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Acaso somos o que os genes determinam?

Da edição de junho de 2000 dO Arauto da Ciência Cristã


"A idéia de que algo tão complexo como um ser humano possa ser destilado para dentro de um tubo de ensaio é naturalmente absurda", escreveu James Shreeve, num artigo da revista National Geographic, intitulado: "Segredos do gene" (outubro de 1999). Para essa reportagem, Shreeve submeteu uma amostra de seu sangue a um laboratório de biotecnologia, a fim de determinar seu genoma, ou seja, a constituição do código genético que havia herdado de seus pais. Conquanto esse procedimento não seja comum ainda, é corrente dizer-se que logo se tornará prática generalizada.

Ao contemplar seu DNA pela primeira vez, Shreeve refletiu: "Apesar de tudo, o pálido resíduo contido neste pequeno frasco contém as linhas mestras que nortearam o desenvolvimento do meu corpo e do meu cérebro, desde o momento em que fui concebido. Ele contém o registro detalhado do meu passado ancestral e, até certo ponto, uma previsão do meu futuro. Ele é virtualmente imortal, um fio que liga esta vida a toda a vida que já existiu ou que ainda venha a existir."

De certa forma, presume-se que uma análise do DNA da pessoa possa delinear o tipo de vida que ela pode esperar, inclusive sua capacidade mental e sua suscetibilidade a certas doenças, algumas das quais graves. Shreeve se perguntou: "Até que ponto eu sou os meus genes?"

Até que ponto nós somos nossos genes? No limiar do século XXI, que promete dar mais ênfase à genética, ao DNA, à terapia genética, à engenharia genética, ao mapeamento do genoma e até mesmo à clonagem, não seria essa uma pergunta que todos nós precisamos nos fazer? As ciências físicas e biológicas têm se baseado constantemente na presunção de que o homem seja, em essência, material — uma massa de átomos interativos. A matéria organiza-se ostensivamente numa hierarquia de estruturas, partindo de átomos para moléculas orgânicas complexas, até células individuais e órgãos, membros e outras partes do corpo. No centro de tudo isso está a molécula de DNA, na qual estão codificadas as instruções para o funcionamento interno das células. Alega-se que o DNA forma também a base para a transmissão dos traços individuais de uma geração a outra. Os cientistas admitem que, conquanto cada um de nós seja individual, nossa genealogia pode ser traçada através da linhagem genética. E mais, alguns sugerem que nossas capacidades e nossas propensões a certas doenças foram predeterminadas pelo código genético de nossos ancestrais.

Naturalmente, essa noção da vida é inteiramente material e sugere abordagens puramente materiais para a prevenção e cura da doença. Para as doenças consideradas de origem genética, médicos e pesquisadores estão procurando maneiras de reparar os genes defeituosos ou de impedi-los de passarem para a geração seguinte. A maioria admite, entretanto, que esses procedimentos abririam uma espécie de caixa de Pandora de possíveis efeitos colaterais. Mais importante ainda, o debate sobre se e até que ponto podemos interferir nos nossos genes, abre espaço para a pergunta: "Será que uma visão estritamente material da vida e da saúde poderá ser a panacéia para salvar a humanidade de todos os males a que está sujeita?"

Uma pensadora, na virada do século XX, questionou a teoria de que a vida fosse fundamentalmente material. Mary Baker Eddy descobriu e provou que a vida — nosso ser real — não é, em realidade, material, mas inteiramente espiritual. Seu raciocínio científico baseia-se no fato de que o homem é criado por Deus, o Espírito divino, conforme deixa claro o primeiro capítulo do Gênesis, na Bíblia. Ele diz: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gênesis 1:27). Esse é um dos dois relatos distintos e contraditórios da criação, encontrados no Gênesis.

O segundo relato sobre a criação diz: "Formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra" (2:7). Essa visão da criação como originária do "pó da terra", expressa a crença fundamental de que a vida esteja na matéria. Ao invés de raciocinar cientificamente a partir do fato de que Deus, o Espírito, é o Princípio divino de toda a criação, tal crença raciocina a partir de uma base estritamente material, presumindo que o homem tenha sido criado materialmente e que ele perpetue a vida através de meios materiais. Essa perspectiva baseada na matéria tomou diferentes formas ao longo dos séculos, mas permanece até hoje relativamente inalterada em sua essência. A genética é apenas uma nova variação da mesma velha história.

