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Uma mensagem de amor na música

Entrevista com Ray Conniff

Da edição de outubro de 1999 dO Arauto da Ciência Cristã


quase seis décadas, Ray Conniff tem sido um músico profissional, atuando como maestro, trombonista e arranjador. Ele, com sua orquestra e coral, é conhecido no mundo inteiro e é um dos dez que mais vendem álbuns. Charles Filbert conversou recentemente com Ray Conniff a respeito do papel que a oração tem tido em sua carreira.

Charles Filbert — Como você iniciou sua carreira musical?

Ray Conniff — No colegial, eu tocava numa pequena banda e, quando me formei, era voz corrente que aquele garoto de Attleboro, Massachusetts, que tocava tormbone, era muito bom. Recebi convites para tocar e tocava com grupos que às vezes apareciam por lá. Fui para Boston e fiquei tocando lá durante mais ou menos um ano. Depois, alguns amigos disseram: "Não fique em Boston. Vá para Nova York onde tudo acontece." Foi o que fiz, e passei por um período atuando em bandas, tais como Bunny Berigan e Artie Shaw, Bob Crosby, Harry James e outras do gênero. Isso levou-me para a Costa Oeste.

Quando fui para o Oeste, passei por aquilo que eu chamo "anos magros". Foram dois anos em que quase não consegui ganhar nada. Nessa altura, eu tinha esposa, dois filhos, um enteado e minha mãe, que morava conosco. Uma noite fui a uma apresentação com outros músicos, em Studio City, na Califórnia. O principal motivo de eu ter ido lá era ver se conseguia um empréstimo com alguém, para pagar as contas de telefone, luz e gás, que estavam todas vencidas.

Quando terminou a sessão, aproximei-me de um saxofonista e pedi-lhe um empréstimo. Ele me perguntou como iam as coisas e eu lhe disse: "Mal, muito mal." Ele disse: "Bem, qual é o problema?" Então contei a ele uma história tão triste que você nem pode imaginar, relatei desde os buracos na sola do meu sapato até os pagamentos atrasados de uma hipoteca.

Ele disse: "Deixe-me fazer-lhe algumas perguntas. Como está sua saúde?" Eu disse: "Bem, minha saúde está ótima." Então ele perguntou: "E, como estão seus filhos? Estão bem?" "Sim, as crianças vāo muito bem." "E como está sua esposa?" "Ah, ela está muito bem." "Você tem um teto para se abrigar esta noite?" "Sim, a casa ainda está lá." "Você vai ter comida na mesa, amanhã de manhã?" "Bem, acho que teremos algo para comer. Sempre conseguimos algo." "Bem, agora ouça. Durante dez minutos estive ouvindo e você não tinha nada para contar, a não ser uma longa história de desgraças mas, nos últimos trinta segundos, pudemos encontrar cinco coisas pelas quais você poderia ser grato. Parece que você poderia dar uma virada em seu modo de pensar e dar graças, em vez de ficar falando tanto nos furos do seu sapato.

"Vou lhe dizer uma coisa. Vou lhe emprestar vinte dólares. Não tenha pressa em me devolver. Algum dia, quando estiver bem de vida, você me devolve"(o que, a propósito, foi o que aconteceu). "Mas, gostaria que você me prometesse uma coisa", continuou ele. "Vou lhe dar um panfleto e gostaria que você o lesse em troca do empréstimo." Então, eu disse: "Negócio fechado." Não me importava com o panfleto — o que eu queria eram os vinte dólares! "A propósito", ele acrescentou, "peguei este panfleto na Sala de Leitura da Christian Science, que fica bem perto daqui. Se você gostar dele poderá ir lá e ler outros panfletos e literatura como esta." Então eu respondi: "Ótimo, obrigado." Demos um aperto de mão, dissemos boa noite, fui para casa e li, naquela mesma noite, o panfleto "A lei divina de ajustamento", de Adam H. Dickey.

Foi como se alguém tivesse acendido uma lâmpada para mim. Logo percebi que não havia mais nunhum problema com minhas finanças. As contas ainda estavam em cima da minha escrivaninha e nada havia mudado quanto a isso, porém eu sabia que tudo ficaria bem. Eu gostei especialmente de ler que Deus alimenta e veste o homem, como faz com os lírios — e sabia que ninguém se veste melhor do que um lírio. As idéias desse panfleto foram para mim uma completa revelação. No dia seguinte, acordei com uma atitude completamente diferente a respeito de como minhas necessidades seriam supridas. É tão verdadeiro o que Mary Baker Eddy escrece sobre suprimento: "Deus vos dá Suas idéias espirituais, e elas, por sua vez, vos dão o suprimento diário" (Miscellaneous Writings, p. 307).

