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O Evangelho de Marcos em nossa vida

A diferença entre os companheiros de Jesus e seus opositores se intensificará na próxima parte desta série de artigos, quando examinaremos alguns dos ensinamentos de Jesus, especialmente os transmitidos por meio de parábolas. Descobriremos que a linha de separação entre os “companheiros” e os “opositores” é bastante tênue.

Os companheiros e os opositores — Marcos 3:7-35

(Quarta Parte)

Da edição de abril de 1999 dO Arauto da Ciência Cristã


Até aqui, no Evangelho de Marcos, o ministério de Jesus dedica-se a demonstrar, na prática, os seus ensinamentos sobre a proximidade do reino de Deus. O povo reagia com entusiasmo a essa demonstração, mas o mesmo não acontecia com as autoridades. Percebendo nele uma ameaça às suas tradições religiosas, elas já haviam resolvido livrarse de Jesus. Mas as notícias a respeito do Mestre continuavam a se espalhar, criando mais divisões entre os que ouviam a sua mensagem.

3:7-12 Transferindo o foco das atenções, da instituição religiosa com a qual ele já havia tido muitos conflitos, para as pessoas comuns, retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do mar. Um grande número de pessoas, sabendo quantas coisas Jesus fazia, afluiu a ele de toda a Palestina.

A cena é caótica, a multidão que se formava em volta dele era tão grande que ele pediu que sempre lhe tivessem pronto um barquinho. . ., a fim de não o comprimirem. Essas pessoas, ao contrário dos fariseus, não estavam pondo Jesus à prova, nem esperando para ver se ele fazia alguma coisa errada. Elas vinham em busca de cura e se arrojavam a ele.

No meio da multidão estavam os espíritos imundos, que se prostravam diante dele e o identificavam: Tu és o Filho de Deus! Como já havia feito anteriormente, Jesus lhes advertia severamente que o não expusessem à publicidade. Somente os leitores do livro de Marcos ficam sabendo que os demônios declaram que Jesus é o Filho de Deus. Marcos quer que estejamos firmados sobre uma base sólida, quando surgirem perguntas sobre a natureza e a autoridade de Jesus.

3:13-15 A imensa popularidade de Jesus e a premente necessidade de colaboradores o impeliram a subir ao monte e chamar os que ele mesmo quis, dessa forma escolhendo doze. Esses doze deveriam estar com ele, aprender seus ensinamentos, exercer a autoridade de curar a doença e expelir demônios.

3:16-19 Simão Pedro encabeça a lista; Judas aparece em último lugar. Entre eles encontram-se pescadores, um coletor de impostos que trabalhava para os romanos, e um nacionalista da seita dos zelotes, que se opunha ferrenhamente à ocupação romana. Com tamanha diversidade entre eles, imagine o leitor como deveriam ser inflamadas suas conversas quando eles se reuniam, à noite!

Contudo, eles eram os escolhidos: pessoas comuns, incumbidas de pregar e exercer liderança. Sendo os companheiros mais próximos de Jesus, eles constituíam seu círculo mais íntimo de amigos, as pessoas mais chegadas a ele.

3:20-21 Depois disso, ele foi para casa. Novamente a comoção e o clamor da multidão impediam uma vida normal, de tal modo que nem podiam comer.

Quando os parentes de Jesus ouviram isto, foram procurá-lo para tomá-lo sob seus cuidados, porque diziam: Está fora de si.

O termo parentes é uma interpretação do texto grego, cuja tradução literal poderia ser “aqueles que lhe pertenciam” ou “que lhe eram próximos”. Alguns tradutores talvez prefiram o termo amigos, mas a continuação desta história, no versículo 31, em que aparecem os irmãos e a mãe, mostra que a melhor tradução neste caso é parentes. Eles vieram para cuidar dele, no sentido de tomá-lo sob custódia, de detê-lo. O objetivo era, sem dúvida, tirá-lo dali, levá-lo para casa.

Marcos não esclarece o motivo dessa atitude; na verdade, ele imediatamente insere uma nova história no texto. Utilizando uma de suas técnicas literárias favoritas, Marcos intercala uma história dentro da outra, e dessa forma enriquece a ambas.

3:22 Os escribas que acorriam de Jerusalém faziam de tudo para restringir ou sabotar a mensagem e a popularidade de Jesus, dizendo: Ele está possesso de Belzebu. E: É pelo maioral dos demônios que expele os demônios.

