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O quarto da oração — um armazém espiritual

Da edição de setembro de 1995 dO Arauto da Ciência Cristã


Por Que Deveríamos orar? Como deveríamos orar? O que fazer para tornar nossas orações mais eficazes?

Seria bom lembrar que a oração não modifica a Deus, o que ela faz é despertar-nos para uma consciência mais clara de Sua presença e de Seu poder, ajuda-nos a conhecer a Deus. Conhecê-Lo é diferente do que meramente saber algo sobre Ele. Cristo Jesus era capaz de curar instantaneamente, porque sua compreensão de Deus não era limitada ao conhecimento humano. Ele estava intimamente familiarizado com Deus como Pai, e até afirmou que era um com o Pai. Ele disse: “Estou no Pai, e o Pai em mim.” João 14:11.

A Bíblia nos fala sobre Deus. E a Ciência Cristã nos ajuda a compreender que Ele é Vida, Verdade, Amor, Princípio, Mente, Alma, Espírito. Esses termos sinônimos estão de acordo com a descrição que a Bíblia faz de Sua natureza e caráter. Contudo, como podemos ultrapassar as meras informações sobre Deus, a fim de conhecê-Lo realmente? Como obter a compreensão constante desse Ser divino e infinito e um amor sólido por esse Criador onipotente e onipresente, que é nosso Pai-Mãe?

O Mestre deixou-nos instruções breves, mas específicas, sobre como orar. Mateus registra assim suas palavras: “Quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará.” Mateus 6:6. Mary Baker Eddy nos diz em Ciência e Saúde: “O quarto simboliza o santuário do Espírito, cuja porta se fecha ao sentido pecaminoso, mas deixa entrar a Verdade, a Vida e o Amor.” Ciência e Saúde, p. 15.

Segundo a obra Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible, um significado da palavra grega traduzida como quarto, nesse versículo, é “armazém”. Refletir um pouco sobre esse significado, pode nos ajudar a tornar nossas orações mais eficazes.

Não lhes parece lógico que o santuário do Espírito inclua toda a realidade espiritual, toda a verdadeira substância, tudo o que é espiritualmente valioso? Portanto, nesse quarto, ou armazém, é de se esperar que exista provisão infinita, todas as idéias boas e úteis, enchendo as prateleiras, por assim dizer.

Quando Jesus multiplicou os pães e os peixes, e ressuscitou mortos, inclusive a si mesmo, ele encontrou aquilo de que precisava, entrando no armazém da oração, buscando em Deus, o Espírito, a substância e a vida que pareciam estar faltando. Sua oração fez surgir, de forma tangível, o alimento que sustentou as multidões e preservou a saúde e a vida, quando a doença ou a morte pareciam reais.

Isso não quer dizer que o quarto contenha coisas materiais. Significa apenas que, em comunhão com Deus, descobrimos o que Deus sabe; e, como Mente divina, Ele sabe e conhece todas as idéias úteis e corretas. Essas idéias certas estão sempre disponíveis, sempre “em estoque”, de forma que, quando oramos no “santuário do Espírito”, tornamo-nos conscientes dessas idéias sempre presentes e dessas qualidades espirituais. A consciência espiritual, refletindo a Mente única, inclui os fatos fundamentais do ser, os fatos sobre Deus e sobre a relação inseparável que o homem tem com Ele, a realidade da harmonia e da perfeição de todas as coisas. Podemos, portanto, voltar-nos para a Mente divina e encontrar saúde perfeita, já estabelecida, invulnerável a todo e qualquer ataque. Encontramos harmonia, paz, alegria, compreensão, numa palavra, todos os atributos de nosso Pai-Mãe Deus, e vemos que cada qualidade divina também é nossa por reflexo. Não é algo pelo qual devamos implorar, ou algo que devamos nos esforçar por merecer. Já é nosso, para ser expresso na proporção em que estivermos dispostos a seguir as regras da oração. Essas regras são explicadas no capítulo intitulado “A Oração”, no livro Ciência e Saúde. Quando descobrimos tudo o que está disponível, ou seja, aquilo que é real, como a saúde e a harmonia, a evidência de discórdia é destruída.

Certa vez, encontrei-me em situação bastante difícil. Eu havia comprado um pequeno negócio de máquinas automáticas para venda de doces, refrigerantes e coisas do gênero. Outro membro da família iria cuidar do negócio junto comigo. Logo, porém, fiquei sozinha para fazer tudo. O trabalho exigia força física para movimentar as grandes máquinas de um lugar para outro, e estas quebravam constantemente. O medo e a preocupação contínua eram oprimentes.

Não havia alternativa, senão orar. No meio da noite e durante todos os minutos que passava acordada, eu buscava a Deus. Lembro-me de uma vez em que fiquei andando de um lado para outro, em frente a uma máquina quebrada, declarando que a Verdade divina, a Mente infinita, estava sempre presente e, portanto, a inteligência e a sabedoria divina também estavam presentes, integrando minha verdadeira consciência. Procurando ouvir a resposta, fui de volta até a máquina e tive a idéia de como consertá-la.

