PROPÓSITO
".. . inculcar na humanidade o verdadeiro reconhecimento da Ciência Cristã prática e atuante" Mary Baker Eddy, Miscellaneous Writings, p. 207.
A Uma Altura De Quase 5.500 metros, o ar do Himalaia era bastante rarefeito. Mesmo assim, o guia nativo que me acompanhava subia a montanha com facilidade. Ele estava numa jornada que já havia feito muitas e muitas vezes antes. Íamos juntos nesse percurso e eu estava maravilhado com aquela vista majestosa. A subida ao topo do Monte Gokyo foi uma oportunidade de observar a paisagem de um lugar que parecia realmente ser o teto do mundo. E pensar que o cume do Monte Everest ainda ficava cerca de 3.400 metros acima de onde estávamos! Durante as duas semanas em que viajamos juntos, conversei bastante com aquele guia nepalês e ele me mostrou seu mundo de grandes montanhas, de vigorosa beleza, com sua cultura e seus sonhos.
Minha esposa e eu já viajamos bastante pelo mundo. Já nos maravilhamos diante da imensa savana africana, onde a graça e a força da vida selvagem se delineavam contra o horizonte de um pôr-do-sol esplêndido. Tivemos a oportunidade de conviver com uma família admirável e muito trabalhadora, no interior da Austrália, onde as propriedades ganadeiras têm centenas e centenas de quilômetros quadrados! Essas viagens nos proporcionaram a oportunidade de aprender, de sentir maior apreço por nosso semelhante e pelo mundo ao nosso redor. Mas elas também me fizeram pensar em uma jornada muito especial, cuja importância torna insignificantes as voltas ao mundo: a peregrinação espiritual de Cristo Jesus e daqueles que se empenharam em seguir seu exemplo.
Sinto-me inspirado por aqueles que se dispuseram a ir junto com Jesus, nessa busca espiritual que os aproximava de Deus e os fazia encarar com seriedade a exortação do Mestre: "Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." Mateus 5:48. Para seguir o exemplo de Jesus e perceber a verdadeira presença da realidade divina que ele percebia, era necessário que seus discípulos e apóstolos tivessem coragem, vigor, curiosidade espiritual e humildade. E, talvez acima de tudo, um amor puro.
Esse pequeno grupo de pioneiros espirituais constituía uma comunidade minúscula, num mundo que talvez parecesse extremamente materialista. Essa comunidade, contudo, era uma luz que brilhava em meio à escuridão. De certa forma, essa família de amigos poderia ser facilmente considerada uma igreja, um grupo coeso que trabalhava junto, e até lutava unido, que cuidava de cada um de seus integrantes e trilhava um caminho que levava ao pleno reconhecimento de que o homem criado por Deus é espiritual, não material, e não tem nenhum defeito nem mácula.
Para mim, a participação na igreja pode ser comparada a uma jornada especial, única e muito gratificante, que inclui a oportunidade de compartilhar nossa compreensão com outras pessoas, de amar e ser amado. A participação na igreja nos proporciona a oportunidade de ser espiritualmente alimentados, fortalecidos e ressuscitados de uma noção material de vida.
Às vezes pensamos em viajar de automóvel, de trem ou mesmo de avião. Mas você já pensou alguma vez na igreja como o veículo que nos conduz ao Espírito? Há muitas lições a serem aprendidas dentro desse aconchegante ambiente mental. Uma delas, verdadeiramente significativa, é a do amor. Descobrir o poder do amor é a chave para sentirmos o propósito mais importante da igreja. O Amor está para a igreja assim como o motor está para um carro. Ele proporciona a força motriz para ir adiante.
Nos últimos anos, estimulado pelo convite especial de uma senhora profundamente voltada para coisas espirituais, sentime ainda mais impelido a seguir em direção ao Deus que Cristo Jesus revelou. Em um artigo intitulado "A lagoa e o propósito", a Sra. Eddy escreve: "Durante a jornada, quando às vezes almejais encontrar repouso 'junto das águas de descanso', ponderai esta lição de amor. Entendei seu propósito e, na esperança e na fé, onde coração encontra coração e mutuamente se abençoam, bebei comigo da água viva do espírito do propósito de minha vida — inculcar na humanidade o verdadeiro reconhecimento da Ciência Cristã prática e atuante."Mis., pp. 206–207.