Compreender nossa natureza espiritual dissipa a noção de que sejamos escravos dos genes e permite-nos descobrir nossa identidade eterna.

Mary Baker Eddy e aqueles que estudaram seus escritos e praticaram seu método de cura compreenderam a impossibilidade de ambas as noções sobre a criação, a espiritual e a material, estarem corretas. Em seu livro Unity of Good, a Sra. Eddy escreve: "Uma molécula, como matéria, não é formada pelo Espírito; pois o Espírito é unicamente consciência espiritual. Por isso, essa consciência espiritual não pode formar nada dessemelhante de si mesma, isto é, do Espírito, e o Espírito é o único Criador. O átomo material é uma falsidade delineada pela consciência, que só pode reunir provas adicionais de consciência e de vida, acrescentando mentira sobre mentira. A esse processo dá o nome de atração material e dota-o com a dupla capacidade de criador e criação.

"Desde o princípio, essa mentira foi a testemunha falsa contra o fato de que o Espírito é Tudo, fora do qual não há nenhuma outra existência" (pp. 35-36).

Pensar sobre um átomo como "uma falsidade delineada pela consciência" que acrescenta "mentira sobre mentira", revela a falácia da noção material de vida incorporada pela genética. Se a linhagem ancestral e o futuro de uma pessoa podem, em grande escala, ser reduzidos ao genoma recebido de seus pais e de seus ancestrais, como seria o deus dessa criação? Seria redundante em vez de infinito, um parente distante em vez de ser o Criador infinitamente individual, sempre presente. E não seria inteiramente bom — o Deus que a Bíblia nos diz que é Amor (ver 1 João 4:8).

Ao contrário, reconhecer que o homem de Deus (e a mulher está incluída nesse termo) é espiritual, coloca em dúvida a validade de todas as conclusões baseadas na genética, sobre nossa origem, nossa vida e nossas perspectivas. Isso também nos liberta para descobrirmos nossa natureza espiritual, infinita, que não está sujeita aos caprichos da matéria. Compreender nossa natureza espiritual dissipa a noção de que sejamos escravos dos genes, permite-nos descobrir nossa identidade eterna, e revela nossa atual perfeição espiritual.

Através de sua descoberta do fundamento espiritual da vida, Mary Baker Eddy foi capaz de curar, e ensinar os outros a curar, doenças que hoje seriam atribuídas a uma causa genética. Entre as curas registradas em sua época, estão problemas cardíacos, doenças mentais, cataratas, doenças dos rins, surdez, doenças do intestino, e várias formas de câncer.

Essa descoberta e a prática da cura estão baseadas na vida e nos ensinamentos do Mestre Cristo Jesus, que demonstrou não somente que podemos encontrar soluções espirituais para qualquer condição material com que nos defrontemos, mas também que, em última análise, podemos vencer inteiramente a crença na matéria como base da vida. A Sra. Eddy identificou em termos simples o que Jesus ensinou. Em sua obra principal, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ela escreveu que Jesus "foi quem melhor compreendeu a nulidade da vida e da inteligência materiais e a poderosa realidade de Deus, o bem, que inclui tudo. Eram esses os pontos cardeais da cura-pela-Mente, isto é, da Ciência Cristã, que o armaram de Amor" (p. 52).

A cura das doenças acontece hoje exatamente como no tempo de Jesus, através da compreensão desses dois pontos cardeais. Incluídos em todos os números desta revista e de outras publicações da Christian Science, estão relatos comprovados de pessoas que foram curadas de problemas como dificuldade de audição, câncer, HIV, efeitos de derrame, infarto e diabetes. Aliás, essas revistas registraram mais de cem anos de êxito na cura de tais doenças, através da oração.