Termo grego, o nome Belzebu designava Satanás e era usado para insultar e rebaixar. A segunda acusação contra Jesus era de que ele estava associado com os poderes do mal, aliás, de que era o próprio agente do mal.

Provavelmente manipulando a multidão por meio de uma campanha de intrigas, eles plantavam sementes de dúvida e suspeita, dizendo que Jesus havia sido tomado por um demônio. Os demônios eram maus, profanos, separados de Deus e tornavam contaminados, impuros e imundos aqueles que os hospedavam. Se acreditassem que Jesus era impuro, nenhum judeu que se pautasse pela lei poderia acreditar em suas palavras, nem mesmo aceitaria ficar perto dele, pois também se tornaria impuro e contaminado.

3:23-27 Como não desejasse recuar diante dessas acusações, convocando-os Jesus, contestou as suas alegações com uma série de parábolas. Identificadas como enigmas, alegorias ou máximas, as parábolas eram histórias curtas ou longas que procuravam transmitir algum ensinamento em particular. Utilizando metáforas relacionadas com conflitos civis e disputas domésticas, Jesus perguntou: Como pode Satanás expelir a Satanás? Se um reino estiver dividido..., tal reino não pode subsistir; se uma casa estiver dividida..., tal casa não poderá subsistir. Se, pois, Satanás se levantou contra si mesmo e está dividido, não pode subsistir, mas perece. Com um argumento baseado na lógica, no senso comum, Jesus mostrava a falácia do argumento de que Satanás teria lhe conferido poder para expelir demônios, negando dessa forma que Satanás tivesse poder.

Argumentando ainda mais, Jesus perguntou que líder pegaria em armas contra si mesmo. Isso não faria nenhum sentido. Um reino ou uma casa divididos estão fadados à destruição. Satanás não promoveria nem fomentaria sua própria morte e extinção.

Chamando a atenção para o trabalho já realizado, Jesus acrescentou: Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então lhe saqueará a casa. Toda vez que libertava da escravidão um doente ou um possesso de demônio, Jesus entrava na casa de Satanás e lhe roubava os bens. O testemunho de João Batista, de que alguém com maior poder viria depois dele, a cena da tentação, o comportamento de submissão dos demônios e a mensagem de Jesus de que o reino de Deus estava próximo, tudo mostra o trabalho que estava sendo realizado. Mas a conversa terminou com uma advertência.

3:28-30 Em verdade vos digo que tudo será perdoado ...Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre... Ameaças duras de um Deus infinitamente amoroso? Não! O blasfemar contra o Espírito Santo aludia à acusação de que o ministério de Jesus era satânico. Esse pensamento já repudiava a revelação de Deus, negando Sua atividade dentro do ministério de Jesus. Pretendia confundir totalmente os conceitos de bem e mal ou de certo e errado. Ao rejeitar a graça de Deus, eles intencionalmente se excluíam de Sua bênção. Porque diziam: Está possesso de um espírito imundo.

3:31-35 Nisto, chegaram sua mãe e seus irmãos à porta e, tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo. Do lado de dentro muita gente estava assentada ao redor dele, e o informaram que sua família estava lá fora procurando por ele.

É forte o contraste que o texto nos oferece, entre a posição de sua família do lado de fora e a multidão assentada ao redor dele. A presença da multidão talvez tenha impossibilitado a entrada de sua família, mas a linguagem não esconde a tensão que existia entre Jesus e a família. E não há razão para acreditar que o propósito deles de tirá-lo dali tivesse se modificado.

Jesus não falou diretamente com eles; contudo, não os ignorou. E, correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.

Ao redefinir a extensão de sua família, Jesus anunciou que ela não mais se limitava a seus parentes de sangue. Sua definição incluía todas as pessoas que estavam ao seu redor. Sua nova e ampliada família incluía todos aqueles que faziam a vontade de Deus. A inclusão da figura de irmã, juntamente com as de irmão e de mãe, é, entre outras coisas, um belo reconhecimento de que havia mulheres entre seus seguidores e discípulos. Embora Marcos depois não faça outra menção a mulheres, a não ser no final de seu livro, é animador saber que elas também estavam ali, o tempo todo.

Assim, a primeira das histórias intercaladas trata da natureza de Jesus e da fonte de sua autoridade. Ela vem após a história sobre a multidão e sobre a escolha dos doze que, obviamente, eram companheiros do Mestre. Dos companheiros espera-se receptividade, fé e compreensão. Os opositores de Jesus não expressavam essas qualidades. Como membros do grupo de opositores, as autoridades religiosas têm agora a companhia de pessoas da própria família de Jesus.

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