Muitas vezes nos envolvemos tanto com os problemas a serem enfrentados, que não vemos os benefícios obtidos durante e depois de determinada experiência. Há um ano tive de repensar diversos conceitos, e hoje vejo como isso foi bom.
Após terminar um namoro de quase dois anos, distanciei-me de vários amigos que havia conhecido por meio de meu ex-namorado. A princípio, parecia que com a "perda" desses amigos eu perderia as oportunidades de fazer os programas de que mais gostava e conversar sobre os assuntos que mais me agradavam, já que esses eram os amigos que eu considerava os "mais parecidos comigo".
Eu achava que as alegrias e as amizades eram o mais importante, e que sem elas seria infeliz, incompleta. Mas, na verdade, essas reflexões forçaram-me a procurar respostas mais profundas, mais espirituais. Eu sabia que a leitura de Ciência e Saúde me levaria a encontrar inspiração e uma solução para o problema. Abri o livro em uma página qualquer e li o seguinte trecho: "Ser-te-ia a existência, sem amigos pessoais, um vazio? Virá então a ocasião em que estarás solitário e privado de simpatia; esse aparente vácuo, porém, já está preenchido pelo Amor divino. Quando chegar essa hora de desenvolvimento, ainda que te apegues a um sentido de alegrias pessoais, o Amor espiritual te forçará a aceitar o que melhor promover o teu crescimento." Ciência e Saúde, p. 266.
Passei a olhar para a situação de um modo diferente. Eu não podia colocar limites ao bem que Deus concede a cada um de nós. Não podia crer que apenas aqueles amigos eram agradáveis e que só na companhia deles eu estaria realmente feliz e satisfeita.
O Amor, Deus, não está delimitado por determinadas pessoas, lugares e momentos. A Sra. Eddy escreve em seu livro Miscellaneous Writings (Escritos diversos): " O Amor não é algo posto numa prateleira para, em raras ocasiões, ser dela retirado com finas pinças e colocado sobre uma pétala de rosa." Miscellaneous Writings, p. 250. Resolvi que, a cada lugar que eu fosse, em cada pessoa que conhecesse, procuraria ver o amor e o bem, pois a fonte do bem é Deus. Ele está constantemente revelando esse bem.
Em vez de sentir pena de mim mesma por estar aparentemente sem amigos e solitária, comecei a ver que a fonte da felicidade, da satisfação e do amor é Deus. Por isso eu não as podia perder. Eu é que precisava expressar tais qualidades para com os outros e muito mais amor.
Quando vemos o filho de Deus perfeito em cada um dos que estão à nossa volta, aí sim, expressamos amor. Esforcei-me para amar sem preconceitos, perdoar com mais facilidade e encontrar formas de ajudar naturalmente o próximo.
À medida que fui estudando mais a fundo os escritos da Sra. Eddy, fui me sentindo mais contente. Após algum tempo, tive oportunidade de conhecer outras pessoas e fazer programas diferentes dos que costumava fazer. Ao abandonar os velhos preconceitos, comecei a gostar de outros tipos de música, interessei-me por eventos culturais diferentes e fiz vários novos amigos. Pessoas que pareciam não ter nada a ver comigo mostraram-se muito mais interessantes. Todos têm boas qualidades, só é preciso que estejamos dispostos a discernir o bem. Trouxe-me muita alegria ter novos amigos nos quais descobri qualidades que não percebera ainda nos amigos anteriores tendo, pois, novas oportunidades de expressar afeto.
Essa mudança na minha maneira de pensar, como resultado da oração, não significa perda de valores (gostar de "qualquer um" e fazer "qualquer coisa"). É simplesmente a libertação de conceitos deturpados. É natural ter propensão para o bem, é natural que nós, jovens, tenhamos vontade de ter amizades e diversões sadias. É natural também compreender que, agindo dessa forma e mantendo puros nossos pensamentos e ações, estaremos sempre sob a proteção de Deus.
Aprendi a ser mais altruísta e a não ser tão voltada para mim mesma. Passei a apreciar muito mais meus professores e colegas do curso pré-universitário. Eles tinham qualidades que eu não havia visto antes, como bondade, pureza, receptividade, inteligência e igualdade no tratamento.
Agora já não me baseio nas aparências, ao conhecer alguém. Tornou-se natural corrigir os preconceitos e sentir amor desinteressado e sincero. E aqueles amigos que eu achava ter perdido me procuraram com saudades e tivemos momentos muito felizes.
É maravilhoso compreender que o bem e as amizades jamais se perdem, quando reconhecemos que Deus nos assegura sua continuidade. Quando nossas amizades estão fundamentadas no Amor divino, não podemos temer seu estremecimento ou esfacelamento, pois "O Amor jamais perde de vista o encanto." Ciência e Saúde, p. 248.
 
    