A realização dessas curas assenta na percepção de Deus como o único Criador. Quando chegamos a compreender essa idéia do único Criador como Espírito, então percebemos que a verdadeira substância da criação é inteiramente espiritual e semelhante a Deus. É útil também negar a validade de todas as causas ou consequências associadas à doença, inclusive a crença de que seja predeterminada. Além disso, precisamos desviar nosso olhar da visão falsa, ou ilusão, apresentada pelos sentidos materiais, a fim de que possamos perceber a identidade espiritual da pessoa, sempre perfeita e eterna, à semelhança do único Criador. Quando estabelecemos firmemente nossa concepção de vida baseada no Espírito, não na matéria, e sentimos a presença de Deus, o Amor divino, todo o medo da doença diminui até desaparecer inteiramente. A cura resulta da destruição do medo e da espiritualização da consciência.

Se reconhecêssemos e compreendêssemos completamente que os homens e as mulheres nunca nasceram realmente na matéria, que fardo poderia ser eliminado! Isso significaria o fim das doenças e características hereditárias. A visão falsa da criação causa uma grande devastação em nossa vida, por convencernos de que estamos presos a um futuro que foi predeterminado por nossos ancestrais. Desde a época do profeta Ezequiel, pensadores espiritualizados perceberam a necessidade de afastar a crença em características hereditárias. Ezequiel relata que Deus lhe disse: "Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, jamais direis este provérbio em Israel" (Ezequiel 18:2, 3). Nós não temos de aceitar a crença de que a nossa vida seja predeterminada por nossos pais ou pelos pais deles.

Tive a oportunidade de provar a falta de poder das características hereditárias, alguns anos atrás. Quando eu tinha cerca de vinte anos, minha mãe se defrontou com um câncer na mama e sucumbiu a ele. Isso já me deixou com medo de até mesmo pronunciar essa palavra. Mais tarde, soube que os filhos de vítimas de câncer eram frequentemente vitimados pela mesma doença, o que me aterrorizou ainda mais. Alguns anos depois, senti os mesmos sintomas que minha mãe tivera. Isso me deixou com muito medo, sentia-me como se tivesse sido sentenciada à morte. Nessa altura, chamei um praticista da Christian Science e pedi tratamento pela oração.

Durante os dias e semanas que se seguiram, orei diligentemente para ser fiel a Deus, para vê-Lo como Espírito e como meu único Pai. Procurei ver a mim mesma à Sua imagem, como Sua idéia espiritual, que nunca havia estado na matéria nem fora tocada por ela. Aprendi que não existe nada na minha constituição — que na verdade é inteiramente espiritual — que pudesse tornar-me suscetível a uma doença invasiva. Considerei as qualidades de pensamento que havia herdado de meu verdadeiro Pai, Deus, e pude perceber que a minha substância é composta por essas qualidades e não por genes.

Ouvimos tantas vezes o comentário inconsequente: "Está em seus genes", como a significar que a pessoa está inevitavelmente relegada aos altos e baixos da linhagem ancestral. Eu sabia que tinha de escolher entre uma visão material e uma visão espiritual de minha vida. O que aprendi com essa experiência foi que a nossa herança vem de Deus, o Espírito, e não de um pai ou de uma mãe materiais, mortais. E uma vez que nosso bem-estar está unicamente sob o governo de Deus, não resta nenhum espaço para células independentes ou algo destrutivo que pretenda nos privar da saúde ou da felicidade. Quando me aprofundei mais no conhecimento de minha identidade espiritual, todo o medo da suscetibilidade a essa temida doença simplesmente desapareceu. Não posso dizer precisamente quando os sintomas sumiram, porque não estava mais pensando neles, mas a cura ocorreu há cerca de quinze anos e nenhum sintoma reapareceu.

A matéria, "o pó da terra", sempre começa com limites, mesmo na sua menor partícula. Como é que sabemos que um átomo existe? Pelos seus contornos, seus limites. É por isso que ele é "uma falsidade delineada pela consciência". A premissa de que nosso genoma constitua nossa identidade e nosso destino, meramente acrescenta "mentira sobre mentira". O homem, criado na semelhança de Deus, é, necessariamente, espiritual porque Deus é Espírito. Quanto mais vermos a nós mesmos através do microscópio do Espírito, e não da matéria, melhor compreenderemos a natureza da nossa herança.

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