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Um caminho para a cura depois do estupro

Da edição de outubro de 1999 dO Arauto da Ciência Cristã


Certa madrugada, recebemos um telefonema da colega de quarto de nossa filha. Ela contou a meu marido que nossa filha, que estava estudando e morando numa universidade, tinha sido assaltada e estuprada. Disse-nos que fôssemos ao hospital o mais rápido possível. Meu marido conseguiu falar brevemente com nossa filha, assegurando-lhe que ela era forte e estaria bem, que a amávamos e que logo estaríamos com ela.

Depois que ele desligou o telefone, chamei uma praticista da Christian Science. Às três da madrugada, a praticista estava alerta, calma e muito amável. Assegurou-me que Deus estava tomando conta de Sua filha. Acordamos, então, nosso filho e nós três partimos. Ao longo do caminho, cerca de uma hora de carro, continuei afirmando que Deus estava com ela. Quando o medo sobre o quê, quem, por quê, como, onde, vinha ao meu pensamento, eu procurava saber que Deus, seu verdadeiro pai Mãe, estava com ela, amando-a, envolvendo-a, sustentando-a, consolando-a e tomando conta dela.

Quando chegamos, havia muitos policiais, detetives, pessoal do hospital, etc. Ficamos sabendo que o apartamento de nossa filha tinha sido arrombado; o assaltante a tinha arrastado, sob ameaça de uma faca, até um bosque próximo e a tinha estuprado. Fora uma experiência horrível. Foi-nos permitido vê-la e falar-lhe por apenas uns poucos minutos.

Enquanto ela estava sendo examinada, a detetive saiu e perguntou-me quantos anos ela tinha. Quando respondi que tinha dezenove anos, seu comentário foi: “Ela tem uma força fora do comum para alguém de sua idade.” Ela continuou, relatan-do-nos como nossa filha ficara abalada quando tivera de descrever os acontecimentos com detalhes para a polícia, mas que ela simplesmente havia parado por uns instantes, havia se acalmado e voltara a fornecer as informações solicitadas.

Pude ver que nossa filha tinha se voltado ao Pai divino para sua salvação

Depois de um dia no hospital e horas na delegacia de polícia, todos nós voltamos para casa. Eu vim dirigindo o carro de nossa filha para que pudéssemos conversar. Ela me contou que o primeiro pensamento que tivera, quando percebeu o que estava para acontecer, foi que ela era filha de Deus. Continuou reconhecendo essa verdade e afirmando que Deus estava tomando conta dela. Quando a dor se tornara muito intensa, ela havia orado para que Deus cuidasse dela. Ela também relatou que, em certo momento, sentiu se como se estivesse de fora, separada do que estava acontecendo com seu corpo. Sua oração era principalmente para que o assaltante a deixasse viva, como acabou acontecendo. Ele até mesmo pediu-lhe desculpas.

Pelo relato dela, pude ver que nossa filha tinha se voltado ao Pai divino para sua salvação. Fiquei grata por isso.

Mais tarde, à noite, quando já estávamos deitadas, ela foi tomada pelo medo e falou sobre o grande dano que isso iria causar à sua vida. Enquanto ela chorava, perguntei ao Pai o que poderia dizer para ajudá-la. Então, lembrei-me de um artigo de muitos anos antes, intitulado “Cheiro de fogo”, que eu havia lido recentemente (escrito por Louise Knight Wheatley e publicado no The Christian Science Journal de março de 1920). O artigo se refere ao relato bíblico dos jovens hebreus, que foram condenados a uma fornalha sobremaneira acesa, por adorarem ao Deus único, ao invés do ídolo do Rei Nabucodonosor (ver Daniel, cap. 3). Contudo, certos da capacidade de Deus para livrá-los, os jovens saíram do meio do fogo completamente ilesos A Bíblia louva esses jovens, relatando, “...que o fogo não teve poder algum sobre o corpo destes homens; nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, ...nem cheiro de fogo passara sobre eles.”

Como esses jovens fiéis, nossa filha também nada havia feito de errado e, apesar disso, fora lançada numa fornalha sobremaneira acesa. Entretanto, contrariamente à evidência física, seu ser verdadeiro — sua identidade espiritual — nunca havia, em realidade, deixado a segurança perfeita do cuidado de Deus. Comparamos o cheiro do fogo ao dano emocional, ao medo, à ira e a todas as seqüelas que parecem acompanhar uma vítima.

Concordamos, entretanto, que por ter ela sido salva desta “fornalha”, como os jovens hebreus, ela não poderia sofrer por algo que não havia tocado sua identidade real. Depois disso, durante alguns meses, ao falarmos sobre essa experiência, sempre nos perguntávamos se acaso estávamos sentindo cheiro de fogo.

Para nós parecia imprescindível que o assaltante fosse apanhado e condenado pelo que havia feito. Eu comecei a orar por justiça. Percebi que a justiça é uma qualidade divina e não algo que somente a polícia poderia proporcionar. A justiça está sempre presente. Esta verdade da Bíblia ajudou-me muito: “... nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido” (Mateus 10:26). Parecia justo que esse indivíduo fosse detido e recebesse ajuda adequada e que minha filha se livrasse da preocupação sobre quem ele era e onde estava. Eu orava diariamente pela proteção de minha filha, bem como para que Deus, a Mente única, revelasse a todos os envolvidos o que fosse necessário.