Em vez de ficar reclamando dos meus problemas, comecei a enfocar tudo o que era bom em minha vida. Durante um certo período, também ia a uma Sala de Leitura e passava umas duas horas à tarde, estudando vários artigos sobre suprimento. Encontrei muitas idéias que foram importantes para mim. Logo começaram a chegar ofertas de trabalho. Lembro-me de que também comprei um caderno e cada pessoa para quem eu devia dinheiro tinha uma página, fiz um planejamento de como poderia pagar. Escrevi um bilhete a todos, explicando o que eu estava fazendo e dizendo que começara um novo estudo e que, daquele momento em diante, tudo seria maravilhoso. Recebi desse pessoal as mais lindas cartas. Como eu disse, toda a situação foi superada ao ler o primeiro artigo, porque mudei completamente minha atitude.

CF — E então sua carreira decolou?

RC — Isso mesmo, comecei a receber convites muito bons para trabalhar e firmei um contrato bastante lucrativo com a Orquestra de Frank DeVol. Então, comecei novamente a compor para a Banda de Harry James. Cheguei a ficar muito bem em Los Angeles, mas de alguma forma senti que não estava realizando completamente todo o meu potencial. Portanto, retornei para Nova York e foi assim que comecei a trabalhar com a gravadora Columbia. Comecei com eles por volta de 1955 e fiquei lá até um ano atrás.

CF — Bem, para falar de algo diferente, você sente que sua música tem um propósito espiritual?

RC — Só posso dizer que toda vez que vou compor uma música, ou quando tenho de realizar uma apresentação, faço uma oração ao nosso Pai para que Ele me guie a fazer Sua vontade. Tenho recebido algumas cartas bem interessantes, de pessoas que, de uma forma ou de outra receberam uma mensagem com minha música. Portanto, penso que eu devo ter.. .

CF — ...tocado seu coração?

RC — Realmente não sei como responder, porque eu precisaria sair por aí, perguntando a todos que ouviram as músicas. Mas, algumas pessoas me contaram que tiveram curas físicas enquanto estavam ouvindo minha música. Por isso, talvez o Pai realmente tenha me ajudado a pôr nela uma mensagem.

Uma vez recebi uma carta de uma senhora da África do Sul. Os pais dela morreram quando ela tinha dez anos e ela foi morar com uma tia que, segundo ela disse, costumava maltratá-la. Seu aniversário de quinze anos foi uma data muito triste. Não teve festa, nem presentes e ninguém nem mesmo se lembrou dela. Na noite de 17 de julho de 1961, ela decidiu tomar umas pílulas e "dormir para sempre". De repente, ela ouviu uma música que vinha do jardim, lá fora. Algo na música mudou seu estado de ânimo. Ela foi dormir e, no dia seguinte, jogou fora as pílulas e decidiu continuar vivendo. A música que ela ouvira foi a minha gravação de "Bésame Mucho". Ela estava com quarenta e cinco anos, quando me escreveu, havia casado e tinha filhos. Havia para ela algo, naquela canção, um significado qualquer, que eu não sei qual foi.

Normalmente eu não digo isso numa entrevista, mas vou lhe dizer que antes, durante e depois das apresentações — e a qualquer hora que eu puder — estou constantemente orando assim: "Pai, ajuda-me a dizer a coisa certa. Ajuda-me com o compasso das partituras. Ajuda-me com a música. Ajuda as pessoas a esquecerem agora seus problemas e a ouvirem a música." Estou sempre trabalhando com essas idéias.

CF — Essa é a qualidade que você sente quando está lá — realmente a presença do Cristo. Nada poderia significar mais para os seus ouvintes.

E o que dizer de você? Década após década você continua com o mesmo entusiasmo, com a mesma alegria, a mesma inspiração. O que o leva a seguir em frente, aparentemente sem limitaçôes?

RC — Oro muito — e não só por mim mesmo. Hoje há tanta necessidade de termos boa música. Não sei ao certo qual é a definição de "boa" música, mas hoje, eu acho, existem músicas que não são realmente boas para os jovens que as escutam.

CF — Há necessidade de entretenimento bom e saudável?

RC — Isso mesmo. Ouça Tchaikovsky ou Rachmaninoff e alguns dos grandes músicos. Você sabe, um dos melhores livros já escritos, é também o mais antigo, isto é, a Bíblia. Acontece o mesmo com a música. Jovens autores e compositores poderiam aprender tanto ao ouvir os grandes mestres!

CF — Obviamente você tem amor a Deus e tem amor pelos seus ouvintes e pelos jovens. Você quer ajudá-los a trazer á tona o melhor que eles têm por dentro deles. Sua motivação é o amor, não é?

RC — É uma bela maneira de dizer isso! Em outras palavras, como resultado de minhas orações ao nosso Pai, tenho colocado uma mensagem de amor em minhas músicas, durante todos esses anos.

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