Recentemente, uma amiga fez-me o seguinte comentário a respeito de outra pessoa: “Não consigo perdoar a forma como ele me tratou. Estou ressentida demais — é uma injustiça muito grande a que ele fez comigo!” Quem nunca sentiu algo semelhante? Quer se trate de uma pequena ofensa ou de uma grande injustiça, como fazer para perdoar — perdoar realmente?
Ao orar sobre isso, e tendo eu mesma algumas coisas a perdoar (e precisando ser perdoada em algumas outras), estudei o que a Bíblia e Ciência e Saúde nos ensinam sobre o perdão. Por exemplo, Ciência e Saúde afirma: “A escravidão do homem aos mais implacáveis senhores — a paixão, o egoísmo, a inveja, o ódio e a vingança — só é vencida por uma luta tremenda. Cada hora de atraso torna a luta mais dura. Se o homem não triunfa sobre as paixões, elas lhe arruínam a felicidade, a saúde e o valor humano. Então, a Ciência Cristã é a panacéia soberana, que dá força à fraqueza da mente mortal — força que provém da Mente imortal e onipotente — e eleva a humanidade acima de si mesma, a desejos mais puros, ao poder espiritual e à boa-vontade para com os homens” (p. 407).
Ninguém quer ser escravo de características ruins. Por compreender a Deus, a “Mente imortal e onipotente”, e por deixar que essa compreensão eleve nosso pensamento acima das mentiras que nos são sussurradas (ou às vezes gritadas!), podemos nos elevar, através da oração, até chegar ao ponto do verdadeiro perdão.
Alguns anos atrás, um parente fez-me alguns comentários muito maldosos e desagradáveis e ameaçou a mim e à minha família. Quando desliguei o telefone, eu estava muito magoada e com medo de que essa pessoa pudesse cumprir suas ameaças. Eu sabia que devia amar e perdoar esse parente, mas isso parecia humanamente impossível. Além disso, comecei a ter problemas de saúde. Uma pequena e desagradável protuberância me apareceu em uma das axilas.
Telefonei a um praticista da Christian Science, solicitando ajuda, e mencionei o desagradável telefonema recebido. Ele me assegurou que eu podia expulsar o ressentimento. Fez a seguinte analogia: “Se você visse um besouro bem grande e preto pousado em uma linda roseira, você acreditaria que ele faz parte da roseira? Ou você procuraria compreender que ele existe completamente separado da rosa?” De repente, percebi que eu havia juntado a ruindade à pessoa. Tinha personalizado o problema. Havia lhe dado um nome, uma personalidade, um rosto, uma voz. Não era de admirar que o problema me mantivesse presa! Eu estava acreditando que havia uma pessoa má, que podia danificar, perturbar ou roubar minha paz. Ao contrário, na verdade, o mal é uma mentira impessoal.
Naquela noite orei para não me deixar iludir por essa mentira sobre o filho de Deus e para amar e perdoar aquela pessoa da família. Orei para honrar um só Deus, o bem. Sabia que não estaria amando ou honrando a Deus, se não amasse Sua criação. Pouco tempo depois de ter adormecido, acordei com este pensamento: “Certamente que você pode amá-la, pois Eu já a amei primeiro.” Com essa doce mensagem angelical, vinda de Deus, toda mágoa e medo se desvaneceram. Compreendi que Deus ama a ela tanto quanto ama a mim e a todos. Uma profunda compaixão por ela tomou conta de mim. Com o tempo, ficou claro que esse foi o fim das ameaças feitas por aquela pessoa. E, quando tive de trocar o curativo daquela desagradável excrescência, ela havia desaparecido. A partir daí, aquele membro da família e eu temos mantido um relacionamento amável e respeitoso.
Expulsando o medo, a raiva, a justificação própria, e a autopiedade, podemos aprender a perdoar os outros, assim como gostaríamos de ser perdoados.
 
    