Naquele mesmo dia conheci uma pessoa que não só sabia consertar essas máquinas, mas também me ensinou a fazer consertos. Em pouco tempo encontrei um comprador adequado, disposto a adquirir o negócio por um preço justo.

Todavia, o resultado mais valioso dessa experiência veio da oração constante. Alcancei uma confiança mais profunda no fato de que Deus é o único poder e Ele nunca poderia deixar de expressar Suas qualidades no homem. E eu comecei a mudar.

Muitos maus traços de caráter, como a impaciência e a vontade própria foram postos a descoberto e eliminados. À medida que a oração se tornou o ponto de partida para cada atividade, aprendi a depender da Mente divina e a ouvi-la regularmente, e com essa maior receptividade e obediência, vieram idéias que atenderam a todas as necessidades.

A Sra. Eddy nos dá esta instrução, no capítulo sobre a oração: “Para orar com acerto, temos de entrar no quarto e fechar a porta. Temos de cerrar os lábios e impor silêncio aos sentidos materiais.” Ibidem, p. 15. Acaso não significa isso que devemos deixar para fora os conceitos mortais, em vez de admitir crenças errôneas?

Encontramos um exemplo interessante dessa regra, no relato da ocasião em que os discípulos não conseguiram curar o menino epilético. Ver Mateus 17:14—21. A Sra. Eddy escreve: “Quando os discípulos lhe perguntaram por que não haviam conseguido curar aquele caso, Jesus, o mestre Metafísico, respondeu: ‘Por causa de vossa descrença’ (falta de ); e depois continuou: ‘Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará.’ Ele também acrescentou: ‘Esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum’ (deixando de admitir as sugestões dos sentidos).” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 222.

Portanto, a fim de orar eficazmente, devemos deixar de admitir o testemunho dos sentidos materiais. A matéria à qual nos curvamos, que nós tememos, e cujas fragilidades e limitações aceitamos, não é verdadeira substância, mas sim uma aparência de substância oposta ao Espírito, Deus. Se mantivermos no pensamento “as sugestões dos sentidos”, cultivando o hábito de queixar-nos, por exemplo, ou o ódio, a inveja, os temores, a condenação, não estaremos dentro do santuário; não estaremos nem orando nem “jejuando”.

A parábola de Jesus sobre o filho pródigo ilustra seu ensinamento sobre a oração correta e sobre como aprender a conhecer a Deus. Ver Lucas 15:11—32. Aparentemente, o filho mais jovem, na parábola, considerava a substância como algo que podia ser dividido, algo que pertencia a alguém e talvez não a outros (como um pão).

Vemos na parábola até onde o levou esse tipo de pensamento: à descoberta de que tudo não passava de “alfarrobas”. A vida desregrada não levara a nada. O rapaz se deu conta de que mesmo os servos de seu pai tinham tudo de que precisavam, mas ele também acreditava que havia perdido seu relacionamento com o pai, que não mais merecia a condição de filho.

Quando, porém, se regenerou a ponto de silenciar os sentidos materiais, ele encontrou o pai à sua espera, com uma roupa esplêndida, com sandálias e anel, símbolos de sua condição de filho. Ele pôde constatar a solidez da bondade e do amor do pai.

Quando entramos no quarto mental da oração, tendo deixado de lado os conceitos materiais, as limitações e as expectativas pessoais, sentimos a presença de Deus. E essa é a experiência mais sublime que alguém pode ter; ela traz a cura.

Isso não significa que seja sempre fácil entrar “no santuário do Espírito”, porque muitas vezes há uma resistência que tenta nos manter fora da oração, pensando sobre Deus, mas sem realmente reconhecer Sua presença nem perceber nossa verdadeira natureza como Seus filhos. Quando, porém, chegamos a conhecer a Deus através da oração, descobrimos uma nova identidade, nosso verdadeiro eu. Encontramos o que quer que parecesse estar faltando, integridade, honestidade, orientação, paz, perdão, abundância. Conseguimos ver a nós mesmos mais claramente como Deus nos vê e nos conhece, vivendo para sempre em Sua presença e constantemente expressando Seu amor. Esse reconhecimento de nossa semelhança com o Pai-Mãe Deus, supre a necessária inspiração e direção para podermos viver uma vida abundante, mediante a vitória sobre a visão limitada a respeito de Deus e do homem.

Deus, o Amor divino, supre eternamente o homem e o universo de todas as idéias boas e corretas. Portanto, cada um de nós tem acesso ao que Deus está suprindo. Podemos entrar no quarto da oração, silenciar os argumentos que tentam negar nossa condição de filhos, e familiarizar-nos intimamente com nosso único, verdadeiro e amoroso Pai-Mãe.

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