Há anos, estive envolvida numa relação lésbica que durou algum tempo. Eu achava que esse relacionamento era uma expressão natural de amor. Eu também era cristã e procurava um crescimento espiritual e durante algum tempo mantive os dois conceitos a respeito de mim mesma, cristã e lésbica. Todavia, o desejo de crescimento espiritual e finalmente me levou a desistir desse estilo de vida.
Ao olhar para o espelho, o que você vê: estereótipos ou qualidades espirituais? Tais qualidades não estão vinculadas a um gênero específico, ou a idade, ou a um grupo ético. Todos expressamos a Deus. Essa é nossa verdadeira identidade.
Durante o período em que participei da comunidade gay, ocasionalmente ouvia outros cristãos falarem sobre a necessidade de curar o homossexualismo. Eu pensava sobre isso, mas nunca ouvi um argumento sólido sobre o motivo pelo qual meu estilo de vida seria pecaminoso ou incompatível com o cristianismo. Descobri que a maioria dos homossexuais não acham que o relacionamento com alguém do mesmo sexo, baseado no respeito mútuo, necessita de cura, especialmente quando ambos os parceiros desempenham um papel significativo no próprio trabalho, na comunidade e na própria igreja. Essa era minha opinião, também. Não importava quantas vezes ouvisse dizer "é pecado" ou "a Bíblia condena o homossexualismo", minha opinião não iria mudar. Na verdade, eu questionava por que as pessoas que se opunham a nós não podiam simplesmente demonstrar mais tolerância e apoio.
Ponderei essas questões por algum tempo, mas não encontrei resposta. Acabei, porém, por descobrir algo diferente. Embora a homossexualidade me parecesse natural, descobri que, na verdade, ela estava limitando meu crescimento espiritual e tudo o que resulta dele. Isso era grave, pois eu estava acostumada a buscar a ajuda de Deus freqüentemente, e a confiar na oração para atender às minhas necessidades. Quando tentava orar sobre algum problema físico ou uma dificuldade no trabalho, ou sobre algum outro problema, cada vez mais eu sentia como se houvesse um muro entre mim e Deus. Assim, confiando nEle, encontrei coragem para fazer o que sentia ser o melhor para continuar progredindo espiritualmente — e terminei o relacionamento. Isso foi muito difícil, especialmente no início, mas sentir-me separada de Deus tinha sido ainda mais difícil. Nessa altura, algumas valiosas lições espirituais ficaram claras para mim.
Compreendi, através de minha experiência, que o homossexualismo, em realidade, não é uma característica da identidade da pessoa, pelo contrário, é uma reação à maneira como ela vê a si mesma. Essa percepção me levou a procurar uma explicação espiritual para minha atitude. Em Ciência e Saúde, eu li: "A Ciência Cristã explica que toda causa e todo efeito são mentais, não físicos... Mostra a relação científica do homem para com Deus, deslinda as ambigüidades entrelaçadas do ser, e liberta o pensamento aprisionado (Mary Baker Eddy, p. 114).
Nos anos que se seguiram, trabalhei para "libertar o pensamento aprisionado" e descobri as causas mentais que estavam por trás daquele meu estilo de vida. Por exemplo, eu havia usado o relacionamento lésbico como muleta, porque me sentia deslocada na sociedade. Ao passo que, com minha companheira, eu me sentia mais à vontade, então passava todo o meu tempo livre com ela. Nós tínhamos muita coisa em comum e mesmo pequenos detalhes — como a mesma força física — faziam-me sentir mais tranqüila.
Também descobri que sentia raiva e inveja dos homens. Parecia-me que os homens sempre estavam em vantagem e eu tinha de lutar constantemente para conseguir o que era meu por direito. Em resumo, eu tinha problemas de auto-estima, sentia raiva e inveja. No entanto, ao invés de curar essas características falsas, através da oração e do crescimento espiritual, eu havia tentado criar um mundo — uma relação "livre de pressões" — onde eu, supostamente, não precisaria enfrentá-los. Mas o relacionamento não poderia proteger-me para sempre.
Esse é a falsa promessa de um relacionamento homossexual. Para alguns, a homossexualidade é um "estilo alternativo de vida" que permite a expressão da individualidade e da liberdade. Eu descobri que é exatamente o oposto. Ele atrofia a expressão da individualidade e, na verdade, escraviza, pois permite que sentimentos como insegurança, medo e raiva permaneçam sem serem curados. Curar esses sentimentos, no entanto, permite que nossa verdadeira individualidade apareça e brilhe. Um relacionamento que esconde os sentimentos perniciosos, carece da alegria que brota da vitória sobre esses inimigos. Falta-lhe a alegria de uma vida que inclui a completa expressão da individualidade que nos foi dada por Deus.
Mary Baker Eddy afirma: "Que apareçam 'o macho e a fêmea' da criação de Deus" (Ciência e Saúde, p. 249). Tendo sido curada da falsa tendência de preferir que somente "a fêmea e a fêmea" aparecessem, enfrentei os medos e a insegurança e comecei a curá-los. Quando, por exemplo, sou tentada a acreditar que não sou capaz de enfrentar determinada situação, eu não me escondo, mas ao contrário, volto-me a Deus, em oração, para compreender o domínio que Deus me deu sobre a incapacidade.
Além disso, a raiva e a inveja que sentia em relação aos homens, desapareceram depois que aprendi a apreciar os papéis complementares que homens e mulheres desempenham ao expressarem bondade, espiritualidade, enfim, todas as qualidades de Deus. Também cresci para reconhecer minha própria inteireza e competência como filha de Deus e estou agora muito bem casada com um homem que apóia meu crescimento espiritual. Ao abandonar características indesejáveis, conquistei a liberdade espiritual e a capacidade de expressar qualidades espirituais, sem a obstrução de um relacionamento baseado em sentimentos como a raiva e a insegurança, que não fazem parte da semelhança de Deus.
Minha experiência também me proporcionou uma nova perspectiva de como responder à homossexualidade de maneira geral. Nossa atitude para com qualquer pessoa que estiver enfrentando essa questão, deve estar baseada no amor, na compreensão espiritual e na compaixão, nunca no medo, na incompreensão ou no preconceito. Uma atitude de amor precisa ver todas as pessoas de maneira correta, afirmando sua identidade verdadeira de filhos de Deus e também negando que haja algum poder em limitações auto-impostas.
Não é hipocrisia amar alguém e não aceitar seu estilo de vida, particularmente quando o estilo de vida inibe a liberdade espiritual. Vejo agora que a simpatia e a tolerância que eu havia desejado inicialmente, não teriam sido benéficas para mim, nem me teriam libertado.
Todos precisam achar relacionamentos que não imponham limites ao crescimento espiritual. Descobri que essa liberdade não pode vir de um relacionamento sexual com alguém do mesmo sexo. A cura do homossexualismo abre a porta para uma maior confiança em Deus e, por conseguinte, para uma maior capacidade de usufruir alegria e liberdade espiritual. Ninguém deve ser privado dessa bênção.
