Eu pensava com certa revolta sobre a maneira como alguém me havia repreendido, embora a repreensão fosse merecida. "Ele poderia ter falado com mais tato", resmungava comigo mesma.
Aí, comecei a pensar em como Jesus repreendia, não com muito tato, poderíamos dizer. Mas, todas as vezes, com razão. Tinha um jeito não muito popular, mas necessário para nos guiar direto ao reino de Deus. Tomemos Pedro, por exemplo. Jesus lhe disser: "Arreda, Satanás!" (Mateus 16:23). Pedro tropeçou, resmungou, mas permaneceu firme. E o que é que nós devemos a Pedro? Temos de abençoá-lo por ter ele fincado para nós as primeiras pedras firmes da igreja destinada a incluir o mundo todo no grande amor de Deus.
Assim, apesar de Jesus nem sempre ter usado tato, estava ele expressando amor? Sim, com certeza. Ninguém, mais do que ele poderia estar imbuído de amor, da terna solicitude pelo bem-estar de seu próximo. Ninguém jamais amou como ele. Ele endossou seu amor com a própria vida, que entregou por todos nós, para provar que o Amor divino, Deus, vence tudo, até mesmo a morte.
Lembro-me também das afirmações humildes de Mary Baker Eddy, particularmente no que diz respeito a críticas: "Se um amigo nos apontar uma falta, ouviremos pacientemente a sua repreensão e daremos crédito ao que nos diz? Não daremos, ao contrário, graças por não sermos 'como os demais homens'? Durante muitos anos a autora sentiu-se muito grata por censura merecida. O mal está na censura imerecida — na mentira que a ninguém beneficia" (Ciência e Saúde, pp. 8–9).
Jesus nem sempre usava tato, mas sempre expressava amor
Voltemos à primeira repreensão citada. Reconsiderei-a e fui grata por alguém ter tomado o seu tempo e ter tido a coragem de mostrar-me a direção certa. Nessa ocasião, talvez fosse mais importante e mais amoroso um conselho direto e honesto, do que o tato. Empenhei-me em corrigir meu erro e gastar menos tempo queixando-me pela repreensão — sobretudo quando é bem possível que a observação tenha sido a coisa mais certa a fazer.
A Sra. Eddy fala sobre repreender "o pecado, pela verdadeira fraternidade, caridade e perdão" (Manual de A Igreja Mãe, Art. 8 , § 1 ). Fazer isso, diz ela, é refletir "os suaves encantos do Amor" — não tato. É interessante que muitos daqueles que encontravam a Sra. Eddy pela primeira vez, saíam dizendo que nunca antes haviam sentido amor tal como em sua presença. Contudo, quando se fazia necessário, ela repreendia — muitas vezes de maneira pronta, clara e direta. Alguns acharam difícil demais aceitar suas repreensões e foram embora. Aqueles, porém, que permaneceram, que engoliram o orgulho, trabalhando humildemente e orando, a fim de corrigir seu modo de pensar e de agir de acordo com o conselho dela, forma os que levaram adiante a igreja que reinstituiu o elemento perdido do cristianismo, a cura.
Será que você e eu conseguiremos engolir o nosso orgulho, assim como fizeram esses pioneiros? Poderemos nós continuar a colocar pedras firmes na construção da igreja, permanecendo no amor sanador já estabelecido e construindo com o amor que nós demonstramos, tão necessário num ministério desses? É preciso ter bastante humildade. Exige-se que sacrifiquemos a obstinação, própria e o egotismo. Mas, agora eu estou disposta a começar. Sinto-me inspirada pelo exemplo daqueles que nos precederam. Oro para poder tomar a minha cruz e prosseguir. Oro para ter mais amor. Quem sabe eu aprenda a ter um pouco mais de tato, eu mesma. Agora porém, sei que o mais importante é expressar amor.
