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O Evangelho de Marcos em nossa vida

Na nona parte desta série de artigos, as obras poderosas forma interrompidas por uma breve incursão pelo tema do discipulado. O fim de João Batista foi narrado em todo o seu horror, ao mesmo tempo em que os apóstolos iniciavam sua primeira missão. Apesar dos relatos brilhantes dos apóstolos, sobre o trabalho que haviam realizado, eles ainda teriam muitas lições a aprender.

As obras poderosas Jesus alimenta os famintos e anda sobre as águas — Marcos 6:31-56

(Décima Parte)

Da edição de outubro de 1999 dO Arauto da Ciência Cristã


6:31–44 Entusiasmados com a missão vitoriosa, os discípulos contam a Jesus tudo o que haviam realizado. Carinhosamente, Jesus os convida a repousar um pouco, à parte, num lugar deserto, deixando para trás a agitação e o alarido. Então, foram sós no barco para um lugar solitário, mas não puderam desfrutar do repouso de que tanto necessitavam, porque muitos...os viram partir e ... correram para lá... e chegaram antes deles. Quando o barco atracou, muitos já os estavam esperando. Ao vê-los de longe, Jesus ... compadeceu-se deles. Como lhe parecessem ovelhas que não têm pastor, ele começou a "alimentá-las", a ensinar-lhes muitas coisas.

Logo o sol começou a se pôr. Dotados de senso prático e percebendo que entardecia, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: É deserto este lugar. .. despede-os para que, passando pelos campos ao redor e pelas aldeias, comprem para si o que comer. O tom de urgência do pedido mostra que eles se encontravam em um lugar distante e que seria muito difícil conseguir comida depois que escurecesse.

Mas Jesus respondeu: Dailhes lhes vós mesmos de comer. Com incredulidade, os discípulos lhe perguntaram: Iremos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer? Eles devem ter dito isso com ênfase. Esse montante equivalia ao salário de oito meses de trabalho, com certeza muito mais do que eles tinham. Contudo, eles estavam prestes a aprender uma grande lição. Não haviam eles acabado de voltar de uma missão para a qual tinham sido instruídos a não levar alimento nem dinheiro? Havia faltado alguma coisa para eles? Só sabemos que tinham sido bem sucedidos; certamente não lhes tinha faltado nada. Estariam eles preparados para aceitar um significado mais profundo de pão?

Pouco antes, as pessoas da multidão tinham sido comparadas a "ovelhas". Jesus as estava pastoreando, alimentando-as com o ensinamento sobre Deus e Seu cuidado. Esse cuidado não pode continuar sendo um conceito abstrato; precisa ser sentido humanamente de forma tangível, precisa ser alicerçado em ensinamentos práticos, exemplificados pela demonstração.

Sem se abalar com a preocupação dos discípulos, Jesus perguntou: Quantos pães tendes? Ide ver! Uma nova tarefa! Eles voltaram, dizendo: Cinco pães e dois peixes, ou seja, o suficiente para alimentar umas poucas pessoas. Então, Jesus lhes ordenou que todos se assentassem, em grupos, sobre a relva verde. Assim, todos foram dispostos em grupos de cem e de cinqüenta em cinqüenta. O original grego, embora remetesse à divisão de tropas militares, usa a linguagem típica utilizada na disposição das plantações.

Tomando ele os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e, partindo os pães, deu-os aos discípulos para que os distribuíssem. Embora alguns leitores percebam uma relação com a eucaristia, nesse procedimento, ele reflete a função natural do pai na família judaica, que abençoa a Deus pelo pão, parte-o e distribuio ... e por todos repartiu também os dois peixes. Todos comeram e se fartaram. Contudo, apesar de haverem recolhido doze cestos cheios do que sobrara, e de terem sido alimentados cinco mil homens (sem contar mulheres e crianças), a multidão parecia não estar se dando conta do que acontecera. Acharam tudo muito natural.

6:45–52 Logo a seguir, compeliu Jesus os seus discípulos a embarcar e passar adiante para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. A atitude de Jesus mostra que foi necessário pulso firme naquela situação. Talvez a multidão tivesse realmente algum entusiasmo messiânico, depois de tudo, mas justamente por isso era imlportante tirar os discípulos dali, afastá-los dessas distrações.

E, tendo-os despedido, subiu ao monte para orar, para refletir, para ficar sozinho com Deus.

Naquela noite, estava o barco no meio do mar, e ele, sozinho em terra. Viu-os em dificuldade a remar, porque o vento lhes era contrário. Eles não tinham conseguido ir muito longe. E, por volta da quarta vigília da noite, entre três e seis horas da manhã, veio ter com eles, andando por sobre o mar.

Nesse ponto, as opiniões dos estudiosos modernos se dividem. As pessoas não andam sobre a água! Acreditam esses estudiosos que somente Deus poderia fazer isso. Alguns deles argumentam que, nesse momento, Jesus está revelando a si mesmo como sendo o próprio Deus. Eles concluem que os discípulos não estavam correndo perigo, estavam simplesmente enfrentando dificuldades para cruzar o lago. Assim, não se tratava de uma missão de resgate, mas sim, de uma epifania, isto é, uma aparição divina. Essa interpretação é baseada na informação de que Jesus queria tomar-lhes a dianteira, ou seja, queria "passar" por eles. Essa frase é utilizada duas vezes no Antigo Testamento para descrever a atividade de Deus. Ver Êxodo 33:19–23 e 34:5–9 e 1Reis 19:9–13.