Compreendi que desenvolver um relacionamento com a Igreja estabelecida pela Sra. Eddy é uma forma sobremaneira refrescante de beber com ela da "água viva do espírito do propósito de [sua] vida". E quanto mais pondero o propósito de vida ao qual ela nos convida, ou seja, o de "inculcar na humanidade o verdadeiro reconhecimento da Ciência Cristã prática e atuante", melhor compreendo como sua Igreja desenvolve em nós a capacidade de tornar o cristianismo profundamente prático.
É muito natural sentirmos apreço pelos membros da igreja e dedicarmos atenção a eles. Contudo, existe uma tendência humana, compreensível, de ficar às vezes observando os outros, reparando se eles vêm pouco ou muito à igreja, como agem ou como se vestem, e até mesmo se suas opiniões se identificam com as nossas. Pensemos, porém, em como é importante voltarmos nossa atenção para nossa própria necessidade de tornar o cristianismo prático. Talvez isso possa ser definido como uma evangelização do próprio eu.
Percebi que é muito útil orar a respeito dos três passos que a Sra. Eddy menciona em seu pequeno artigo "A lagoa e o propósito", o artigo que termina com o convite transcrito acima. São passos que podem ajudar a definir nossa jornada rumo a um cristianismo mais prático, ou mesmo a um amor cristão mais praticável, dentro do contexto da igreja. Ponderar amiúde essas poucas páginas faz com que acionemos uma espécie de mecanismo de propulsão divina em nossa vida. Utilizando a bela metáfora da água, o artigo nos incita a começar a transição que os três passos indicam. Eles têm a virtude de forçar-nos a analisar nossos próprios pensamentos, nossas ações, nossa vida, em vez de ficar observando o procedimento dos outros membros de nossa igreja e tentar avaliar o quanto a vida deles reflete ideais elevados.
O primeiro passo consiste em uma análise profunda e honesta de nós mesmos, de nossa própria necessidade de sinceramente corrigir sentimentos, pensamentos e palavras que não expressem o Amor divino. O passo seguinte requer uma renovação verdadeira, ao tomar um caminho que deixa para trás tudo aquilo que seja contrário à compaixão, à bondade, à solicitude e à afeição. No terceiro passo há realmente a exigência de aceitarmos um senso sempre mais amplo da realidade do Amor divino, uma consciência cada vez maior da totalidade de Deus.
Se queremos realmente perceber a missão da Igreja fundada pela Sra. Eddy e encontrar um caminho realista para tornar nosso cristianismo verdadeiramente prático, sua terna orientação em "A lagoa e o propósito" pode dar-nos impulso e orientação poderosos nesse sentido. Quando nossa vida começa a corresponder ao convite dessa líder cristã, nossa jornada fica enriquecida com um propósito, um objetivo e um plano mais espirituais.
Para aqueles que descobrem algo que impulsiona, na visão que a Sra. Eddy tinha de igreja, o Amor divino torna-se uma força irresistível. Nossa Líder alcançava não apenas aqueles que já se dedicavam à Ciência Cristã, mas também todos os que estavam em busca da Verdade, atraindo-os para essa comunidade voltada para aspirações espirituais. Ela escreveu: "Nossas palavras de ordem são Verdade e Amor; e se permanecermos neles, eles serão abundantes em nós, e de coração seremos um — um nos motivos, no propósito e no empenho. Se permanecerdes no Amor, nenhum de vós poderá estar separado de mim; e a doce sensação de estarmos juntos na mesma jornada, fazendo aos outros o que desejais que vos façam, vencerá toda oposição, superará todos os obstáculos e assegurará o êxito."Ibidem, p. 135.
A Igreja que essa pioneira religiosa fundou, e ainda lidera através de seus escritos, tem o poder de um propósito divino. Essa Líder convida a todos os que desejam alcançar uma noção mais profunda de Deus a se unirem a ela (e haverá um jeito melhor de fazer isso do que por meio de sua Igreja?) com o objetivo de cumprir esse propósito. Dessa forma, tornamos o cristianismo mais real em nossa vida.
Toda jornada requer um passo inicial. Não importa quão extenso ou modesto seja nosso itinerário, podemos sentir a disposição, inspirada pelo Cristo, de dar o primeiro passo. Talvez seja tão simples quanto comprometer-se a expressar um amor espiritual mais profundo. Amor a Deus. Amor ao próximo. Amor a si mesmo. Sentir e expressar o puro amor espiritual é uma aventura muito especial em nossa jornada juntos através do cristianismo prático.
 
    
