Pode parecer, às vezes, que não temos motivos para sermos gratos. Talvez, nossas finanças não vão bem, ou a saúde esteja abalada, ou tenhamos problemas na família, ou, quem sabe, tudo isso junto. Falar de gratidão, nessas circunstâncias, pode parecer absurdo. Isso porque muitos de nós estamos acostumados a pensar que esse sentimento é algo que vem após recebermos alguma coisa.
No entanto, nosso Mestre, Cristo Jesus, deixou-nos um exemplo diferente. Ele agradecia antes de que as boas coisas ocorressem.
O que faríamos, você e eu, se estivéssemos perante uma multidão faminta, por exemplo, e tivéssemos apenas cinco pães e dois peixes? Reclamaríamos por ter uma quantidade tão ínfima de comida? Culparíamos outras pessoas por não terem sido prevenidas? Ficaríamos afobados, correndo de um lado para outro à procura de uma solução? Entretanto, quando Jesus enfrentou essa situação, ele agradeceu (ver João 6:1-13). Com essa gratidão a Deus em seu coração, ele pôde alimentar toda a multidão e ainda recolher o que havia sobrado.
Sempre senti que a gratidão era importante, mas uma experiência, em particular, fez com que eu me aprofundasse no assunto. Foi há alguns anos. Voltei de uma viagem de negócios e encontrei meu filho adolescente com febre e acamado. Minha esposa disse que ele estava doente desde o dia anterior. Ela havia orado e, às vezes, parecera haver melhoras, mas a febre sempre voltava. Como ela precisou sair, eu fiquei com meu filho, orando. Em certo momento, ele começou a delirar. Fui levado a pegar uma revista da Christian Science que estava à mão e abri-a num artigo que falava sobre gratidão. A autora contava uma experiência de sua família, que estava, na época, em precária situação financeira. No dia de Ação de Graças, quase não tinham nada para comer, mas decidiram dar graças assim mesmo, reconhecendo o bem espiritual já presente. Quase no mesmo instante, a campainha tocou e alguns conhecidos entraram com uma enorme cesta de mantimentos.
Pensando na ilimitada bondade de Deus, temos uma infinidade de motivos para sermos gratos
Ao ler esse artigo, eu percebi que a gratidão não depende daquilo que os sentidos físicos nos dizem, mas sim, daquilo que o sentido espiritual nos revela. Como lemos em Ciência e Saúde: “Inteiramente separada da crença e sonho num viver material, está a Vida divina, que revela a compreensão espiritual e a consciência do domínio que o homem tem sobre toda a terra” (p. 14). Isso me ajudou a compreender que, para sentir gratidão, eu não precisava esperar que a “crença e sonho num viver material” preenchessem determinadas condições. Eu podia ser grato imediatamente pela Vida divina, que estava presente ali. Agradeci pelo fato de Deus estar vendo todos nós perfeitos. Aliás, Ele vê toda Sua criação perfeita, pois ele é o resultado de Seu amor. Esse é o resultado do Seu amor. Enquanto ponderava essas coisas, meu filho levantou-se e foi ao banheiro. A febre havia sumido e ele se sentia bem. A cura foi completa.
Por que a gratidão é um fator tão importante, na cura? Em minha experiência, ao sentir gratidão, eu reconheci a presença de Deus. Agradeci por todo o Seu poder estar em atividade naquele exato momento. Senti gratidão pela perfeição que já estava presente. Essa consciência espiritual despojou a doença do seu aparente poder.
Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy chama nossa atenção para sete termos, mencionados ou implícitos na Bíblia, que ele usa como sinônimos de Deus. Ela escreve: “Deus é Mente, Espírito, Alma, Princípio, Vida, Verdade, Amor, incorpóreos, divinos, supremos, infinitos” (p. 465). Em seguida, explica que esses termos têm “o objetivo de exprimir a natureza, a essência e a inteireza da Divindade”. Pensando nesses sinônimos, que expressam a ilimitada bondade de Deus, podemos reconhecer uma infinidade de motivos para sermos gratos.
A Mente infinita que controla o universo está continuamente emanando inteligência e exercendo o controle absoluto e harmonioso de todas as coisas. O Espírito infinito é a única fonte da substãncia e, por essa razão, toda verdadeira substância é espiritual e não está sujeita à perda ou à decomposição. A Alma, Deus, irradia constantemente beleza e animação, fazendo-nos perceber o puro e o belo no colorido de uma flor ou no sorriso de uma criança. No Princípio imutável, encontramos estabilidade e solidez que nos permitem vencer toda dúvida e incerteza. Deus, como Vida, proporciona a todos nós, Seus filhos, vitalidade e vigor ininterruptos. A Verdade onipotente garante que a justiça e a integridade jamais sejam subjugadas por seus opostos, a astúcia e a desonestidade. O Amor onipresente, que ocupa todo o espaço, cuida de nós e nos protege a todo instante, eliminando o ódio, o preconceito e tudo o que seja diferente dele mesmo.
Pensando nesses e em outros aspectos da glória de Deus, temos motivos de sobra para sentirmos profunda gratidão espiritual. Nela reside a verdadeira alegria de viver, e maravilhas resultam dessa gratidão.
