Não faz muito tempo, alguém me perguntou se eu já havia notado quantas vezes as doenças são vendidas ao público. À primeira vista, isso me causou surpresa. Vender a doença? Mas, depois de minha amiga ter feito esse comentário, comecei a prestar atenção aos anúncios publicitários e constatei que ela estava certa.
Além dos anúncios de produtos relacionados a certas doenças, a televisão apresenta reportagens com descrições detalhadas de doenças, possíveis tratamentos e estatísticas sobre sua cura e sua incidência. O que realmente chamou minha atenção, porém, foi um artigo de um jornal bem conhecido, sobre um anúncio publicado numa revista dirigida a pessoas de alto poder aquisitivo, na Arábia Saudita. O anúncio, pago por uma clínica americana, mostrava a foto colorida de um alegre cliente, usando o traje típico do Oriente Médio.
Esse anúncio relatava o terrível dia, na vida desse homem, no qual sofrera um infarto e procurara aquela clínica para tratamento. Descrevia uma operação bem sucedida e explicava que a clínica podia ajudar outros com o mesmo problema. O artigo do jornal revelava, porém, que o "paciente" da foto não era, na realidade, um paciente. Ele era "uma figura fictícia ... seu depoimento era a invenção criativa de um publicitário do Oriente Médio". Sua história era uma "combinação biográfica", inspirada em casos semelhantes.
Em resumo, através da descrição de detalhes da doença e de seus sintomas, com a ajuda de um modelo fotográfico, eles estavam vendendo essa doença ao público incauto. Foi aí que eu comecei a compreender um pouco melhor o que minha amiga queria dizer com a "venda da doença".
Embora o enfoque varie, dependendo do anúncio, muitas vezes há uma fronteira tênue entre informar o público sobre uma doença e verdadeiramente encorajá-lo a aceitar certos sintomas como algo "normal" na vida humana. Por exemplo, aparecem vários anúncios referentes a gripes e resfriados, quando se aproxima o inverno, como a criar uma expectativa de que a doença seja inevitável.
O fato mais importante e não divulgado, é que a doença não é inevitável e que ela pode ser evitada, se ficarmos atentos ao que pensamos e aceitamos como lei biológica. Encher a mente humana com descrições de doenças, debilidades ou desordens físicas, faz com que as pessoas fiquem aterrorizadas. Temer ou valorizar algo, faz que fiquemos sujeitos a ele.
Mary Baker Eddy, a autora de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, um livro que explica a terapêutica espiritual e a prevenção e cura da doença, escreve: "Por que declarar que o corpo está doente e descrever essa doença à mente, como quem estivesse saboreando uma guloseima, mantendo-a sempre diante do pensamento tanto do médico como do paciente? Devemos compreender que a causa da doença vinga na mente humana mortal, e que sua cura vem da Mente divina imortal. Devemos impedir que as imagens da doença tomem forma no pensamento, e devemos apagar os contornos da moléstia já delineados nas mentes dos mortais" (pp. 174-175).
Considero a oração uma eficiente maneira de impedir que imagens de doenças ganhem terreno no meu pensamento. A oração me permite aceitar somente aquilo que eu desejo se manifeste em minha vida. Faz com que o pensamento se concentre em tudo o que foi criado por Deus, o bem, afastando as imagens de doença e seus sintomas. A oração nos possibilita discernir espiritualmente o que é bom e está baseado na lei divina do Amor. Isso impede a doença de aparecer na consciência e de tentar governar nossa vida.
Ao contrário do que diz a crença popular, a causa da doença não está na matéria, nem é o resultado de condições físicas. A causa da doença é inteiramente mental, como explica a Christian Science. Ela se origina primeiramente no medo. É por isso que ela precisa ser tratada através daquilo que elimina o medo.
A compreensão espiritual faz isso, ao nos dar a convicção de que Deus, o bem, é a fonte e o preservador de toda verdadeira existência e de que o homem — o nosso verdadeiro ser — é feito à semelhança de Deus, inteiramente bom e espiritual.
Se estivermos inundados por imagens de doenças, não precisaremos temer nem valorizar nenhuma delas. Elas podem ser eliminadas através do pensamento espiritual correto — pensamentos de Deus, da Mente divina, que vêm a nós pela oração. Cada um de nós é responsável por aceitar ou rejeitar o que for dessemelhante de Deus, o bem. Portanto, é tarefa nossa ter certeza de que estamos livres da ilusão de imagens perturbadoras e de predições alarmantes. Para isso, volvemonos nos em oração à fonte de tudo o que é real e verdadeiro — e isento de doenças — Deus, a Mente divina.
Muitas vezes, quando estou enfrentando a tentação de acreditar na doença, recorro ao Salmo 91 como base de minha oração. Os versículos 1, 2 e 10 me ajudam a lembrar onde todos nós, na realidade, habitamos: "O que habita no esconderijo do Altissimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio ... Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda."
Para mim, a recomendação de "habitar" significa manter meu pensamento em Deus. Ajuda-me a lembrar que, como filhos de Deus, cada um de nós está à Sua sombra e aos Seus cuidados. Declarar esses fatos em minhas orações, fortalece minha confiança em Deus. O medo desaparece. Tenho a certeza de que nenhum mal pode vir a atacar-me.
O homem está sempre no "esconderijo do altissimo", onde não há compra e venda de doença e onde estamos seguros.
Cada versículo do Salmo 91 pode servir de orientação para orar. Afirmar que Deus é nosso refúgio e fortaleza não é só um bom pensamento positivo. Mais do que isso, significa ceder à força de Deus, reconhecendo nossa coexistência com Ele. Quando nos volvemos a Ele em nossas orações, pedindo ajuda, comprovamos que Sua "verdade [é nosso] pavês e escudo" (versículo 4) — nossa proteção contra a doença e todo mal. Nós sentimos Sua presença. Aliás esse Salmo nos inspira a não ter medo, a apoiar-nos em Deus.
Estar em comunhão com Ele, coloca nossos pensamentos e nossa vida sob Seu governo. Isso dissipa o medo. Refuta qualquer poder oposto ao Seu poder e conforta-nos. Às vezes, nossas orações são simples e humildes petições. Outras vezes, podem ser declarações fervorosas do todo-poder de Deus. Qualquer forma que tiverem, quando são fundamentadas espiritualmente, estão cheias de poder e trazem consigo a boa vontade de Deus para com todos.
Mantenho um versículo no pensamento: "Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos" (versículo 11). Os anjos de Deus são Seus pensamentos, Sua direção, Sua proteção. Reconhecer Seu controle sobre mim, ajuda-me a sentir Sua presença e poder. Não estou sozinha, lutando. Ao contrário, estou sempre com Deus, que me guarda em Seus caminhos.
Essas são apenas algumas maneiras de orar, usando o salmo 91. Ele está repleto de versículos de cura. Não importa o que estejamos enfrentando, podemos compreender espiritualmente que o homem, o filho de Deus, está sempre "no esconderijo do "Altíssimo", onde não há compra e venda da doença. Esse é o estado de consciência, onde permanecemos em segurança.
