No dia em que ocorreram os ataques terroristas em Nova York e Washington, D.C., a equipe radiofônica do Sentinel reuniu três pessoas que praticam a cura por meio da Christian Science, para falar sobre a resposta espiritual ao terrorismo. O Diretor do Programa de Rádio, conversou com Redatora das revistas que a Sociedade Editora da Christian Science publica e praticista da Christian Science; também praticista e Tesoureiro d'A Igreja Mãe; e um praticista de Idaho, Estados Unidos. A entrevista transmitida no programa de rádio do Sentinel pode ser ouvida, em inglês, pela Internet no site www.tfccs.com. Apresentamos abaixo alguns trechos dessa entrevista:
Russ Gerber: Qual a mensagem de conforto que vocês teriam para os familiares e amigos daqueles que perderam a vida na tragédia nos Estados Unidos, bem como em outros ataques e atos de violência ocorridos nos últimos meses em todo o mundo?
Walter Jones: Uma das primeiras coisas em que pensei foi no Sermão do Monte, a mensagem confortadora transmitida por Jesus: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. Existe uma fonte de conforto, que está disponível a todos, e que é a compreensão do amor de Deus, que pode transcender esses acontecimentos.
Mary Trammell: Pensei no Salmo 91, em especial no trecho que diz: “Ele o cobrirá com as suas asas, e debaixo delas você estará seguro” (conforme a Nova Tradução na Linguagem de Hoje). Esse “Ele” refere-se a Deus, e fiquei pensando que o lugar seguro existe sob as poderosas asas de Deus. Eu pensava o tempo todo que cada uma das pessoas envolvidas nessas tragédias está sob as asas do Altíssimo.
Nate Talbot: Lembrei-me de um versículo bíblico que se refere a Emanuel ou “Deus conosco”. Em Ciência e Saúde Mary Baker Eddy refere-se ao conceito de Emanuel, e o descreve como “uma influência divina, sempre presente na consciência humana” (p. xi). Essa presença de Deus está aqui mesmo, na consciência humana. Podemos reconhecer que aqueles que estão mais próximos das cenas desses desafios também podem sentir essa influência divina. Ela tem de ser boa; tem de ter o poder de tranqüilizar e de abençoar.
RG: Após ações terroristas, surgem muitas perguntas sobre segurança, justiça e sobre como lidar com o sentimento de ódio. Talvez alguns até perguntem como Deus pode deixar que essas coisas aconteçam. Em meio à confusão e ao medo gerados pela tragédia, o que podemos fazer?
WJ: Em minha opinião, durante uma situação de medo, é necessário procurar a presença de Deus. O Salmo 46 foi muito importante para mim. Deus é um refúgio, fortaleza e uma ajuda bem presente nas tribulações. Esse salmo também traz uma mensagem poderosa: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”. Essa tranqüilidade de pensamento consiste em obedecer e não deixar que o pensamento fique muito voltado para os acontecimentos ou agitado devido a eles. É claro que queremos estar a par do que está acontecendo e esperamos que as pessoas envolvidas estejam recebendo a atenção de que necessitam. A melhor coisa que podemos fazer, se não estivermos fisicamente no lugar da tragédia para poder colaborar de forma prática, é ter essa tranqüilidade de pensamento e sentir verdadeiramente a presença de Deus.
NT: O Salmo 91 também diz que não precisamos sentir medo. “Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia”. Esta é uma ordem vigorosa: “Não te assustarás”. Isto é o que o terrorismo faz: incute ou instila o medo no pensamento.
Pode ser que muitos de nós acreditemos que, uma maneira de lidar com o medo, talvez seja sendo corajosos, fortes ou pró-ativos. Mas, duvido que exista alguma forma de sermos mais eficientes na destruição do medo do que utilizando o poder do Amor divino. A Bíblia diz que confiar no “perfeito amor lança fora o medo”. Não acredito que essa declaração se refira apenas ao amor de uns para com os outros, embora isso seja de importância vital em nosso mundo. Acho que ela está se referindo ao poder do Amor divino, ao poder de Deus, uma força poderosa que silencia e derrota o medo.
MT: Reagir a acontecimentos como esses com medo, raiva ou retaliação seria apenas entrar diretamente no ciclo do terrorismo.
Eu estava pensando: “Por que não estamos com medo? Por que sabemos que não podemos ter medo?” E então tive o seguinte pensamento: “Será que Deus foi destruído com o que aconteceu?” Eu sei que Ele não o foi. Sei que o Amor eterno, a Vida eterna, não foram destruídos. E se somos Seus filhos, também não podemos ser destruídos. Se Deus é eterno, nós também o somos. Acho que essa é a razão pela qual podemos não sentir medo.
