"Você acredita em Deus?" Se consultarmos nosso coração para responder a essa pergunta fundamental, nossa vida poderá se transformar.
Eu me fiz essa pergunta num período decisivo de minha vida, quando estava grávida de meu primeiro filho. Refleti sobre como eu iria educá-lo. Acaso eu lhe ensinaria a crer em Deus? Eu desejava fazer o que fosse melhor para a criança, mas também tinha de ser honesta comigo mesma. Porventura eu acreditava em Deus? A busca de uma resposta a essa pergunta, resultou no meu próprio renascimento.
A fé e a confiança que tanto tinham me ajudado quando eu era menina, haviam-me abandonado. Agora eu ansiava por sentir novamente aquela fé pura. Foi inútil eu abordar a questão do ponto de vista intelectual. A resposta tinha de vir do coração, de uma convicção interior profunda. Como a Verdade é o centro de tudo o que é rela e bom, a busca dependeria de eu estar atenta: o que estaria dizendo a voz interior?
Eu estava à procura de um explicação mais espiritual sobre Deus. Ele tinha de ser tudo ou nada; não poderia haver um meio termo. Isso exigia algo muito radical. Eu sabia o que era, mas será que teria a coragem de seguir esse caminho?
Eu conhecia o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. Sabia que pessoas haviam sido curadas pela simples leitura desse livro. A autora, Mary Baker Eddy, uma mulher que pensava espiritualmente e tinha uma mentalidade adiantada para a sua época, curou numerosos casos de doenças incuráveis ou terminais, sem o uso de medicamentos. Ela chamou a atenção da humanidade para a cura espiritual que Cristo Jesus e seus discípulos praticaram há dois mil anos. Ela tinha idéias radicais sobre a natureza de Deus e do homem e sobre a essência da matéria. Eu senti que o livro me atraía, me chamava, e que tinha de lê-lo, de capa a capa.
Redescobrir Ciência e Saúde foi como reatar a amizade com um velho amigo. Tomei, porém, a resolução de não me deixar influenciar por nenhum preconceito; absorvi as palavras e deixei que o livro falasse ao meu coração sedento.
Cada vez mais eu percebia que ali estava a verdade, pois falava do puro Espírito. Com frequência, as palavras são inadequadas para expressar a espiritualidade, por isso a pessoa tem de estar atenta ás idéias por trás das palavras, e as idéias vinham rápidas e abundantes. Consegui ter mais compaixão e colocar-me no lugar dos outros, em vez de ser tão egocêntrica. As coisas do Espírito eram importantes e, se eu lhes desse valor, tudo o mais seria bem melhor.
"Que segurança existe na matéria?" perguntava-me. "O que aconteceria se eu perdesse tudo? Como é que eu ficaria? O que eu faria?" Logo me vinha a resposta: "Se a terra se abrisse e todas as coisas que eu amo e aprecio caíssem num abismo, eu ainda teria o Espírito, a fonte de todo o bem e de toda a felicidade. Eu ainda teria o que realmente importa."
Os seguintes trechos do livro foram especialmente inspirativos para mim: "A felicidade é espiritual, nascida da Verdade e do Amor" (p. 57) e "Cada fase sucessiva de experiência desenvolve novas perspectivas de bondade e amor divinos" (p. 66).
Apesar de tudo o que eu tinha para ser grata, eu ainda sentia um vazio tedioso, um vácuo espiritual. Agora esse vazio estava sendo preenchido por uma nova percepção das coisas.
Esse despertar proporcionoume um sentido do meu valor e do meu propósito. Eu podia, de fato, valorizar-me. Eu estava descobrindo uma nova identidade, não tanto como esposa e futura mamãe, mas como uma filha espiritual de Deus. Achei a equiparação com o Espírito realmente emocionante.
À medida que eu continuava a minha pesquisa espiritual, comecei a perceber todas as coisas de maneira diferente. Confiança e alegria substituíram temores e incertezas. O mais importante para mim foi aprender a ser desprendida (um aprendizado que continua). Comecei a ver os outros numa dimensão espiritual, como idéias individuais da Mente divina única, da consciência universal. Essa atitude estava me libertando dos conceitos errôneos de que as pessoas pertencem umas às outras ou de que são capazes de controlar umas às outras. No desprendimento, encontrei a verdadeira forma de amar.
Esse aprendizado me emancipou mais do que qualquer outra coisa que eu aprendera antes. Ao amar de maneira espiritual, você nunca perde nada nem fica magoado. Quando surgem desafios emocionais, o amor desprendido e espiritual elimina as imposições do medo, do senso de posse, do ciúme ou do ressentimento. Eu só prejudicava a mim mesma, quando ficava ofendida ou irritada. Eu podia dizer não a essas imposições.
Num outro livro seu, a Sra. Eddy fez a seguinte afirmação surpreendente, resumindo o novo nascimento que nos espera a todos — um alegre nascimento que nunca cessa: "A renúncia a tudo o que constitui um assim chamado homem material, e o reconhecimento e a realização de sua identidade espiritual como filho de Deus, é a Ciência, que abre as próprias comportas do céu; de onde o bem flui por todos os canais do ser, limpando os mortais de toda impureza, destruindo todo sofrimento e demonstrando a verdaderia imagem e semelhança" (Miscellaneous Writings, p. 185).
O nascimento de meu filho tornou-se também o meu renascimento. Foi um alegre começo: nós dois emergindo para uma nova vida com base no Espírito! Não havia mais dúvida quanto ao que eu lhe ensinaria. De todo o meu coração aceitei o Deus que é Amor e nunca me arrependi.
