", seja qual for a hora do dia em que ocorra. É o método cristão de levar cura à humanidade. Como o diz a Sra. Eddy: "O melhor tipo espiritual de método cristão para elevar o pensamento humano e comunicar a Verdade divina é o poder inalterável, a quietude e a força; e quando assimilamos esse ideal espiritual, ele se torna o modelo para a ação humana." Ibidem, p. 93.

Façamos nossas, a cada dia, a solidão, a quietude e a reverência da oração matinal.

Rendei graças ao Senhor, invocai o seu nome,
fazei conhecidos, entre os povos, os seus feitos.
Cantai-lhe, cantai-lhe salmos;
narrai todas as suas maravilhas.
Gloriai-vos no seu santo nome;
alegre-se o coração dos que buscam o Senhor.
Buscai o Senhor e o seu poder,
buscai perpetuamente a sua presença.

1 Crônicas 16:8–11

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