Certa vez, enquanto estava andando de patins com alguns amigos, comecei a tentar fazer um monte de manobras que nunca tinha feito antes. Acabei conseguindo aprender a patinar de costas, o que foi muito legal, apesar de ter levado alguns tombos. Porém, não me contentei e comecei a pular várias vezes uma rampa. Eu o fazia de maneira cada vez mais ousada e perigosa, até que levei um tombo muito duro e me acalmei. Então percebi o motivo da minha ousadia. Eu estava querendo ser melhor do que meus amigos que estavam patinando comigo. Estava buscando uma auto-afirmação e querendo de certa forma me exibir diante deles.
A Sra. Eddy nos diz em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: "Motivos justos dão asas ao pensamento e força e liberdade à palavra e à ação."Ciência e Saúde, p. 454. Ser melhor que os outros não é um motivo justo. Sabendo isso, agora procuro patinar motivado pelo prazer de expressar alegria, harmonia, domínio e liberdade, que são qualidades que Deus nos dá. Assim passei a me divertir muito mais e aprender, de maneira natural e sadia a ter domínio sobre os patins.
Tanto para praticar esportes, como para ter qualquer outra atividade, é bom encontrarmos um motivo justo para fazê-lo e deixar que este nos dê "asas", "força e liberdade". Querer ser melhor do que outros com certeza não é um motivo justo, pois tende a negar a criação perfeita de Deus, que "viu ... tudo quanto fizera, e eis que era muito bom". Gênesis 1:31. Deus nunca fez um filho melhor do que outro. E todos os Seus filhos estão incluídos no tudo que Ele fez e viu "que era muito bom."
Ao pensar nessas idéias, percebi mais claramente que não preciso nem posso ser melhor do que ninguém (e não deve ser essa a minha meta), porque fui feito à imagem e semelhança de Deus, assim como todos os meus companheiros. Na realidade espiritual, eu não sou mais semelhante a Deus do que os outros. No entanto, procuro compreender minha identidade como filho de Deus e me esforço por demonstrá-la melhor a cada dia. O que eu realmente preciso é expressar melhor aquilo que eu já sou, expressar minha identidade como filho de Deus.
O que é a verdade espiritual acerca de um, é a verdade acerca de todos. Na Escola Dominical da Ciência Cristã aprendi que Deus é o bem infinito e proporciona o bem a todos os Seus filhos, em igual medida, ou seja, de forma infinita e inesgotável. Aprendi que não devemos personalizar o bem, isto é, limitá-lo a uma ou algumas pessoas. Portanto, se vemos alguém manifestar qualidades maravilhosas, não deveríamos achar que essa pessoa é de algum modo privilegiada. Deveríamos lembrar que aquelas qualidades que ela expressa vêm de Deus e, conseqüentemente, estão ao dispor de todos.
O estudo da Ciência Cristã mostra que demonstrar as verdades espirituais, ou seja, torná-las tangíveis em nossa experiência, é o resultado direto de compreendermos essas verdades. Sabemos também a diferença entre ser e demonstrar. A Bíblia nos ensina que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, portanto, perfeito. Mas temos de aprender a demonstrar essa perfeição em nosso dia-a-dia. Pela espiritualização do nosso pensamento e pelo empenho em compreender melhor a Deus, podemos trazer à tona, cada vez melhor, nossa verdadeira individualidade, aquilo que realmente somos.
Não podemos estabelecer comparações humanas ao contemplar o homem espiritual. A humildade, a mansidão, a pureza e a honestidade no viver diário nos põem em condições mais propícias para trazer à experiência humana algo mais da perfeição inerente à nossa verdadeira identidade como filhos de Deus, feitos à Sua imagem e semelhança.
Por exemplo, todos desejamos manifestar inteligência, uma "qualidade primária e eterna da Mente infinita." Ciência e Saúde, p. 469. Se uma pessoa parece ser mais inteligente que outra, podemos lembrar que todos somos aptos a demonstrar inteligência. Ninguém está excluído da possibilidade de expressar as capacidades infinitas dadas por Deus.
Não devemos nos vangloriar de nossas próprias habilidades ou realizações. Se o fizéssemos, provavelmente estaríamos esquecendo a verdade a respeito dos outros. Deus ama e abençoa a todos os Seus filhos. Cabe a cada um de nós demonstrar as qualidades divinas em nossa experiência humana, as qualidades que nos permitem refletir a Deus, não para sermos melhor do que os outros, mas para que se expresse em nós algo mais da imagem e semelhança de Deus. Essa deve ser nossa meta.
 
    