Nenhum dos filhos de Deus pode ser destruído pela força material, porque eles são, em realidade, espirituais.
E eu sei, por experiência própria, que mesmo quando perdemos alguém muito próximo e muito querido, podemos sentir o poder de idéias como essas que estamos comentando, para trazer consolo tanto a nós quanto a outros entes queridos, e também para fazer-nos perceber que tanto nós quanto aquele que se foi estamos unidos para sempre no amor de Deus.
RG: Como e por que podemos nos sentir seguros?
NT: Gosto de pensar em Deus e reconhecer que com Ele sempre estamos seguros. Acho muito natural pensar em Sua própria natureza como a presença da segurança. E se vejo a mim mesmo como alguém feito à própria semelhança de Deus, conforme a Bíblia nos diz, então eu tenho um conceito mais desenvolvido de segurança, não uma noção de segurança falsa ou artificial, mas uma noção firmada, ou seja, fundamentada, na própria Verdade.
MT: Sei que algumas vezes, quando tive medo, o que mais me ajudou foi compreender que tanto eu quanto cada um de nós, somos realmente espirituais. Que o que é verdadeiro a meu respeito, não é o quanto tenho de altura, a cor dos meus cabelos e dos olhos, mas sim a maneira individual que Deus me deu para que eu O expresse. E eu sei que essa é que é a realidade a respeito de cada um de nós. Então, percebo que nenhuma força material é mais forte do que a constituição e as qualidades espirituais representadas em mim e em cada uma das pessoas. O fato fundamental é que o Espírito é tudo. Para mim, pensar dessa forma ajuda a vencer o medo.
RG: O que responder às crianças, quando elas perguntam por que as tragédias acontecem?
NT: Essa pergunta certamente deve ter sido feita por algumas pessoas quando Jesus foi crucificado. Por que Deus teria deixado aquilo acontecer? Parte da resposta está no fato de que nós consideramos toda a situação, não nos concentrando apenas no acontecimento. Naquela experiência tão difícil vimos a superioridade de Deus, porque o Amor divino é supremo. Portanto, acho que a resposta é que devemos prestar atenção ao que é possível, e ao que a experiência de Jesus nos mostra que é possível.
E existe uma grande lição a ser aprendida por aqueles que têm a sensação de que um ataque foi perpetrado contra a sociedade em realidade, Deus, o Amor divino, é que tem a última palavra.
WJ: Eu conversei com minhas próprias filhas sobre a necessidade de perceber evidências suficientes da vitória do bem sobre o mal, e também lhes disse que sei que o bem é o poder supremo. A conseqüência da crucificação foi a ressurreição, a vitória sobre o ódio e a raiva. Podemos, cada vez mais, vivenciar isso aqui e agora.
Um dos pensamentos mais importantes para mim, quando meu pai faleceu, e que ficou em minha consciência, foi que o bem permanece. As qualidades que eu sempre amei em meu pai permanecem, porque são qualidades de Deus, que é Espírito e que cada um de nós, cada um de Seus filhos, é Sua idéia espiritual, que expressa qualidades provenientes de Deus. Eu me senti confortado ao compreender que essas qualidades permanecem e que elas se originam em Deus. E certamente para mim é um consolo saber que Deus conhece e cuida de meu pai da mesma forma como Ele cuida de mim e da mesma forma como Ele cuida de cada um de nós. O erro não pode diminuir a bondade de Deus. O bem prevalece.
RG: Existem o bem e o mal?
NT: Nossos esforços para orar poderiam ser descritos como a luta sobre a questão do bem e do mal. E, na medida em que nosso pensamento se relaciona cada vez mais claramente com Deus, percebemos melhor Sua presença e Sua verdade e começamos a descobrir que, em realidade, não existem dois poderes. Não acredito que essa descoberta possa ser intelectual ou emocional.
É uma descoberta baseada na oração, que ocorre quando temos a humildade de reconhecer, passo a passo, que Deus, em realidade, é o único poder.
Como cristãos, temos algo único e poderoso para oferecer, ou seja, o Cristo, a natureza divina que Jesus expressava. E o Mestre nos mostrou que nós também podemos expressar esse Cristo, visto que já está em nós. O Cristo sempre vem para curar, salvar, abençoar. Podemos abrir nosso pensamento e acolher essa vinda do Cristo. A Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde que a natureza do cristianismo é pacífica e abençoada. E, no espírito dessa verdade, penso que podemos esperar que essas qualidades vençam tudo o que pareça opor-se a elas.