Esse jovem, mais tarde, atacou outras garotas da mesma maneira. Na última vez, ele foi identificado e preso. Então tivemos de enfrentar a possibilidade de um julgamento e de minha filha ter de testemunhar. Encontramo-nos diversas vezes com o promotor e revisamos o caso. Duas provas maravilhosas do cuidado de Deus, aconteceram no final dessa experiência.

Todas as provas materiais, amostras, etc., tinham sido enviadas ao laboratório de criminalística do estado, em Atlanta. Foi-nos dito que havia material colhido no exame de nossa filha que, pelo DNA, provaria que esse homem era o assaltante. Do ponto de vista da justiça criminal, isso era o de que eles precisavam. Entretanto, do ponto de vista espiritual, eu vinha orando para compreender que isso nunca havia acontecido realmente a uma filha de Deus. Nada a não ser o bem poderia fazer parte do homem de Deus. Não importava o que os sentidos materiais dissessem, eu me aferrava ao fato de que ela estava “oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Coloss. 3:3), e isso tinha sido sempre assim e o seria eternamente.

Sou grata por, durante essa experiência tão difícil, não ter sentido ódio ou desejo de vingança

Quando fomos ajudar nossa filha a preparar-se para o julgamento, o promotor informou-nos que ele não podia explicar como nem por quê, mas o fato era que não haviam encontrado nenhum DNA no material colhido na ocasião. Nada havia sido perdido — tudo que fora coletado no exame médico e pelo laboratório de criminalística estava lá — mas não havia nenhuma “evidência de que ele havia tocado nela”.

No dia da seleção dos jurados, afirmei que a justiça divina é inevitável e orei com esta passagem de Ciência e Saúde: “Que a Verdade ponha a descoberto o erro e o destrua do modo como Deus o destrói, e que a justiça humana imite a divina.” (p. 542). Mais tarde, minha filha ligou para nos dizer que não haveria mais nenhum julgamento. O acusado, que sustentara sua inocência por mais de um ano, havia confessado sua culpa em todas as acusações, um total de trinta e oito crimes. Ele até mesmo confessou-se culpado por todas as acusações no caso de minha filha, embora não houvesse nenhuma prova material. Ele acabou sendo condenado à prisão perpétua.

Quando soube de tudo isso, fiquei admirada com o resultado, tão favorável à minha filha. Nosso advogado contou-nos, mais tarde, que esse rapaz tinha se casado, recentemente, com uma jovem muito devotada à sua religião. Ela permaneceu ao seu lado e convenceu-o de que a única maneira de ele ser perdoado e encontrar paz de espírito, seria admitir o que ele havia feito. Ela lhe disse que precisava liberar as jovens que ele havia prejudicado, e não fazê-las passar pelo constrangimento de testemunhar no tribunal. Ele concordou e, na audiência, chorou e pediu desculpas pelo mal e pelo medo que havia causado.

Sou tão grata por poder dizer que, durante toda essa experiência difícil, nunca sentimos ódio por esse rapaz nem desejo de vingança. Nossa filha retornou para a mesma faculdade, determinada a não permitir que seus anos universitários lhe fossem roubados. Ela ainda tem de lidar com “o cheiro de fogo” algumas vezes, mas tem feito muito progresso ao enfrentar seus temores. Ela vai se formar em direito este ano e espera de alguma maneira poder trabalhar no sistema penitenciário. Tem consciência de que mesmo aqueles que cometeram erros terríveis necessitam de ajuda.

Os versos que Mary Baker Eddy compôs para as criancinhas me fazem lembrar com gratidão que, muito embora os filhos acabem seguindo seu próprio caminho, as verdades que lhes são ensinadas desde cedo permanecem com eles e vêm em seu auxílio quando delas mais necessitam.


Gostaria de confirmar que, lamentavelmente, essa é uma história verdadeira que me aconteceu. Embora tenha sido uma experiência traumatizante, com ela aprendi muito sobre a vida e, especialmente, sobre Deus. Eu não teria sido capaz de enfrentar tão bem a situação e seus efeitos colaterais, se minha mãe não tivesse inculcado em mim um sentimento profundamente espiritual sobre Deus e Sua onipresença. Ela sempre me ensinou que Deus é todo bom e que eu sou Sua filha perfeita, Sua imagem e semelhança. Essas são apenas duas das muitas verdades a que eu recorri quando estava em dificuldades e tão assustada. A forte fé de minha mãe e seu amor a Deus forma um socorro para nós duas, durante essa dolorosa experiência.

Eu gostaria também de agradecer a Deus por Mary Baker Eddy, sua vida e suas convicções. Eu não sei o que nossa família teria feito sem a Christian Science. A confiança e as orações de minha mãe fazem com que nossa família se sinta muito próxima a Deus.

Agradeço por terem nos permitido compartilhar essa experiência com os leitores.

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