Eu gosto da época do Natal. Gosto de ver tudo enfeitado, as casas, as lojas, as ruas. A beleza das luzes coloridas nos dá um senso de alegria. E, claro, temos as músicas tradicionais que não nos cansam nunca, ainda que repetidas todos os anos.
Em nossa sociedade, muitos conhecem a história do Natal: o nascimento de Jesus, os anjos que o anunciaram aos pastores, a visita dos Reis Magos. É uma história bonita, mas o que tem ela a ver com a nossa vida? Será que, daqueles fatos, podemos extrair lições para o nosso dia-a-dia?
O livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, da Sra. Eddy, ajuda-nos a ver que os relatos da Bíblia sempre têm alguma mensagem de efeito prático, válida para qualquer época. Em certo ponto desse livro, a autora diz que a Bíblia pode se tornar o “mapa náutico da vida, no qual estão assinaladas as bóias e as correntes curativas da Verdade” (p.24).
Na história do Natal, um ponto que chama a atenção é a disposição de Maria de aceitar aquilo que o anjo lhe disse, isto é, que ela teria um filho exclusivamente pelo “poder do Altíssimo”, embora isso parecesse totalmente contrário à chamada “ordem natural das coisas”. Ela admitiu que seria possível aquilo que parecia humanamente impossível. O anjo lhe disse: “Para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas” e ela respondeu: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lucas 1:37, 38). Essa disposição de Maria foi o início de uma série de fatos maravilhosos.
Guardadas as devidas proporções, nós também somos muitas vezes chamados a admitir a possibilidade de coisas que parecem impossíveis, para que daí nos venham as bênçãos que desejamos receber. Foi o que aconteceu comigo há alguns anos.
Graças a um acordo trabalhista, eu havia recebido uma quantia significativa de dinheiro. Devido ao índice elevadíssimo de inflação que havia no Brasil na época, era necessário investir imediatamente o dinheiro, pois a desvalorização ocorria com muita rapidez. Eu queria e precisava comprar uma casa para minha família, mas a quantia que recebera não era suficiente para isso. Pensei em comprar um terreno e, mais tarde, vendê-lo. Assim, juntando com algum dinheiro que eu conseguisse guardar, quem sabe chegaria a comprar a tão sonhada casa.
Comentei esse projeto com uma amiga Cientista Cristã e ela me disse imediatamente: “Por que não comprar a casa agora mesmo?” Ela disse isso com tanta autoridade que me surpreendeu. Lembrou-me daquilo que a Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde: “O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana” (P. 494). A moradia é uma necessidade legítima. Minha amiga também me lembrou de que não há limitações para Deus, o Amor divino, pois Ele tem recursos infinitos que não são afetados nem pela inflação nem por nenhuma circunstância material. Essas afirmações foram para mim como um anjo, anunciando algo que me parecia impossível, mas possível para Deus. Comecei a acalentar essa idéia.
Eu trabalhava muito e não tinha tempo de procurar imóveis, mas logo uma pessoa da família disse que uma casa estava à venda na rua em que ela morava. O proprietário residia em outra cidade e só falei com ele pelo telefone. O preço que estava pedindo correspondia ao que eu tinha em mãos! Fechamos o negócio verbalmente e ele ficou de vir logo a São Paulo para formalizar a venda. Os meses foram passando e em cada data que ele marcava, não comparecia. Lembrei-me dos Reis Magos, de como eles confiaram e perseveraram em seguir a estrela e em como continuaram em busca, mesmo quando a perderam de vista. Eu também poderia seguir confiando na inspiração e na orientação divinas que haviam me conduzido até esse ponto. Sabia que a obra de Deus nunca fica pela metade.
Tendo-se passados tantos meses, porém, um dia o proprietário disse que o preço seria outro, bem maior. Respondi que eu não tinha aquela quantia e que ele estava, portanto, livre para vender a casa a outra pessoa.
Resisti à tentação de ficar magoada, embora ele não tivesse agido corretamente comigo. O Natal estava próximo e eu procurei manter meu pensamento no Amor divino, que ficara patente por ocasião do primeiro Natal, aquele Amor que providenciou pousada para Maria e José e que protegeu o Menino de todos os perigos. Eu sabia que esse mesmo Amor continua a cuidar de nós e a satisfazer as nossas necessidades.
Logo depois das festas de fim de ano, o proprietário me telefonou e disse que ele e a esposa haviam decidido vender a casa para mim, pois tinham ficado impressionados com a minha atitude durante todo aquele tempo. E eu consegui pagar a casa à vista. Minha família e eu moramos nessa casa até hoje.
A cada Natal, lembro-me de que o mesmo Deus e Pai que há mais de dois mil anos tornou possível aquela maravilha do nascimento de Jesus, continua efetuando maravilhas em