Muitos estudiosos acreditam que, nesse episódio, Jesus tenha tido a intenção de passar adiante dos discípulos, mas seus planos foram modificados, quando os discípulos o viram e Pensaram tratar-se de um fantasma e gritaram, pois estavam aterrados. Esses estudiosos afirmam que Jesus precisou parar e tranqüilizar os discípulos. Ele lhes disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais! Eles relacionam as palavras de Jesus, "Sou eu", com a forma como Deus se identificou a Moisés e a Isaías. Ver Êxodo 3:14 e Isaías 43:25, 48:12 e 51:12.

Além disso, alguns eruditos observam que essa primeira seção de grandes sinais e grandes mal-entendidos, começa no versículo 35 do capítulo 4, quando Jesus acalma a tempestade no mar. Naquela noite, os discípulos perguntaram: "Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?" Agora, ao final desta seção que incluiu tantas curas extraordinárias, esses estudiosos acham que a resposta á pergunta dos discípulos é dada em outra noite de tempestade no mar. Eles acreditam que esse incidente confirma que Jesus é nada menos do que o próprio Deus (e não o Filho de Deus, como Jesus se referia a si mesmo). Para eles, isso também explica claramente as "obras poderosas", por meio das quais Jesus demonstrava seu domínio sobre a natureza, sobre os demônios, a doença, a limitação e até mesmo a morte.

Mas será que essa é a única maneira pela qual podemos analisar esses acontecimentos? Não. Outros estudiosos observam que, se nesse versículo há uma alusão á passagem de Deus, trata-se de uma alusão pouco consistente. Nas passagens do Antigo Testamento que mencionamos acima, Deus é representado como que se aproximando apenas pelas costas, ou na forma de uma brisa suave, como se estivesse realmente passando. Além disso, naquele tempo, as pessoas acreditavam que se vissem a face de Deus, elas morreriam. Ver Êxodo 33:20. Nesse incidente, Jesus não "passa", mas pára e sobe no barco, juntando-se aos discípulos. Todos vêem a face de Jesus e nada de mal lhes acontece.

Embora Deus realmente tivesse dito "Eu sou", ao Se revelar a Moisés, já no primeiro século da era cristã essa expressão era bastante usada pelas pessoas comuns ao se identificarem e, por isso, ela também pode ser entendida desse modo. Além disso, esse acontecimento não encerra a seção de grandes sinais. Outras demonstrações imlportantes ainda vão ocorrer. Assim sendo, de que maneira podemos entender essa história?

Os leitores atentos devem procurar indícios no texto. Jesus mandou os discípulos irem de barco na frente, o que indica que ele pretendia alcançá-los mais tarde. Depois de ter orado a noite toda, ele cruzou as águas para chegar mais rápido ao seu destino. Só parou devido aos gritos apavorados dos discípulos, que o fizeram parar e subir no barco onde eles estavam. Logo o vento cessou e os discípulos ficaram entre si atônitos. Eles estavam impressionados e isso se devia tanto à maneira como Jesus se aproximara deles, quanto ao fato de o vento ter amainado. Trata-se do mesmo sentimento já manifestado anteriormente, um misto de admiração, veneração e temor. Marcos acrescenta: porque não haviam compreendido o milagre dos pães. Apesar de terem participado do episódio do episódio em que Jesus alimentara toda a multidão, eles não haviam compreendido a base espiritual daquele acontecimento. E continuavam sem compreender. Sua reação mostra que eles não entendiam quem era Jesus nem o que ele estava fazendo. Marcos vai mais longe, dizendo que o seu coração estava endurecido. Esse tipo de comentário era reservado aos opositores de Jesus; os discípulos parecem estar perigosamente semelhantes a eles.

Seria fácil dizer que nós, na qualidade de leitores, sabemos quem Jesus é, enquanto os discípulos apenas suspeitam. Marcos nos fez saber em seu versículo inicial que esse era o "princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus". Contudo, permanece até hoje uma grande divergência entre os estudiosos e até mesmo entre os leitores, sobre o significado das passagens que acabamos de comentar. Há uma grande diferença entre considerar esse evento como uma epifania, uma aparição de Deus em forma corpórea, e considerá-lo como a demonstração da lei de Deus por meio das obras de Seu Filho, Cristo Jesus.

6:53–56 Depois disso, há um outro relato sumário, indicando o poder impressionante e a popularidade de Jesus. Saindo eles do barco, logo o povo reconheceu Jesus; e ... traziam em leitos os enfermos, para onde ouviam que ele estava. Apesar de toda a movimentação em torno dele, Jesus permanecia em silêncio. Isso testifica sua terna paciência e seu amor por todos os necessitados. Onde quer que ele entrasse. .. punham os enfermos nas praças, rogando-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste; e quantos a tocavam saíam curados. Jesus adotava com as multidões um tratamento diferente do que usava com os discípulos: para elas não há censura, nenhum questionamento sobre a profundidade de sua fé, nenhuma referência ao ensino. Os que vinham em busca de cura eram curados.

As expectativas da multidão contrastam fortemente com as dos discípulos, que logo serão repreendidos por deixarem de compreender o significado profundo do poder de Jesus. No próximo capítulo desta série, as controvérsias vão recomeçar, pois Jesus se torna o alvo das críticas dos fariseus.

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